quarta-feira, 18 de março de 2009

CARTA AO SUPOSTO PAI


Para minha amiguinha furiosa

REQUIEM PARA UMA REALIDADE
Quando se tem uma espada, pergunta-se para quê se tem uma espada.
Esta metáfora, inclusive a do senso comum, expressa perfeitamente o sentido deste texto.
Suponhamos que a Vida se reparte em 3 dimensões simultãneas à partir de 3 verbos, nascer, viver e morrer; os quais tanto pedem um sujeito apenas quanto todos, especialmente o indeterminado.
Podemos supor, ou somos obrigado por natureza humana, que repartimos o Tempo á partir daqueles verbos.
Esse é meu melhor uso da minha espada. O Verbo.
Espadas, facas e lanças, tanto quanto verbos, pronomes e substantivos tambem são objetos formais.
Por exemplo: Voce usa a espada para matar. O sujeito é o pronome, o verbo é 'matar' e o predicado, é o costume, a gente esconde.
Se não há morte, se faz questão enfeitar o predicado.
O meu verbo é incapaz de matar, nem por excesso nem por carência.
Quando pergunto-me para quê o tenho, respondo-me assim: para se viver, obviamente agora, antes me feria e amanhã serei lembrado por quem jamais fingiu ler ou ouvir meu Verbo.
O sujeito indeterminado para o verbo viver é a ruina do presente de cada pessoa.
Coloca-se o pronome (voce é a minha ruina) e tudo parece ficar bem na Natureza.
Então, para não variar tanto, colocamos os sujeitos, verbos e predicados dentro das medidas formais. Consequentemente para nos localizar no presente.
Nascer, para nós, vai ser sempre passado, e morrer no futuro.
Categorias existem, mas não posso abandonar o foco do texto.
Porquê sabemos que o sujeito indeterminado foi criado por Deus, pode-se chover, pode-se nascer e morrer à vontade.
Voce se ri, para ignorar e não enxergar, artifício para ser ignorado e invisível.
Exemplo simples: (nascendo eu via um herói vivendo).
Mais exemplos:
Gorette (os nomes são indiferentes, pessoas não) pipoca qualquer som de desprezo, para ignorar contraditóriamente porque cega, naturalidade para ignorantes de olhos que nada dizem.
Marta se ri (a mesma sabedoria do pai).
Tânia nada pipoca (milho da mãe).
A lista é enorme de exemplos de usos e frutos da inexcrútavel espada na interação com a língua.
Perdão, nomes só apontam os predicados, repito, no presente, mas não garantem sua permanência na memória.
A ruina é tão transitória quanto a suntuosidade, para a felicidade de todos.
Se (chover ao contrário), a frase se transforma em simulacro do otimismo.
Esse joguinho mais parece um embate sadomasoquista, portanto, nosso prazer é um cárcere do imperativo privado.
Faz-se necessário escapar, mas manter os sujeitos, os predicados e, agora, as proposições.
Eu sou viciado em ler até livros imaginários.
Eu, José. Sou, vivo. Viciado, alienado.
Se não me exponho para a sociedade, é porque jamais me confortei como sádico nem como masoquista, ou ambas covardias.
No tempo atual, repito mais uma vez, o presente, esta diferença (transparência) neste patamar psicológico é excluida.
A palavra patamar sugere tambem cobertura. Eu prefiro relação interpessoal.
Ambas licenças poéticas para lembrar Gilles Deleuze e suas outras 3 dimensões, totalmente conjugadas áquelas suposições inicias, altura, superfície e profundidade. Poucas pessoas comuns gostam de lê-lo, porque no momento que voce estuda seus livros para um propósito, torna-se incomum.
É assim que percebemos quanto os sentidos são invertidos pelo seus contrários.
O comum não deveria, mas é tratado como se fosse incomum, e vice e versa.
Finalmente, cheguei a um ponto excelente de ruptura satisfatória desta relação, o foco fenomenológico do texto.
Diz-se que é incomum escrever para um leitor impossível, sequer em braile, quando a impossibilidade extrapola a cegueira física.
Portanto, se eu continuar, dirão que sou muito comum, somente porque estarei incorrendo ao erro do animal de carga, que pode falar, falar, falar, ou rir tambem feito hiena, apesar desta não aceitar, nem por dinheiro, carregar a carga alheia, resumindo, qualquer animal irracional, tem liberdade e direito de fazer o que quiser, desde que carregue carga ou não atrapalhe a 'livre circulação de mercadorias'.
Voce é sua ruina, e jamais se aliena.
Foi a minha vez de bater palma para louco dançar, até breve.

