quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Liberdade; nem crônica, nem aguda

"O que temos que fazer com uma pessoa dessa, amassa e refaz tudo?"

Este é o motivo para eu jamais terminar meu requiem para um sonho:
Eu ouvi aquela sentença de voz, da apresentadora no Jornal da Record, agora a pouco, quinta feira, 29/10/2009, 12:28hs, concluindo uma matéria sobre um criminoso, que após dar uma paulada na cabeça da namorada, incendiá-la viva, foi preso e expressou seu arrependimento:
- Foi pouco, eu devia ter queimado ela inteira, a filha da puta tá viva ainda.
Esta crueldade teve um motivo banal: ciúmes; que dê outro nome, mas sempre vai significar covardia.
Percival de Souza, olhou para o câmera, chamou para si a responsabilidade: deletar ou desconectar o dispositivo da bomba. Ele então só desconectou, ondem do patrão.
A TV Record esta disposta mesmo a dividir o escpectro da imagem da classe média brasileira. Lembro quando o Ed, no restaurante com um belo telão durante a novela Pantanal, da finada Manchete, disse em alto volume, traído pelo próprio orgulho (ou ego, cada um usa o nome pertinente ao seu motivo):
- Isso! Claro! Eis, o que vamos fazer!
Todo mundo parou de comer por instantes e olhou para o eminente empresário da Igreja Universal de Deus, o grande lustre central apagou, fração de segundo a mais do que seria o normal. Nós, os companheiros de mesa o saldamos e logo uma fome inusitada se abateu naquele jantar.
Quando voce, caro leitor, perceber algo anormal, qualquer falha fundamental na estrutura da realidade, guarde bem na memória, sempre há um motivo, e vai haver uma continuação, uma causa relacionada com a evolução natural da vida; onde a seleção das espécies é somente um dado principal, e eu me reservo o cuidado de não ousar intervir na natureza, sequer em pensamento. A palavra francesa dejavú, oportunamente no filme Matrix, ilustra e esconde a verdade de fatos "irreais"; o Rafael Ilha repetiu seu gesto suspeito de suicídio; outro bombardeio "americano" afora; outra derrota do Flamengo, diante do Barueri, ontem, 'sem explicação', etc.
Depois do último post, com aquela foto daquele menino "semente com cara de abortada", percebi que atravessei um limite proposto por mim a tempos atrás. Eu enfim havia chegado a uma conclusão que ninguém pode saber mais que ninguém, que tudo que voce fizer ou disser, confiante em seus próprios conhecimentos, não possui supremacia sobre a mesma que o Outro possui de um mesmo fenômeno. Quando a lógica do certo e o errado, do normal e anormal, do bem e do mal, e outros tantos opostos de conceito se tornam demasiados semelhantes, e tudo na vida se passa como se fosse ficção, como bem diz um programa da TV Cultura, é hora de fazer documentário.
Embora ainda sem saber e portanto sem a capacidade de julgar se estou tomando a decisão 'correta', resolvi enfrentar de fato a minha questão humana, viver sem querer sequer escutar qualquer frase que se relacione com a procura do sentido da vida.
Porque existe em cada um a sensação de que nenhum raciocínio jamais será entendido se estiver alheio a qualquer ordem, condição sine qua non para nos diferenciar do suposto animal irracional, decidi enfrentar de vez a minha condição humana, viver e querer escutar toda frase, qualquer frase que se relacione com a salvação da vida incondicionalmente.
Eu deveria questionar-me quanto ao motivo, como desesperadamente fazia antes, por quê? Não seria tão somente um indulto para que pudesse questionar o motivo do Outro?
Recordando aquele jantar, mais uma vez, na mesa estava também o Leandro, funcionário, quase porta voz, do SBT, para assuntos estratégicos. Depois do jantar, quando estávamos em outro ambiente, em um grande sofá que rodeava um salão de bate papo, apesar de toda a sua imagem de sucesso na vida, virou-se para mim e perguntou:
- Voce entendeu a razão daquela comédia toda do Ed?
- Se voce não sabe, cuide-se.
Minha resposta foi uma metralhada no peito. Ele jamais falou comigo. E eu nem prestava atenção quando me diziam que ele estava mudado, que desapareceu daqueles 'jantares heterodóxos', que se tornou marido exemplar e parou de fumar, beber, cheirar, etc. É devoto da Universal e não se sente mais uma ficção de Deus.
E voltando também à liberdade dos bravos, a qual deveria ser regra pelo menos na blogosfera, deixo um alerta: Tenham consciência também na desordem.

PARA ILHAS
Chega um ponto
quando voce descobre
que nada mudou em sua vida
e não basta levantar a cabeça
Nade, nade muito, e rápido, e eficiente
porque nada é suficiente
para se afogar ou morrer
no sal da carne viva
Doendo o tempo todo, sua marca
ainda precisa doer mais e mais
para si, para quem ama e não ama
para quem jamais se encantou
No bem ou no mal, e a este escolheu
para não se ver só em desgraça
e agora, talvez, espera seu último ato
de cinismo e se arrepender de fato

PARA CONTINENTES
Se eu não consigo ser poeta, por favor
não comentem, meus erros de gramática
minhas muletas ortográficas
minha madeixa semântica
e só os meus apocalípticos
descaminhos

