domingo, 31 de maio de 2009

Para falar das flores



"O belo é o começo do terrível que todavia podemos suportar." Rilke


Lembrando a imagem do martelo, tão cara ao meu amigo, apesar de que ainda, virtual, Luciano, volto novamente ao meu amor eterno pela filosofia, revelando outro filosofo, Eugênio Trías. É óbvio que o meu processo de marteladas não é tão simples, assim como bater na cabeça de um prego, porque se assim fosse a metáfora não seria de bom senso, seria apenas um trivial senso comum. A diferença reside não tão somente em pregar "uma coisa" em um determinado lugar ou propósito, mas quase no processo inverso: despregar "as coisas". E talvez isso seja o motivo da escolha, se acaso o amor admitisse minha intermediação, da filosofia para tal empresa, porque preciso levar em consideração, deixando de lado a metafora, que pessoas não são coisas, que elas sim precisam fazer suas escolhas do lugar e propósitos para viverem suas próprias vidas, sem as quais jamais se sentiriam realizadas, livres e felizes. Portanto, e finalmente encerrando esta enfadonha justificação, jamais pretendi ou pretendo conquistar pessoas ou territórios atravez de qualquer espécie de violência; mesmo que seja ela a mais requintada persuasão.

Uma inesquecível menina, há muito tempo, de Biriguí, SP, com apenas 13 anos, disse certa madruga insone, em uma sala de bate papo on line!!!: "Eu me confundo, não sei se voce é filósofo ou poeta". Fiquei espantado, logo tive medo, logo me afastei, porque todas as divindades, como suas testemunhas, vão, feito uma "vertente", alimentar as fogueiras. Inseri esta recordação apenas para ilustrar um exemplo dramático das escolhas, o livre arbítrio; critério moral universal.

Retornando ao objetivo intrínseco deste post, apresentar outro valioso filósofo:

"Através do gozoso sentimento do sublime o infinito se faz finito, a idéia se faz carne, o dualismo entre razão e sensibilidade, moralidade e instinto, número e fenômeno findam superados em uma síntese unitária. O homem "toca" aquilo que o sobre passa e espanta (o incomensurável), o divino se faz presente e patente, através do sujeito humano, da natureza; fazendo com que o destino do homem na terra resulte numa situação privilegiada, vez que manifesto.

Porém essa viagem, através da selva obscura, não está livre de perigos e inquietudes. E o caráter tenebroso dessa divindade oculta, somente manifestada através daquilo que nos arrebata por instantes do cárcere de nossa limitação, fará perguntar a poetas e pensadores sobre a identidade desta divindade da qual tão só percebemos sensivelmente alguns véus. Divindade atormentada e em luta e contradição consigo mesma, como a conceberam Hegel, Schopenhauer e o jovem Nietzsche, ainda que dentro de distintos pontos de vista. Será Deus ou será Satã quem através dessa viagem iniciática que a poesia e a arte realizam se revela?"

Logo após a fuga necessária para não ser queimado vivo, a moral se sobrepondo ao prazer, refleti sobre as palavras daquela menina: O sublime pode estar em tudo, desde que haja luz, consequentemente, sempre vai haver sua sombra: o sinistro, o estranho e o, de antemão, imoral.

Agradeçimento total ao texto de Maria Fernada Diniz, Psicanalista. Espaço Moebius, Bahia. Trabalho apresentado na XVIII Jornada do CPB, em 14 de outubro de 2006


sábado, 30 de maio de 2009

Lógica Paraconsistente


Quem alguma vez vazou de seu espaço rotineiro em busca de novos horizontes vai entender este post, com linguagem de mesa de bar, porém sem a alienação inerente, festiva ou soturna.
Não recomendo a ninguem perguntar o motivo(indução) que me levou a escrever este post e procurar entender tal conceito contemporâneo.