Um mestre samurai, durante uma viagem estóica, contou-me que se foi o tempo das espadas. Para não ver a pólvora, incrédulo e honrado, aceitou a contradição, morreu-se.

terça-feira, 17 de março de 2009

Cazuza, Gonzaguinha, Betinho, etc., tentaram evitar a vitória das indiferenças

"Vê se ao menos me engole
mas não me mastigue assim"

Não queria parecer antipático nem
quero parecer antipático, quando não espero o senhor entender
"minha metralhadora de mágoas"

Se ninguem quer, eu tambem não quero ser o "cara" dentro de um escafandro
(não se irrite sempre, assisti uma parte do filme
The Diving Belland The Butterfly)
só imaginando as borboletas, voce me entende como irrita a imaginação

Eu leio seus poemas, tento parecer voce, dizendo para mim
e voce vivendo em meu mundo submerso

Todo esforço resulta em vão quando ao final só vejo alguem com intenções

E torço para voce escapar de mim, conseguir ser voce de sempre
e me perguntar, perguntas tolas, como eu mesmo faria
porque sabemos que só os tolos surpreendem uma honorífica sabedoria

Podemos viver sem intenções? Por que uma única intenção para tudo e todos? Isso existe?

As borboletas se atraem e os caras se traem, bobagem
próximo da idade do galo, acredito ser mais velho que voce, e tambem que não há velhos
mas somente autos e alheios julgamentos

A grande cagada de Kant foi criar um juizo prático depois da razão pura

Aceitamos ficar de fora da verdade, e o mais importante de tudo, felicidade
(tal postulado sempre existiu, não estou postulando agora, não perca a cabeça
nem vai gastar dinheiro à toa para recordar o que voce é) virou um truque, mentira
porque já não informa sentimento, e esconde bem os próprios desejos

E nós quase somamos mais um milhão de idéias sobre comunicação, e mais adiante
é da natureza humana, ficar cada vez mais ricos de idéias

Penso que seus amigos nos recusaram antes de evitar um forasteiro real e
apesar de especialistas em quase tudo, são ignorantes quanto as própria emoções

Creio que Camus disse algo, nunca o li, que o estrangeiro sempre vai querer o melhor
até deixar de ser o de fora, o de longe, o estranho que sempre acaba de chegar, um estranho

Então voce foi o único (confesso que temi) a apertar minha mão
e ela, voce sabe, me viu (fiquei muito feliz de ponta cabeça no escafandro)
e teve uma outra que não saiu da vidraça

"Sou forte, sou fraco e sou por acaso", em qualquer situação e me orgulho de precisar das pessoas bem mais do que de Deus ou modinhas intelectuais

Gostaria de terminar este requiem invertido e mal nutrido, lembrando tambem os outros dois "cariocas" que me fizeram a cabeça em tempo oportuno, Gonzaguinha e Betinho, este criou uma relação real entre amor e política, uma política com amor, e aquele mostrou a melhor maneira de deter toda forma de sofrimento, seja amoroso, social ou político, brigar pela liberdade

Os três não tinham pudor em declarar guerra o tempo todo contra tudo que... (que?)