VALLEY OF THE MOOM Steve Von Till
É muito difícil imaginar alguem completamente bom.
Alguém em todas as circunstâncias livre. E puro, um Deus.
E quem vai chorar por isso?
Nem poeta, nem mesmo alguem
que tenha música em seu coração, estas lágrimas, quem
poderia ainda ouvir, ou quem poderia escrever?
Quem pode sequer imaginar alguem que escolhe viver,
trocar um continente por uma ilha?
Talvez seja só o que resta de natural, incomensuráveis erros!
É o mesmo que o Brasil, em extensão, se trocar por Portugal.
O mesmo que o meio entre o Arroio e o Chuí se trocar pela praia.
A planície prefirir o acidente geológico. Rapadura na mamadeira.
"Erros" que se recusam a ouvir tanto apelo para fantasia
e voce ainda me pergunta o que estão dizendo, meu velho irmão
que língua voce fala?, eles estão gritando para salvar o planeta
E qualquer que seja o ritmo dentro de seu coração
seja qual for a cor das coisas e vida dos seres, tudo é voce
e voce não pode se recusar a viver
O que importa se não assimilamos magia, bruxaria e sabedoria dos Outros
e só acreditamos em Milagres, Shows de Mágicos, Torneios e Campanhas
de Caridade?
Importa se não atentamos contra qualquer chance de salvar o planeta
se acreditamos nesta reação inominável de ser este tesão de fato
dentro, inexprimível, encantador, inefável, "deus"
E sua solidão e sua paciência para cada um encontrar sua natureza
encontrar a si para viver a experiência do Outro e se tornar "real"
para enfrentar a questão "humana" sem covardia contra seu semelhante

THEME FROM SCENT OF A WOMAN Thomas Newman
Esta tarde de chuva me faz pensar nos meus erros
e quanto fui cego
o quanto fugia de erros, de minha impermanência diante de voce
quanto corremos desesperados para se esconder de chuvas
quantas vezes encontramos casas amarelas, com hortas e meu cão
quando ríamos daquela vontade de se encontrar juntos muita chuva depois
como se naquelas varandas, sempre quando eu tirava a camisa
para enxugar seu rosto, contava a mesma história
a velhina do lado fazendo tricô, o velhinho dormindo, o cachimbo na mão
ela derruba o chapeu dele com a agulha, ele sacando a arma
atirando no rastro de um avião que passava no céu...

Selvagens respeitam Darwin
Eu já tive cachorro, no tempo de criança, e no tempo que tinha esposa e filho comigo.
No primeiro momento, eu não tinha uma consciência altercada com o Outro; lembrando minha querida Anita Mendes, minha fúria de espírito era quase plenamente selvagem.
No segundo momento, fiz a vez do Outro com ternura; o que me faz lembrar a Marcia Barbiere, que e quando se pode amar sem esperanças fúteis.
No bojo deste par de idéias que jamais aplacou totalmente em qualquer setor profissional da sociedade, tentarei mais um pouco discorrer torto por bem traçadas linhas de solidariedade, que pira tanto minha querida Adriana Godoy, quando pirado sou eu a recusar relações normais entre parasita e hospedeiro.
Seres vivos domésticos não tem comportamento diferente do selvagem.
Eles apenas possuem uma pequena percentagem de seu potencial natural. Mesmo aqueles de repetidas gerações, que se acostumam tão convenientemente que podemos pensar em genes colineares adquiridos.
Sou muito leigo também, quando preciso, em qualquer assunto, e gosto de pensar que a domesticação humana a nível biológico tem só a ver com alimentação regular, condicionamentos da indústria cultural e repressão do meio sociofamiliar, etc.
Portanto, ser ou não ser doméstico ou selvagem, lembrando Shakespeare, não é mais a minha questão.
Naqueles tempos, pelas razões citadas, e bem diferentes, questionei muito sobre a que serve ter um cachorro como um animal doméstico.
- Melhor amigo do homem, é um eufemismo que se liga ao prazer tanto quanto uma loira gelada;
- Segurança pessoal ou domiciliar, é o tipo de ilusão necessária para quem precisa mais que uma cerveja para se encorajar na vida;
- Companhia pra distração, é melhor eu nem revelar o que penso disso; etc.
Mas toda questão tem, no mínimo, dois lados - isso é tão antigo, quanto arcaico repetir, e tem gente que ainda não sabe nem quando só tem um lado de qualquer questão.
O cachorro tem muita utilidade para quem precisa de um procedimento que o ser humano "não esta tão bem preparado naturalmente" para desempenhar, ou devido aos custos ou riscos envolvidos na questão.
Haverá quem se exaspere com tais idéias, mas o exaspero nessa questão é um truque para não se ver em comparação a qualquer animal.
Acredito que tudo tem sua hora e momento apropriado - outra coisa óbvia - como também sempre é da sua própria conta e risco.
Aqui, agora, com coragem, digo que o Jô é um panda belo, porque possue o branco(ausência de cor) e o preto(todas as cores), e fresco, porque permite que o melhor sempre prevaleça sobre o pior, incondicionalmente, contra a força físiológica, quando se tem uma questão de fato e vida; um animal quase em extinção.
Deixa eu voltar ao termo deste post, que de forma alguma pretende puxar o saco ou lamber a 'mão' de ninguém, instituição ou ideologia reacionária.
Talvez um dos livros que mais indiquei, durante este tempo blogando o Devir.antesdosnomes, foi A Sabedoria dos Modernos, da editora Martins Fontes, onde tive o prazer de verificar a dificuldade de solucionar uma questão tão fácil de entender: Voce preferiria surrar um bebê ou furar os olhos de um gato?
Por favor, não se preocupem em 'por que o gato?', e pensem que poderia ser qualquer animal, contra a criança, ou até mesmo contra qualquer outro animal, adulto ou filhote. Obviamente também, não serei deselegante, mesmo que ninguém me pediu tal favor, a ponto de revelar a que respostas o livro chegou.
Como sempre sou contra o conhecimento suficiente para si ou para meu time, apesar de gostar muito do conceito de futebol, porque a vida é mais um pouco do que conceito, fui até a cozinha e perguntei para minha mãe, que tem 82 anos, jamais estudou e é ainda analfabeta, e por quem, não só por ser minha mãe(!), acredito que tenha a mais plena capacidade de responder, se não a melhor, talvez a mais razoável resposta. Ela disse: "preferiria morrer ou sei lá (matar?) quem me obrigasse a tal absurdo". Obviamente, mesmo sendo iletrada, ela não pensava que fosse algum animal ou bebê.
Diante de tamanha razoabilidade, qualquer conhecimento "oficializado" se torna quase o mesmo absurdo da questão. Mas eu, com meu conhecimento "irracional" resolvi perseguir o que torna tão razoável uma resposta.
Primeiro, independente de ser nomeadamente oficial ou racional, para ser razoável, um conhecimento precisa ser lógico para todas as partes interessadas.
Segundo, partes interessadas de uma questão nunca cessam de aparecer no decorrer da sua importância para a vida.
Terceiro, nenhuma questão de vida pode ser resolvida por uma ou partes interessadas, e nem pura e simplesmente pelo voto secreto, tampouco revelado. Nenhuma democracia se confunde com ditadura, seja ela social ou pessoal.
Quarto, e por fim, quando se trata de vida, não há excessão.
Então, sai na rua - aqui existe uma comunidade plural quanto a classes econômicas, das quais todas outras questões de classe sociais derivam -, juntei muitas crianças, a partir da idade "que já podia" entender os valores da vida - antes disso, ainda bebês, são "iguais" aos gatos - e fiz a mesma pergunta. Apesar das respostas diferentes não foi difícil concluir que se deveria furar os olhos do gato.
As crianças, como já me referi no começo do texto, são quase plenamente selvagem; lembrando que este é um nome para multiplos significados.
Infelizmente não posso, ou nem preciso, perguntar para os gatos; essa é uma outra questão, de vida, porém que precisa (ou não, talvez) de nossos conhecimentos.
Quer saber mais, de maneira oficial e um pouco mais abrangente?
Acesse: http://ciencia.hsw.uol.com.br/evolucionismo5.htm