Newton da Costa, já sofreu semelhante questão, mas sem me prolongar para além de uma suposta Lei Seca, vou colar uma frase dele, e deixar certinho o endereço, onde possam encontrar o conteúdo que ela estava inserida; quem for até lá vai se deliciar.
“Sem a indução não seríamos nada. Na pré-história, depois que o tigre-de-dente-de-sabre atacou um homem pela terceira vez, eles concluíram: tigres-de-dente-de-sabre são perigosos. E saíram correndo (risos). Sem isso não haveria racionalidade.”
http://www.danielpiza.com.br/interna.asp?texto=2296

Espero que ninguém se surpreendeu, e/ou torceu o nariz, ao intuir que se trata de um filósofo brasileiro. Não estou cometendo uma infâmia com a maioria dos brasileiros.

Espero, tambem, que os citados não interpretem este texto como mais uma vampirada comum de blog.

Acredito que estou fazendo, talvez, é claro, um serviço, com respeito à correspondência(ver teoria de Ptolomeu) estranha, tipo de saúde pública.

A filosofia, mais que todas as disciplinas oficiais, é a mais relegada ao destrato. Seus destratores efetivos podem ser a maioria absoluta de brasileiros e, a minoria que sobra, destratores ocasionais, mantém mais uma paixão do que amor por ela, popularmente falando.

Newton da Costa diz não, mas um não sem jamais abandonar o sim. Quando o sim, já se tornou mais uma verdade ortodoxa do que prática, ele diz um não, à ortodoxia, e não se limita somente à provocação, vai muito além: "Para mim, a matemática é uma disciplina que requer certo tipo de talento, como a pintura, a escultura ou mesmo o futebol. Gosto da matemática que não usa cálculos. A tendência da matemática moderna é substituir os cálculos por idéias. Ela é fundamentalmente um jogo de idéias". http://www.unicamp.br/unicamp/unicamp_hoje/ju/junho2003/ju215pg11.html

Depois do fragmento anterior deste post, reflito: E a tendência, infelizmente, creio que mundial, desta vez, é tornar a arte cada vez mais matemática ortodoxa.

Atenção: encontrar enunciados e cálculos matemáticos em qualquer obra de arte, é diferente de calculá-la.

Finalmente, sobre o título, vou recomendar-lhes, meus caros amigos e corajosos, a palavra do Senhor Newton Carneiro Affonso da Costa, e aproveitem para conhecer um site/revista de importância inquestionável: http://www.pucsp.br/psilacanise/html/revista01/19_rev_entrevista_01.htm

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Corpo e mente simultâneos



Cegueira (punctum caecum) da "consciência"
Notas - Maio de 1960 - O visível e o invisível
Maurice Merleau-Ponty
Editora Perspectiva

"Aquilo que ela não vê, é por razões de princípio que ela não o vê, é por ser consciência que ela não o vê.
Aquilo que ela não vê, é aquilo que nela prepara a visão do resto (como a retina é cega no ponto de onde se irradiam as fibras que permitirão a visão).
Aquilo que ela não vê, é aquilo que faz com que ela veja, adesão ao Ser, sua corporeidade, são os existenciais pelos quais o mundo se torna visível, é a carne onde nasce o objeto.
É inevitável que a consciência seja mistificada, invertida, indireta; por princípio; ela vê as coisas pelo outro lado, por princípio ignora o Ser e prefere o objeto, isto é, um Ser com o qual rompeu, e que coloca para além dessa negação, negando essa negação - Ignora nela a não-dissimulação do ser, a Unverborgenheit, a presença não mediatizada que não é positivo, que é ser dos confins "

Este livro, há muito tempo, até esqueci quanto, é de cabeceira. Lembro até do clima, da loja e da face e humor da vendedora, mas a data se perdeu. Talvez minha consciência omite ou 'não faz questão' de lembrar determinadas angústias relativas à contagem do tempo, somente meu corpo resgata aquele momento por razões talvez, como sempre, para efeito moral e ou de costume, obscuro.