Aquele abraço

domingo, 15 de março de 2009

Voce está chegando, Mulher

Não vou levar meu erro
além
vou transfomar
enfim
em ouro para comprar
então
seu BMW inconversível

Hoje presto atenção
semente
na sua atenção
somente
quero de fato viver
presente
enquanto voce querer

********************************************************

Deus e uma semente precisam morrer quando encontram terreno afim. A única maravilha lá aonde trabalho, exclusivamente na fábrica, são as plantas que nasceram nos muros. A vida está antes dos nomes, claro, até escuto voce sussurar no meu ouvido, que já saimos das cavernas. "Então te amo mais".

domingo, 8 de março de 2009

Deus e a poesia

Penso que jamais sai da família
que jamais sai dos poucos amigos
que jamais sai da cidade, do país
do mundo jamais sai porque
jamais sai de mim
parece ou pareço confuso, torpe
porque jamais tentei sair e
para abraçar apertado ou não, vil
ou não, amar tudo e todos
aqueles que jamais vão entender

***************************************************************

"(...) os casos (transversais) de necrofilia ou de antropofagia, em que certas hienas do meio literário aproveitam o silêncio de um autor morto para se banquetearem à vontade com a sua obra suculenta, manipulando-a ou mostrando dela apenas aquela parte que não incomoda ninguém ou, sobretudo, não macula a sua própria imagem de “especialistas”.

****************************************************************

A caminho de assistir mais uma outra vez de novo novamente ao clássico Palmeiras e Corinthians e manter a normalidade e a determinação: pagar pela passagem. Arrrg!!!

***************************************************************

"Quanto mais universal o génio, tanto mais facilmente será aceite pela época imediatamente seguinte porque mais profunda será a sua crítica implícita da sua própria época"

*****************************************************************

- Heróstrato, seu idiota, escreve como se fuma seu cigarro, troca sua Artêmis por um tico de imortalidade, levanta-se daí e vai procurar um trabalho honesto.
A mãe se sentia condicionada a repetir aquele palavrório eterno porque sabia que, para realizar o sonho do filho, precisava ser inteligente.
- Porra, mãe, essa é a sua culpa no complexo de édipo, me ajude e páre com esta atração por mim.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Partículas Elementares

Venho desde o final de 2008 escrevendo um livro/roteiro. Nunca sabemos quando começar um livro e, muito menos, ao começar, se vai haver um fim. Vou deixar aqui no blog duas partículas de clima. Essa palavra 'partícula', na física moderna, toma quase o sentido como a estou usando agora. São duas situações de gênero, voces vão perceber. A primeira é obstinadamente masculina. A segunda é seguramente feminina.
Tambem pode servir como a velha forma de propaganda dos amantes desesperados, jogar a garrafa ao mar, não esperar apenas, mas viver tratando da ferida do abandono.


Primeira
Cezar aparece por detrás do carro e surpreende Túlio, perdeu durão, não disse que preferia eu matar o Clodoaldo, não disse?
Túlio, retira a faca do peito do Clodoaldo devagar, olha na cara do Cezar e pergunta, por que ainda não atirou, parceiro?
Jogue a faca no chão e me entregue sua arma.
E você, vai continuar armado?
Sem acordos, vou mostrar quanto ganha um sujeito ser um durão de merda como você, Túlio.
Cezar chuta a faca longe, solta o pente da 9 de Túlio e a joga do lado, você não está se cagando, Durão?
O que você espera ganhar, se me matar, Cezar?
Com certeza, muito mais do que você ganharia se me matasse.
Vejo que você não sabe nada da guerra, e não sabe nada sobre guerra.
Porra, cara, que conversa é essa, agora?
Lembro quando fizemos a primeira operação juntos, naquele galpão na Castelo Branco, você estava, como vou dizer, na língua do pessoal lá da favela de onde você apareceu nessa porra de vida, você estava do lado dos Alemão.
Cezar dá dois passos para trás e aponta para a cabeça de Túlio, continua, parece que terei um enorme prazer de ouvir a última história de um escritor decadente, ou então um digno epitáfio de um delegado que sonhou um dia ser escritor.
Não sou mais delegado.
Então por que aceitou também esta missão suicida do Alexandre?
Você sabia?
Sei tanto quanto você, Túlio.
Suicida só porque voce se coloca até no cólo dele e todo menino sonha matar o pai.
É o mal das suas verdades que cria estas rugas na cara, seu durão de merda, e eu jamais mataria meu pai.
Já o matou?
Voce não tem medo de morrer, Túlio?
Verdade contagiante, voce não tem medo?
Sempre tive e tambem me preocupa porque ainda não atirei nos seus miolos, talvez porque fiquei sabendo e acreditei que voce é o pai da criança.
E quer que morra por ela, pelas mãos de quem ainda nem veio ao mundo?
Porra (Cezar tira levemente o dedo do gatilho).