"Troque seu cachorro por uma criança pobre"
A tempo, gostaria que os leitores percebessem, este texto e muitos dos quais trato de temas sutilmente relacionados com a ética, que ao invéz de ter base religiosa - explicar e ordenhar o mundo segundo Deus: fora de questão - procuro a base do evolucionismo de Darwin, que é capaz de explicar e ordenar a natureza como uma questão de vida: fora de deus. O humano(sic), Charles Robert Darwin, fora da concepção conceituada, que viveu entre 1809 e 1882, já sabia, junto a raros outros humanos(sic), sobre o devir antes dos nomes; onde o devir dos nomes e o devir depois dos nomes, a história do ser humano, também são consequências relativas à seleção natural das espécies. Prestem atenção nas querelas pela disputa de propriedade e autenticidade de suas idéias e no absurdo que ainda dizem e tentam fazer sobre suas pesquisas. É bem possível, porém, impertinente para sua época, e talvez por isso não registrou nada sobre, que deve ter feito ótimos estudos sobre "evolução ou estagnação" em sapos virtuais da época; que fêz e o fizeram engolir, e por sua "evolução/revolução constante" não(?) o evenenaram.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Evolução democrática; pão e pedra


"O Rio faz suas margens, ou são as margens que fazem o Rio?"

Voce não quebra a cabeça na pedra, mas a pedra quebra sua cabeça, Rafael Ilha. Voce se faz de coitado, quer ser mais idiota que os idiotas. Parece que as fontes gostam, elas fazem como voce, às vezes, ou "quase sempre" na sua língua de camaleão pedra, quando se vêem, e assim também lhe vêem quando se vê no espelho e vê suas transformações na pele, na face, nos olhos, no tamanho. Parece que as fontes gostam, depois destas transmutações de sua imagem, guardam as delas atrás da orelha e voce as guarda na gaveta, no armário, na brecha do forro, esconde no quintal, etc. Assim como as fontes, ninguém pode saber, quer dizer, "só as minas".
As fontes adoram saber que voce, depois de perceber todas as coisas, fica triste, mas de uma tristeza "legal", diferente dessas tristezas inerente à realidade, e se isola e chora açucaradas lágrimas ouvindo Starless and Bible Black do Crimson, todo culpado por elas.
Voce sabe que elas não tem escolhas, que ninguém, "dentro da mais profunda necessidade", possui porra nenhuma.
Que toda dor é dividida, seja sua música, seja sua pedra.
Voce não sabe que as fontes só querem a música, voce não aceita e, por sua velha contradição sexual, se se compaixona. Voce se acha bonito, e dá mais e mais pauladas nessa droga da auto compaixão. Voce quer fugir de ser mais um paulatino da civilização, rafael qualquer ilha?
Voce até que tentou se fazer de vinho e creme e rebolados quando criança.
Mas o vinho azedou, não fechou tão bem seus olhos, excomungou-se, depois a família e agora a sociedade ébria em seu "paraíso artificial"(Baudelaire).
O creme não escondeu os reflexos prematuros da ressaca.
Não conseguiu dançar conforme a "música".
Espera um momento de inspiração do "Datena", porque até o Zagalo teve, dizer que aqui na Terra ninguém enfrenta a ressaca como só voce, "o único", a enfrentou com coragem e heroísmo, sem morrer nessa merda de vida artificial.
Sonha sem qualquer contra gosto acordar com a Ana Maria Braga dizendo que voce é a "prova mais cabal" da impossibilidade do herói sem coragem e só de beleza.
E ainda quer uma chance de se expressar, rebolar até se preciso for, no roda viva do Estado.
Esperanças e sonhos e pequenas autoridades nos assuntos, é sua senda brasileira, Cara.
E feito, sob ou sem efeito de drogas lícitas ou ilícitas, qualquer babaca careta covarde, também faz tudo ao contrário.
Reza para deuses mediatos, fantasia o imediato e ignora as grandes autoridades nos assuntos.
Quando voce pensa que não tem nada deles, eles pensam que não tem tudo de voce.
Enquanto voce se quer tão competente e singular eles são tão elegantemente plurais, e também quando voce se limpa, se perfuma e se iguala higienicamente na guerra de espírito eles se acham tão singular. Diferença e indiferença, cara e coroa, corações e mentes, oito ou oitenta, todos os extremos ingredientes ou sobras do meio são sua paz de espirito.
Mas, companheiro, se precisar encontrar ajuda, se seu lado babaca careta covarde merecer sequer uma chance, tente achar uma companhia inteira, porque elas existem, são as eternas excessões ou outros extremos, aonde os espiritos não sejam esterilizados ao ponto da inexistência de Vida; sem a qual não há a menor chance para voce e nem para ninguém. Acima de tudo, com ou - dê preferência sempre à sua "saúde" - no drugs, persista, porque em vida o humano prevalece.