domingo, 24 de maio de 2009

Crescendo



Tenho 49, para voce parametrar
quantas vezes fugi de mim, tantas
quando me encontro nem sei mais
talvez sou mesmo a coisa escutada

Mas lá no "peito do cú" da alma
o homem resiste, amando guerreando
sofrendo às gargalhadas palavras
proferidas emprestadas ao torpor

Feliz por nunca esperar mel ou fel
sua gigante a demanda de minha luz
impressa calafrios tesão trabalho
expressão a gosto de quem me exaure

"Rumo ao não sei o que, (crescendo)
que nada sei senão que o não saber
é o que me alimenta(feito Diógenes
depois Sócrates) já não mais tenho olhos"



http://fortalezadegelatina.blogspot.com/
Um grande abraço, Paula
25 de Maio de 2009 01:49

Enquanto rezo, voce assopra minha ferida



"Antes dos filósofos perderem a crença em entidades sobrenaturais devido ao longo processo de secularização que levou ao modo de se viver no ocidente sempre a crer em ciência e tecnologia, o dito demônio era considerado a causa da dispersão na leitura, da insatisfação no convívio dentro do mosteiro, do rancor, do torpor, da vontade de morrer, das fantasias de catástrofe, da preguiça, da indolência, e também da culpa por viver no mesmo lugar sem capacidade de agir e ajudar os outros, ao mesmo tempo que responsável por uma crítica geral a tudo a todos que o cercavam em sua experiência monacal. Era o misto de maldade com desespero, de amor com ódio, de autocrítica com crítica dos outros que caracterizava o quadro melancólico que tanto fazia com que o monge se sentisse um inútil, quanto fazia com que ele se tornasse um escritor, um artista envolvido em ilustrar os livros, um filósofo em busca das verdades próximas ou distantes."

Há momentos que o excesso de ambiguidade forma lapa em qualquer praia ou, por que não?, em todos os continentes e nos oceanos. E se festejam, reclamam e se reclamam, se rendem a Macunaíma e se fingem esquecer o Zé, tanto o Ninguem quanto o Do Caixão.

Impávido pavío, nem dois palitos de demora para um julgamento. Enterra-se amor, afoga-se amizade e sucumbi-se identidade. Pávido parvo.

Sem técnica ou divindade, os modelos se agrupam em vitrines.

Por favor, sejam rídiculos sentimentais, salvem as baleias dialéticas incorrigíveis, as crianças abandonadas ao único prazer de jogar pedras e o pouco do planeta restante na internet.

Salve, salve, Brasil, ó mátria amada, não é uma puta que me pariu.

O último grande cínico da História, Jean Jacques Rousseau (1712-1778), teve quase igual destino de Joana D'Arc.

Não é curioso, sentidos semelhantes, métodos opostos, caminhos paralelos e (quase) o mesmo trágico final.

E ambos foram acusados de atacarem os ingleses! (quem não assistiu O Caminhos dos Ingleses?)

Mas, não está nos registros, com certeza, ela tambem era muito cínica.

Enfim, quem é mais cínico, aquele que fere ou aquele que assopra ou aquele que reza?

sábado, 23 de maio de 2009

Big Bang





Ele, Deus, acreditou em si
abandonado ao próprio caos
jamais esperou sua salvação.



Quem precisar buscar em dicionários o significado de Moral, vai precisar tambem, portanto, ler Genealogia da Moral, de Friedrich Nietzsche. As chances são enormes de não desejar jamais prestar atenção simultânea para o mais ínfimo, nem o mais grandioso lance da vida.

Muita gente vende até a alma para conseguir esta "salvação"*. Desconfio que o mercado, desde os tempos da simples troca para sobrevivência, até hoje, se baseia neste anseio pela desatenção.

Por favor, não esperem que eu mastigue o significado de Moral, fazemos isso o tempo todo, conscientes ou não.

Igualmente temos o significado de Verdade.