Segunda

V. acende um cigarro.
Mirian pergunta, você sabe quem está junto com o Alexandre?
V. olha para sua arma dentro da bolsa e pergunta, acho que depois do que você fez comigo hoje, salvou minha vida, não preciso perguntar se devo confiar em você, mas preciso saber, cheguei ontem em São Paulo, de cara encontrei um comentário no ar, sabe como são fofoqueiros os policiais lá no departamento, que você está grávida e o Túlio é o pai, é verdade?
Mirian pega uma pequena arma e aponta para a cara da V., essa conversinha de novela me fez lembrar quem é você, o que "os policiais" dizem dando murros sobre o balcão da cantina, quando você não está, mas você, presente, todos ao seu entorno se sentem como se estivessem no cinema, o tipo de cinema que jamais será mostrado na televisão, tudo girando entre putaria, corrupção e muita droga, todo esse inferno misturado, a parte podre da sociedade ocupando todos os lugares de mando deste país que sonha, sonha, ainda se tornar um imenso ou insignificante estados unidos, enquanto ninguém mais pode confiar em ninguém.
E é a primeira vez que eu encontro com esta Mirian, tão centrada na política dos bons costumes, aquela que também escuto comentários tão picantes quanto chupar um coroinha depois da missa.
Você é nojenta, V.
Mas isso aconteceu mesmo, não é, na missa de 10 anos da morte do Desembargador?
Parece que você se ri por dentro, feito uma vadia, porque se fosse você teria trepado com os três netos do morto.
Ah você também percebeu como são lindos.
Será que precisamos encarnar este papel eternamente?
Que papel?
Tolas.
Quem?
Desculpa, você é loira.
Ah entendi, você faz o papel da morena frustrada.
Quem, eu, frustrada?
Foi você quem falou em novela, certo, e não é loira.
Não, também não sou uma nordestina que lava o cabelo com soda para alisar, tingir com oxigenada e virar atração turística.
Além de tudo é preconceituosa.
Você tem certeza que todos estes homens que você trepa, sentem amor por você?
Sexo não tem nada a ver com amor, Juíza.
Nunca entendi por que os homens sentem tanto fascínio por mulheres que tornam as coisas fáceis, não requer qualquer investimento, apenas um olhar sexual, uma estrela na testa dizendo ‘estou disponível’, então a competição se torna só uma questão do conforto, ou rapidez para encontrar qualquer situação sem riscos.
Eu acredito em você, Mirian, não precisa nem me contar sua dificuldade, talvez na infância sentiu tanto tesão por seu pai...
Eu não conheci meu pai e fui criada em um convento.
Perdão, deixei-me levar por esta conversa boba de mulheres desamparadas.
Também não estou desamparada!
Claro que não, pode guardar esta arminha ridícula.
Não confio em você, Mirian joga a arma de V. para fora do carro.
Caramba!!!
Desculpe.
Mas eu não a mataria, e quer saber por quê?
Não acredito em mais nada neste trabalho, a tempos que venho tentando saltar fora, a policia federal estava ótima 6 anos atrás, já até comprei um apartamento no Sul.
Voce gostou do barbudo e vai trabalhar com carteira assinada?
Acho que não sou eu a preconceituosa.
Mirian, tudo bem, estamos aqui trocando figurinhas, mas aqueles dois parecem que se entenderam.
Óbvio, o amor já venceu e repito, não estou desamparada.
Uhm, com essa pistolinha?
Não, com a que você sonha.

**********************************************************************

Voce prefere que eu conte o final, aquela sicuta da excitação com final enunciado, para conseguir um comentário?