"A concepção humanista da "realidade", como algo resistente, contudo maleável, que controla nosso pensamento como uma energia que deve ser levada em "conta" incessantemente (embora não necessariamente meramente copiada) é evidentemente uma dificuldade que se apresenta aos neófitos. A situação faz-me lembrar de uma pela qual passei pessoalmente. Certa vez escrevi um ensaio sobre o nosso direito de acreditar, que, infelizmente, chamei de Desejo de Acreditar. Todos os críticos, niglegenciando o ensaio, caíram sobre o título. Psicologicamente era impossível, moralmente, iníquo. "Desejo de enganar", "desejo de fingir", foram espirituosamente proposto como títulos substitutos."(William James)

Fica esperto, cresça de fato, vai com fé e coragem e alegria, gratuita mesmo!, de encontro com seu destino, Ser. Estamos todos, neste momento atual da civilização, prestes a institucionalizar, como fazem os viciados em qualquer coisa, o não-humano da indiferença e da melhor atenção canina, e se Deus precisa existir, Ele vai precisar estar dormindo mesmo(!) para não ver o que pode acontecer com os extremos, inclusive democráticos.
Finalmente, ilustrando minha neutralidade sem indiferença(!) e jamais encima de muros, ainda no assunto sobre novas ondas que nem sempre quebram em praias alegres, para todo rafael ilhas e continentes, tomando o conceito de metáfora poética ao extremo, surfar é sempre um bom motivo, mas jamais uma boa desculpa.
Um forte abraço, garoto.

Atenção a todos(!): para quem não entendeu este texto, somente porque não tem conhecimentos eficientes porém muita naturalidade humana(!), desejo-lhes a paciência dos verdadeiros heróis da resistência, e para aqueles(as) que possuem conhecimentos somente suficientes e pouca naturalidade humana (o bem e o mal em dialética), desejo-lhes "rajadas e mais rajadas de água bem gelada(!) para que acordem definitivamente", em nome do verdadeiro conceito de Democracia, que suplanta o pão e circo da indolência de torcidas.