E ambos, são vomitados a todo instante, pela espécie humana(SIC)!, pouco tempo após nascer até o último suspiro.
Feito palavras funda-se o que conhecemos, inclusive esse outro significado inexpugnável: Conhecimento.

Até aqui, portanto, é meu limite, para não aborrecer o leitor que, consome blogs como se fossem os mesmos veículos, encontrados como remédios e cachaça, de comunicação; riqueza, sexo e fama*, para se obter qualquer poder extraordinário, para a sobrevivência do Ser, diante da omnipresença do Nada.

Suponhamos que, para a sobrevivência do Ser, ao contrário do Nada, exige-se critérios.
Então a Moral é o que seleciona tais critérios.

Creio que nem preciso dizer, já dizendo: é impossível Ser sem o Outro. E qualquer Outro há de possuir critérios semelhantes enquanto existente.
Posso dar um exemplo absurdo: uma pedra fumegante lançada por um vulcão, um de seus critérios é, que além do natural ser pedra, está muito muito quente.

Outro limite que me imponho: não se ensina filosofia, aprende-se; critério moral, pessoal.

O exemplo da pedra até então parecia absurdo, aprofunde-se mais um pouco, ao invés da pedra, pense um indivíduo. Pense, se isso já for possível neste século, todos os critérios que todos indivíduos possuem tão somente por "ser natural". Não tenha pressa, pode levar um longo tempo, depois pense todos critérios relativos ao "aonde estar", e, muito depois, pense os critérios do "ser artificial"***.

Pensamento é um critério evolutivo universal, mas nunca pergunte o significado.

Finalmente, repito, para justificar a impossibilidade de descrever o significado de Moral.

Todo significado toma como base inúmeros critérios, e a espécie humana(SIC) não tem, desconfio que mesmo se tivesse, vida média para tanto: pensar, entender e operar atravez de tais critérios.

Evite de pensar, contudo imagine, quais são os critérios para erigir um sentido(?Moral) que funda o que seria o melhor sentido para tudo.

Não estou fazendo apologia da desatenção total, da ignorância, da violência, da droga, etc...
*Alusão ao filme de Win Wanders, Asas do Desejo.
** visibilidade.
*** tanto material quanto imaterial.
"Não se trata apenas de desejar algo que o outro “deveria” nos dar e chorar porque não fomos contemplados, ou assumir com dignidade a frustração, mas de desejar o modo como alguém “deveria ser”. É como se o outro não fosse o que é, devendo sempre ser diferente para agradar o gosto do seu crítico de plantão. Tornamo-nos críticos exímios socialmente na arte de falar mal, de apontar defeitos, de querer, afinal, que o outro seja como queremos que ele seja. Nunca o que ele é. E se nos casamos com este outro, ou nos tornamos pais, ou precisamos conviver no trabalho?
Em casa, no trabalho, na escola, na empresa, esta postura carrega um gesto de desamor que, em graus variados, pode chegar ao ódio e à intolerância que são o extremo da falta de capacidade de dialogar ou de, simplesmente, deixar que o outro seja o que ele é, a seu modo. Mas e como “eu” deveria ser? Será que esta pergunta teria consistência?"

terça-feira, 19 de maio de 2009

No escuro do cinema 2


O resto é costume
"Às vezes a vida até parece uma festa, porque em certas horas, é só o que nos resta. Ficar cego feito uma criança, só por medo ou insegurança. Ficar mal ou bem acompanhado. Não importa se der tudo errado."

Neste momento terminei de assistir ao filme Febre do Loco e, para quem não recomendo tambem assiti-lo, é um filme modesto, sem tanta tecnologia, nem exímia retórica artística.

Exatamente porque se Van Gog tivesse em mãos tecnologia e retórica, ao invéz de uma navalha, não cortaria a própria orelha.
Não é uma diversão, para mim, contar, seja qualquer coisa, sobre filmes. Quando acontece, na certa fui levado pela atração da convivência.

O meu, o nosso, e os blogs, não são espaços para a retórica, contudo precisamos conviver e, se possível, sem nenhuma técnica extraordinária do sentido e conteúdo de cada post e, rss, se possível, de cada comentário. Se preciso, sem orgulho, peça uma licença ao Tempo.

Existe um bem maior do que, no mínimo, romper as grades de uma prisão? Sabemos que somente as vítimas não retornam. E tão somente os estóicos aproveitam o lugar para dar aula.

O exímio artista costuma derramar seu talento sobre objetos práticos. Dalí, tanto quanto aquele automutilador, foi um artista execrável para quem a modéstia não lava sequer os próprios pés. Seus quadros jamais serviriam para calçar um caminhão de bobagens.
A indiferença aos Outros, e a diferença a poucos outros, dormem com as panturras. O único defeito da convivência automática, porque o resto é maravilhoso como enxergar.

Voltando ao filme de Andrès Wood, podemos lembrar que o único defeito de Deus foi permitir o Humano, que, quando em febre, contamina até os bovinos. Estes se tornam ridículos e capazes de sentimentos.

Nem toda confusão é sitoma de doença, assim como inúmeras formas de febre, apesar de oferecerem os mesmos riscos.

Prevenção nem sempre significa medo e insegurança.

Às vezes nem podemos ter qualquer direito, muitas delas por prazer, até sabendo, e se repetindo, que pode dar tudo errado.

Exemplo de retórica: agora, eu te amo, o tanto que durar a febre de um encontro.

domingo, 17 de maio de 2009

IRONIA


De volta ao computador, à internet, especialmente, a este recanto, e analisando-o com sabedoria, inquiri-me: quando o que venho fazendo gerará algum sentido para a humanidade?

Sem resposta, por enquanto, então eis algo que está tão CHEIO de sentido, comparado ao que vem acontecendo no universo da maioria destes recantos: um travalíngua!


Sabia o sabiá que sabia subiá

domingo, 3 de maio de 2009

No escuro do cinema


Persépolis foi declarada Patrimônio da Humanidade pela UNESCO em 1979.
E...
E...
Tantas histórias pessoais viraram passado.
Eu conheci a Marcia, professora, filósofa e, tambem, lúcida. Ela paga muito caro, como a menina principal deste filme, lutando por uma tal humanidade perdida ou até então jamais encontrada; que se originou em HQ, por Marjane Satrapi. Não sei o preço, obviamente porque perdemos o gosto pela intimidade, sem interesses escusos ou inócuos, amor universal.
Em uma desventura(que não se esqueçam os meus pescoços, toda boa aventura é recheada de ) aqui no blog, numa das melhores mortes que consegui, morrer num saloon, engasgado durante um long long time sorver de vodka russa, receita das origens do antigo povo eslavo ORIENTAL, conheci mais uma fundamentalista descrente; assim como.
Mas a melhor experiência semelhante, claro, a primeira, foi a brima. Ela, virgem, recém chegada da prisão de ignorâncias, marcou minha transição da juventude para o tal próximo passo de todo SER humano. Há quem chame de fase adulta, com todos os seus sentidos obrigatórios, mas eu não consigo definir o destino humano em fases. Afinal, quem ainda não carrega fardos e monta na nave louca das grandes alegrias momentâneas? Eu tinha 16 anos.
O que significa fundamentalista descrente? Faço-me essa pergunta porque não sou mais bobo de esperar alguem que a faça por mim. A minha melhor resposta, sem fugir ao meu estilo, é o caso em que já não se acredita mais em princípios, sem abandoná-los. Mas quem quiser repetir a pergunta, agora que perdeu a graça, e isso não significa que contei o final do filme, faça-a a si mesmo, ou crie uma alternativa. Ou dê outra resposta!
Ual, de repente estou lembrando de todas, e até da Edina, que eu costumava, por princípio, rss, separar ou cobrir com véus intelectuais ou lúdicos.
Essas fundamentalistas descrentes ansiam por um papo-cabeça, mas suas operações de fuga são quase milagrosas; coisas que ninguem se esforça mais em acreditar.
Talvez não exista mesmo milagres, e nós, século 21, OCIDENTAIS, nem precisamos mais, se caso ainda, porque executamos, a todo instante, a dissolução corpo-alma. Isso gera conflitos íntimos, o que endossa minha teoria, da intimidade banida do sociável sem interesses unilaterais.
Imagine o inferno nisso: sócios que não se contém em fazer tudo, a qualquer preço, para se tornarem majoritários. Ou o mais próximo possível dos.
Desse jeito, se minha vontade fosse ser crítico de cinema, eu já estaria somente alimentando ratos, porque duvido que alguem sentiu vontade de assistir, uma animação!, Persepolis.
Parece normal que comentaristas e ou críticos de futebol não revelem seus times de coração. Isso soa como fundamentalismo e estamos sempre postos, se crentes, para combater, até nossos próprios. Acho que a dissolução, do predicado 'humano', é inevitável, caso não aconteçam milagres.
Ironia não é meu forte, ou a recuso por não ser força, mas é o princípio de abandonar os princípios que destroe os lados da civilização e, sem os lados, não pode existir equilibrio.