Cães não são amigos(as) de cães


O anão
"Não interessa dizer como foi que um bancário como eu conheceu uma mulher como Paula, mas eu vou contar. Ela me atropelou com o carrão dela e me levou para o Miguel Couto e disse no caminho, a culpa foi minha eu estava falando no telefone celular e me distrai, meu marido odeia que eu dirija. Chegando no hospital eu falei para todo mundo que a culpa era minha. Ela deu um suspiro de alívio e falou baixinho, muito obrigada. Eles operaram minha perna, enfiaram um monte de parafusos nela e me deixaram numa maca no corredor pois o hospital estava cheio e não tinha vaga nas enfermarias.
No dia seguinte de manhã ela veio me visitar. Perguntou se eu tinha passado a noite no corredor, aquilo era um absurdo, disse que ia me levar para uma casa de saúde particular. Expliquei que estava bem, ela não precisava se preocupar. Eu queria que ela fosse embora, eles me haviam vestido com uma camisola que se eu me virasse na cama digo maca a minha bunda ficava de fora. Ela deixou uma caixa de bombons que eu dei para a moça que cuidava de mim, Sabrina, acho que era servente mas gostava de fingir que era enfermeira.
Uns dias depois a mulher voltou com outra caixa de bombons.Nem chegou a dizer nada pois Sabrina apareceu e perguntou, como foi que a senhora entrou aqui e ela disse que tinha licença do diretor e que se sentia responsável por mim pois tinha me atropelado, que eu ia ter que usar muletas e que ela ia trazer muletas para mim. Não precisa, disse Sabrina, ele já tem e por favor a senhora se retire pois está na hora do exame. A mulher perguntou se eu queria que ela fosse embora e eu disse que queria e ela foi embora e Sabrina pegou na minha perna e sempre que Sabrina pegava na minha perna eu ficava de pau duro, agora que a perna doia menos. A caixa de bombons dessa ociosa fútil voce joga no lixo, tá?
Nesse dia mesmo de tarde Sabrina apareceu e disse que eu era um sujeito de sorte ou então era amigo do prefeito pois ia ser transferido para uma enfermaria. Quando Sabrina aparecia meu coração batia apressado e cada dia eu achava ela mais atraente e ficava de pau duro quando ela tocava em mim, mas toda noite eu sonhava com a mulher que havia me atropelado, os cabelos negros compridos finos, o corpo branco como uma folha de papel. E nesse dia mesmo Sabrina me deu um recorte de jornal com o retrato da mulher, olha aqui a sua dondoca assassina. Foi aí que eu soube que o nome dela é Paula. É claro seu idiota que voce não sabia o nome, ela não ia te dar o nome com medo de voce pedir uma indenização, as coisas que os ricos mais gostam é dinheiro, ela então te dá chocolatinhos que custam uma merreca para voce não fazer nada contra ela, rasga logo essa foto.
Escondi a foto e continuei sonhando com Paula e ficando de pau duro sempre que Sabrina pegava na minha perna e olhando a foto de Paula quando Sabrina não estava por perto. Quando tive alta Sabrina me perguntou se eu queria que ela me levasse para casa e eu disse que não era preciso eu ia sozinho. Ela insistiu e eu fui duro, não precisa, e ela ficou chateada e eu disse que não era preciso eu ia sozinho, Sabrina tinha cuidado de mim, tinha me ensinado a andar de muletas e eu tratando ela daquele jeito.
(...)"
Na cabeça dos cães, o humano é seu melhor amigo, quando à sua presença, balança o rabo de alegria e só morde se o Outro tenta roubar-lhe seu direito à sobrevivência. E se os cães falassem ou escrevessem, normal ou em Braille, ou se soubessem colocar nomes e números em gestos ou sensações, não se enganariam tão bem e não se preocupariam com autenticidades para garantir seu bem estar imediato. Cachorros e cachorras, não se sentem inferior, muito pelo contrário, nem fazem comparações.
"(...)
Não foi porque Sabrina tinha os cabelos oxigenados que eu comecei a gostar menos dela, quer dizer, eu gostava de foder com ela, nós bancários somos muito tesudos, vivemos de pau duro, deve ser por pegarmos em dinheiro o dia inteiro, pelo menos era isso que acontecia comigo, toda mulher que aparecia no guichê dava vontade de foder com ela, quer dizer, as bonitas, mas não precisava ser muito bonita às vezes até as feias eu queria comer, ficava perturbado e errava o troco e no fim do mês era descontado, o banco não perdoava e tantas fiz que eles me mandaram embora e até foi bom pois achei que não pegando tanto em dinhero aquele tesão maluco ia passar e eu poderia viver em paz. Mas fui atropelado logo no dia seguinte em que fui demitido e começaram a acontecer essas coisas todas, Sabrina, Paula, o anão.
(...)"
Os cães não deixaram de ser selvagem, como qualquer outro animal. Sua semelhança aos vegetais, dóceis e inertes, é uma estratégia de caça.
"(...)
Não dá para viver com uma mulher assim. Sempre que nós fodíamos, nas vezes em que fodíamos o dia inteiro e eu dava duas ou três de pau dentro, não estou contando vantagens foi o maldito tempo que passei contando dinheiro no banco, nessas ocasiões, quando acabávamos de foder, Sabrina perguntava, com as outras foi assim? essa loucura? E eu que não sou bobo nem nada dizia, não não, só com voce. Jura que é só comigo? juro, quero ver minha mãe morta se algum dia eu fodi assim com outra mulher. Sua mãe já morreu, seu filha-da-puta. Juro que quero ver minha mãe viva, se não for verdade que eu só fodo assim com voce. Isso era pra rir, nós devíamos dar umas gargalhadas, é bom rir entre uma trepada e outra, mas Sabrina não ria nunca, ela só gostava de foder. Se ela tivesse pegado em tanto dinheiro novo e velho durante tanto tempo eu nem sei o que tinha acontecido com ela. Sabrina era renitente, voce lembra o nome todo dela seu infeliz, anda, confessa, um dia desses vou procurar essa Paula e liquidar este assunto. Mais juramentos meus, mais socos na perna de pinos.
(...)"
Os cães, para mim, só servem para sujar e se alimentar. E o pior, se for cadela, ainda se multiplicam. Quando oferecem segurança, são como as muletas; eu não gosto de muletas, cadeiras de roda e mulher carpideira.
"(...)
Quero voltar, eu disse, não vou deixar ela morta lá. Paula concordou, está bem talvez assim seja melhor. O carro parou na esquina, amanhã venho te ver de tarde, me espera, e Paula foi embora. Havia uma aglomeração na porta, curiosos, um polícia que informou que o rabecão já vinha. Dona Alzira me recebeu com uma saraivada de palavras, ah voce chegou sua amiga caiu da escada, eu estava vendo televisão quando ouvi o barulho e corri quer dizer primeiro vesti meu penhoar com esse calor ninguem fica todo vestido dentro de casa e a porta da rua estava aberta e a moça estava caida e eu logo vi que estava morta, eu sei quando uma pessoa está morta, já vi muita gente morta na minha vida não sou criança, minha irmã morta ficou com a cara igual à dessa moça e o homem da polícia quer falar com voce. O policial disse apenas que eu teria que ir à delegacia para prestar depoimento. Os curiosos foram embora, dona Alzira foi ver a novela e ficamos apenas eu e o polícia e a pobre Sabrina cujo cabelo parecia ainda mais oxigenado, esperando a perícia e o rabecão.
(...)"