Um meu alienista


Eu sempre quiz confessar isso

a vida (ou Deus) é um tesão.

Quem é que vai por aí
aflito, místico, nu?
Como é que eu tiro energia
da carne de boi que como?
O que é um homem, enfim?
O que é que eu sou?
O que é que vocês são?

Tudo o que eu digo que é meu,
vocês podem dizer que é de vocês:
de outro modo, escutar-me
seria perder tempo.

Não ando pelo mundo a lastimar
o que o mundo lastima em demasia:
que os meses sejam de vácuo
e o chão seja de lama
e podridão.
A gemer e acovardar-se,
cheio de pós para inválidos,
o conformismo pode ficar bem
para os de quarta categoria;
eu ponho o meu chapéu como bem quero,
dentro ou fora de portas.

Por que iria eu rezar?
Por que haveria eu de me curvar e fazer rapapés?
Tendo até os estratos perquirido,
analisado até um fio de cabelo,
consultado doutores
e feito os cálculos apropriados,
eu não encontro gordura mais doce
do que a inserida em meus próprios ossos.

Em toda pessoa eu vejo a mim mesmo,
nem mais nem menos um grão de mostarda,
e o bem ou mal que falo de mim mesmo
falo dela também.

Sei que sou sólido e são,
para mim num permanente fluir
convergem os objetos do universo;
todos estão escritos para mim
e eu tenho de saber o que significa
o que está escrito.

Sei que sou imortal,
sei que esta minha órbita não pode
ser traçada
pelo compasso de um carpinteiro qualquer.

Sei que não passarei
assim que nem verruga de criança
que à noite se remove
com um alfinete flambado.

Eu sei que sou majestoso,
não vou tirar a paz do meu espírito
para mostrar quanto valho
ou para ser compreendido:
tenho visto que as leis elementares
jamais pedem desculpas.

(Eu reconheço que afinal de contas,
não levo meu orgulho
além do nível a que levo a minha casa.)

Existo como sou,
isso é o que basta:
se ninguém mais no mundo
toma conhecimento,
eu me sento contente;
e se cada um e todos
tomam conhecimento,
eu contente me sento.

Existe um mundo
que toma conhecimento,
e este é o maior para mim:
o mundo de mim mesmo.
Se a mim mesmo eu chegar hoje,
daqui a dez mil ou dez milhões de anos,
posso alcançá-lo agora bem-disposto
ou posso bem-disposto espetar mais.