Mulheres e cadelas quase se igualam, aquelas fazem diferença porque possuem - quando possuem - memória e usam do poder das palavras/nomes. Vez ou outra pecam por conhecer muito o conhecimento e afirmam que não são crianças por isso.
"(...)
Todo sábado eu me encontrava com o anão e pagava o almoço para ele com o dinheiro da minha indenização trabalhista e o anão ouvia grunhindo eu contar que estava muito apaixonado, que Paula era a mulher mais bonita do mundo, que um dia eu tinha dado nove gozando em todas e ela também, e que ela ia para casa com as pernas doendo. As mulheres tem pernas fortes, disse o anão, mas acho que ele não acreditou no que eu disse. Nesse sábado eu aluguei o anão o dia interio e de noite fomos jantar e tomamos um porre e eu levei o anão até onde ele morava, não muito longe da minha casa, num barraco pro lados da cidade nova perto do Piranhão, que´é a sede da prefeitura, assim chamada porque ali tinha sido o bairro das putas. Quando acordei os retratos de Paula tinham sumido, o do jornal e o da polaróide e eu fiquei desesperado e fui ao lugar onde tínhamos tomado o porre, mas ninguém tinha achado as fotos e fui ao barraco do anão e ele não estava e passei o resto do domingo desesperado a noite inteira acordado dando cabeçadas na parede.
(...)"
Homens e cães quase se igualam, aqueles fazem diferença porque possuem - quando possuem - memória e a usam no poder da natureza. Vez ou outra pecam por usar sua animalidade e afirmam que não são cachorros por isso.
"(...)
Na segunda Paula chegou e não tirou a peruca nem os óculos escuros nem a largou nem deu um beijo e disse um sujeito chamado Haroldo telefonou hoje de manhã para minha casa alegando que era seu amigo e que tinha uma foto minha nua e que queria dinheiro para devolver a foto, voce guardou uma daquelas fotos? Eu me ajoelhei aos pés dela e pedi perdão e beijei o sapato dela e disse foi aquele anão de merda e contei tudo para ela e pedi perdão novamente e me lembrei de Sabrina rastejando agarrada na minha perna de pinos. E agora? o que vamos fazer?, disse Paula. Deixa comigo, eu disse, e Paula foi embora e quando ela saiu sem ter tirado a peruca sem ter largado a bolsa sem ter tirado os óculos escuros e sem ter me dado um beijo eu rolei pelo chão como um cão danado xingando o anão de filho-da-puta.
(...)"
Da mesmíssima forma que quase toda mãe pode ser puta, quase toda puta pode ser mãe; existem situações na vida que os nomes se igualam tanto com a substância e os fenômenos que nos acostumamos à sua simulação. Tenho um exemplo em casa, meu irmão quase gêmeos. Geralmente a verdade por detrás da simulação se esconde sempre com as variações do dinheiro; outra simulação do valor supremo.
"(...)
O anão chegou às oito horas da noite e me vendo só na sala perguntou e a mulher? Mostrei a porta do quarto fechada e disse ela está lá dentro não quer falar com voce, me dá as fotos para trocar pela grana, e ele me deu as fotos, a do jornal e a dela nua linda olhando para mim. (Se Rubem Fonseca tivesse terminado o conto neste ponto, com certeza não estaria preocupado se acaso o diferenciassem de um cão. Ele sabe da verossimilhança dos nomes.) Agarrei o anão pelo pescoço e levantei e levantei ele no ar e ele se debateu e me fez cambalear pela sala batendo nos móveis até cairmos no chão e eu coloquei o joelho no peito dele e apertei até minhas mãos doerem e eu ver que ele estava morto. E depois apertei o pescoço dele e coloquei o ouvido no peito dele para ver se o coração batia e apertei de novo e de novo e de novo e passei o resto da noite apertando o pescoço dele. Quando o dia raiou eu o coloquei na mala e fechei a mala e abri a janela e aspirei o ar da manhã com a sofreguidão com que eu sorvia o ar que saía da boca de Paula quando nós fodíamos.
(...)"

64 contos de Rubem Fonseca, Companhia das Letras.

domingo, 18 de outubro de 2009

Doces lágrimas sem idade

Neste final de semana chuvoso, dentre tantos neste ano, quando então me vi não só livre, como também "obrigado" a permanecer ao calor e sabor da solitude de meu lar - tomo drogas para reconfigurar meu sistema imunológico, que não combina radicalmente com clima úmido, etc. - hoje, eu quase aprendi a pensar que a sociedade brasileira está definitivamente voltada para a paz e o futuro.
Quase; jamais vou mentir por mim.
Paz e futuro, é tudo que ainda não existe e não desisto.

Atualmente, é lugar comum dizer das vantagens da internet. Lembro daquela música, "eu quero uma casa no campo, onde eu possa...", duvido que o mesmo, ou outro compositor a fizesse, hoje, sem acrescentar a internet.
Atenção: aqui o óbvio, não é a contradição.

Desde ontem, precisamente depois da meianoite, decidi implantar um sistema de placas, por minha própria conta, em todos os atalhos que já percorri, e comprovei seus reais ganhos, em tempo e prazer de estar vivo.
Quando percebi que no atalho da diferença, construiram um shopping, resolvi pensar oficialmente.
Prevendo uma tarefa exaustiva com extrema desnecessidade, porque quer queira ou não, o ser natural não troca sua vida em experiência por outra que o tornaria desnaturalizado, desisti, embrulhei a memória e larguei alí sobre terrário da cobra.
Esta desnaturalização jamais é completamente escolhida; por mais que a mioria esmagante me prove ao contrário.
Com certeza, este é o único álibi, realmente justo, que possui a Maitê, para aquela viagem estonteante, junto ao seu feeling de mulher antes dos nomes, pela 'nossa pátria mãe'.
("Se do pó ao pó, que seja o da estrada, pourra, Devir")
Tenho certeza também que, nas "profundezas" do inconsciente dela e coletivo, de todas as pessoas que "o pecado" revela a experiência mediata, existe a esperança de uma era morta que seja imediatamente enterrada.
Mas não é a "era" do socialismo ou capitalismo.