O lugar de meus pés
está lavrado e ajustado em granito:
rio-me do que dizem ser dissolução
– conheço bem a amplitude do tempo.
Agradecimento:
Nunca encontrei um descrente, apenas desvairados inquietos...
é assim que é melhor tratá-los.
São pessoas diferentes, não se percebe bem o que são:
tanto os grandes como os pequenos, os ignorantes como os cultos,
mesmo a gente da classe mais simples, tudo neles é desvario.
Porque passam a vida a ler e a interpretar e depois, fartos da doçura livresca,
continuam perplexos e não conseguem resolver nada.
Há quem se disperse, de maneira que não consegue atentar em si mesmo.
Há quem seja rijo como pedra, mas no seu coração vagueiam sonhos.
Há também o insensível e fútil que só quer gozar e ironizar.
Há quem só tire dos livros florzinhas, e mesmo elas consoantes à sua opinião,
e há nele desvario e falta de perspicácia.
E digo mais: há muito tédio.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

VOAR





Aos 10, invejava minha professora de inglês; ainda quero ser o inglês. Aos 20, invejava Marlon Brando; ainda quero ser ator e dançar aquele último tango. Aos 30, invejava meu pai, totalmente descuidado, mas formou minhas pernas sem descanço. Aos 40, invejava meu filho, lindo feito o Marlon Brando; nunca perde suas guerras na vida real e não me inveja. Aos 50, invejarei a Deus; porque tenho defeitos e continuo também construindo meus mundos e sete dias.

Ao entardecer



Lembra quando você era novo?

Você brilhou como o sol

Brilhe, diamante louco

Agora há um olhar em seus olhos

Como buracos negros no céu,

Brilhe, diamante louco


Você foi travado no fogo cruzado

da infância e do estrelato

Fundido na brisa de aço.


Venha, mira
Para depois rir

Venha, desconhecido, sua lenda, seu mártir, e brilhe

Você alcançou o segredo muito rápido,

Você uivou para a lua.


Brilhe, diamante louco


Ameaçado por sombras na noite,

E exposto na luz

Brilhe, diamante louco


Bem, você expôs suas boas vindas

Com precisão aleatória

Montou numa brisa de aço

Vindo em você raiva,
você
observador das visões,

Venha pintor, em você flautista,

Seu prisioneiro, e brilhe


Ninguém sabe onde você está

Quão perto ou longe

Brilhe, diamante louco


Empilhe mais camadas

E eu vou juntar-me a você lá

Brilhe, diamante louco

E vamos nos regozijar à sombra

No triunfo de ontem
E navegar pela brisa de aço


Venha, garoto criança, seu vencedor e perdedor

Venha, seu buscador de verdade e desilusão

E brilhe





Tradução: Bruno Marques

Artista: Pink Floyd

Álbum: Wish You Were Here

Título: Shine On You Crazy Diamond

VAGALUME
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Eu os(as) convido para um deleite
com responsabilidades,
tipo: não quebrem garrafas
nem durmam na calçada,
é só mais uma festa textual.

Intimidade virtual


Dom Constantine

Ontem briguei muito, to ficando especialista
em derrubar meus oponentes
sem mexer sequer um dedo

E quando no dia anterior
ultraspasso meus limites
a minha ressaca(virtual?) é

Esse sabor aproximado do ceu

Ontem alguem se pensava amigo
vassilou, mostrou sua cara, tive piedade
preciasa filmar o show

Porno-chinchila sem baton
ele ainda se pensava homem
então caiu, de vez, do ceu, talvez

É como se a vida não começou
quando nós nascemos, é sempre
sem um intervalo para a História

Seu silêncio, agora entendo o não
a eternidade, essa paciência remota
o coração dentro de um cubo de acrílico

Combinando, sobre uma mesa de vidro
numa casa onde as luzes nunca se apagam
como se todo dia fosse festa ou trabalho

Esse sabor aproximado do ceu

Ontem um funcionário roubou
e sobrou para mim investigar
o inferno é tolo e merece seus fiéis