Rosenzweig, no texto Os mandamentos: divinos ou humanos, afirma que não podemos "expressar" Deus (Gott aussprechen), mas apenas nos dirigir a Deus (Gott ansprechen) no mandamento individual. E, segundo ele, ao cumprir o mandamento, ouvimos de forma diferente: ou seja, na ação de cumpri-lo, o conhecimento de Deus se produz no diálogo com Ele, assim como o conhecimento dos homens se produz no diálogo com outros seres humanos. (Maria Cristina Guarniere)

Juro que nestes últimos meses, tentei colocar minha palavra.
Quando a Roberta Castro introduziu a palavra/nome Véu, eu incidentalmente também tomava uma decisão teórica, afirmava que o Homem trocou de lugar com a Sombra.
Naqueles dias, percebi a "marolinha", salve Lula!, por detrás(?) da crise econômica, mas tambem percebia revelações muito rápidas a cada post e comentários, e quanto nos diálogos mais comuns de rotina, em casa, no trabalho, em todo lugar.
Fiquei preocupado, não tenho forças físicas, nem demasiados estudos, para encarar estes novos pensamentos de fusões teológicas, "onda ontológica na natureza"; logo teremos por todo o Brasil, e vai ser espetacular.
Meu filho surfa nestas "ondas hermenêuticas" comuns das frentes frias.
Eu tentei tambem, rss, conversar com a Dny, minha vítima consciência, que ficou com aquele sorriso acanhado de mineura.
Tentei também contar com a Juliana, diamante bruto amélia das cavernas, para me esperar.
Mas duvido muito, não é da natureza delas, rss.

E, no imediato da experiência, pensar é seguir tentando.
Vou dormir, pensando, é claro!, se sou de verdade, se as pessoas e se Deus e o mundo, se tudo também é de verdade.
Eu nunca pensei no nada, desde o berço, talvez, se de alguma forma o revelei, foi como poesia; ele pode existir, mas é impensável.

Seguindo uma atualíssima questão da comunicação, e não vou aproveitar que estou sonhando e criar um cenário típico dos grandes estadistas ou pensadores da civilização - relato o caso mais conhecido e ocultado, das melhores famílias do mundo.
A menina cega, por culpa da natureza, do contrário não haveria culpado, procurou o advogado da família, queria uma indenisação por se sentir vítima. Queria uma quantia muito além do que a família e o próprio país poderia pagar. Ficou conhecida mundialmente como a vingadora de Descartes.
No Hospital das Clínicas conheço uma garota cega conivente com meus crimes. Ela vê muito melhor, confessou-me. Jamais usou só a bengala, usa um óculos de lentes roxas, escuras e profundas que dão realmente a impressão do que diz.
Contou-me que quase um bandido se suicidou por não ter coragem de matá-la.

Não é muito fácil a vida de Nete. Invocada até o pescoço, apenas. Quer se vingar de um filósofo?
- O que ele fez, muié? Apaga essa luz, dorme um pouco!
- Fiquei cega depois que ele dividiu o corpo. É como cortar São Paulo do Brasil.
- Que santo é esse, pelo amor de Deus, vem deitar.
- Levanta, voce, e vem me dizer, por onde eu vejo, José?
Então ambos se calam. José tenta dormir. A luz acesa, fecha os olhos, não sabe o que está acontecendo, não sabe como e porque vem passando por esta experiência.
Nete quebra o silêncio.
- Voce precisa renascer, José! José da multidão. Sem corpo, sem alma. José de Ninguém.
O despertador toca. Nete desliga, deixa José acordado, sonhando que está trabalhando para viver.

sábado, 17 de outubro de 2009

Democracia segura nas mãos


"Quem aposta em azarão é sempre suspeito".
Frase e foto colhida na internet.
Confluências na 4ª pessoa

Eu sempre fui assim, meu ex-amor impossível,
nunca consegui abandonar e
esquecer ex-amores impossíveis
no passado, presente e futuro.

E também nunca acreditei em realidades múltiplas,
do tipo que antecipamos seu conhecimento
a partir dos nomes.

Jamais aprendi a ser a terceira pessoa no indicativo
e também tenho restrições em ser segunda pessoa.

E também sempre sinto náuseas existenciais,
quando a realidade se limita ou (!) se distribui
somente nas três primeiras pessoas.

Já não me incomoda mais a divisão do tempo,
na primeira pessoa estou sempre desolado.

Na segunda, experimento muito prazer de viver,
há um vasto campo de prazer,
mas sempre a dor me causa confusão,
esta, há muito tempo aprendi,
se origina tão somente em experiência.

Nunca soube o melhor a fazer
para anular a dor,
se minhas iniciativas
se esbarram na primeira pessoa das pessoas,
embora muitas vezes também na minha,
que sempre foi deste jeito desolado,
como se tivesse nascido mais ou menos 500 anos
antes ou depois; inclusive,
até poderia obter vantagem,
poderia
- meio antigo meio vidente -
catalogar e sistematizar
confluências de sentidos opostos
e não divergentes, ou ao contrário,
sentidos de vir a nascer
e sentidos de vir a morrer,
eu teria um manancial de experiências,
apesar de necessário e virtualmente insólito,
de mais ou menos 1000 anos de vida.

Conhecemos muitos gurus da atualidade
com estes catálogos, livros, arquivos, nomes...

Jorge Luis Borges possuía um de 10000 anos.

Na terceira pessoa, nas poucas vezes
que posso viver, por livre escolha,
para fins de conhecimento,
discordo de tudo.

Lembro do quanto me lancei ao princípio
para encontrar a causa primeira do erro de tudo.

E do quanto estudei furiosamente
para encontrar o efeito último.

Eu posso encontrar outra forma de viver,
uma forma errada que se coadune ao erro geral
e aceitar esta terceira pessoa absolutamente;
quero apenas um motivo.

Fiz inúmeras experiências,
mas tanto as fracassadas quanto as bem sucedidas,
só foram possíveis se eu criasse uma quarta pessoa,
e sempre improvável,
para bem da paz, por exemplo.

É muito tédio se inspirar no inefável
mas não poder vivê-lo em realidade.

O amor,
a amizade,
a alegria,
o conhecimento,
a paz,
a solidariedade,
a coragem,
a verdade,
por exemplos, quão sublimes
se tornam na quarta pessoa!

Eu sempre fui assim, meu ex-amor impossível.
Dividido no imediato.
"Uma parte de mim, é mundo
outra, fundo sem fundo"
Eu enxergo nas expressões dos outros
as indagações primeiras, como
cercas, muros e dores,
vou citar apenas um exemplo, todas as pessoas
querem saber aonde tenho os pés,
qual é o nome de onde tenho os pés,
e se eu responder,
e atualmente este tipo de pergunta
não é para querer saber
- nada além do limite da primeira pessoa -
no limite mínimo do "chão",
ou no limite máximo do "aqui",
apenas o que interessa para (!) mim,
preciso torcer
para que o diálogo não cambie para o desterro,
para a desolação,
do passatempo ou violência gratuita,
porque raramente se torna útil
para além dos nomes.

São os momentos quando agradeço até a loucura,
em algum universo dentro da primeira pessoa
ouço o requiem de Mozart
e ouso não saber nada.

Acredito que comecei existir
à partir do momento quando passei a olhar para fora
e ver, em seu sentido mais amplo,
que se ampliaria cada vez mais a cada instante;
ver e saber e querer ver e saber cada vez mais.

Para todas as direções,
exceto para as pessoas,
jamais cheguei a um fim inexorável.

Primeira, segunda, terceira, quarta,
e quiçá há de vir mais pessoas,
todas envolvidas neste mesmo erro fundamental
para nos diferenciar da bestialidade:
a razão dos nomes.
##################################
E depois, o que resta de Nós? Democracia líquida e certa vida simulada.
por Marina Colasanti
Eu sei que a gente se acostuma.
Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos
e a não ter outra vista que não seja as janelas ao redor.
E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora.
E porque não olha para fora logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas.
E porque não abre as cortinas logo se acostuma acender mais cedo a luz.
E a medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora.
A tomar café correndo porque está atrasado.
A ler jornal no ônibus porque não pode perder tempo da viagem.
A comer sanduíche porque não dá pra almoçar.
A sair do trabalho porque já é noite.
A cochilar no ônibus porque está cansado.
A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.
A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra.
E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja número para os mortos.
E aceitando os números aceita não acreditar nas negociações de paz,
aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.
A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone:
hoje não posso ir.
A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta.
A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita.
A lutar para ganhar o dinheiro com que pagar.
E a ganhar menos do que precisa.
E a fazer filas para pagar.
E a pagar mais do que as coisas valem.
E a saber que cada vez pagará mais.
E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas que se cobra.
A gente se acostuma a andar na rua e a ver cartazes.
A abrir as revistas e a ver anúncios.
A ligar a televisão e a ver comerciais.
A ir ao cinema e engolir publicidade.
A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.
A gente se acostuma à poluição.
As salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro.
A luz artificial de ligeiro tremor.
Ao choque que os olhos levam na luz natural.
Às bactérias da água potável.
A contaminação da água do mar.
A lenta morte dos rios.
Se acostuma a não ouvir o passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães,
a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.
A gente se acostuma a coisas demais para não sofrer.
Em doses pequenas, tentando não perceber, vai se afastando uma dor aqui,um ressentimento ali, uma revolta acolá.
Se o cinema está cheio a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço.
Se a praia está contaminada a gente só molha os pés e sua no resto do corpo.
Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana.
E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo
e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.
A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele.
Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se
da faca e da baioneta, para poupar o peito.
A gente se acostuma para poupar a vida que aos poucos se gasta e, que gasta,
de tanto acostumar, se perde de si mesma.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Na valia da carne


A foto e estes três comentários se encontram neste recanto virtual:
http://bulimunda.wordpress.com/
e a música já é pela saudade de outra pessoa, minha bela professora, paixão destas filosofias:
eu não devia fartar-me de seu suor,

Jardins de Narcisos
1
Chega a ser espantosa a foto, sabemos qual é o diálogo, na natureza temos os exemplos mais triviais do "predador e a presa", e porque só obtemos certeza que o bicho humano usa as palavras e sua lógica mínima, podemos crer num imperativo daqueles momentos; tais momentos perdidos no tempo, iludidos pela suposta eternidade da natureza, influenciam a civilização de volta; ao mito do eterno retorno(?!): depois do ser, o nada.

Do pó ao pó, novamente. Então para quê, saber?

Volto a lembrar daqueles momentos cruciais da vida do ser natural, e os permeio para os diálogos de rotina e ambientes e produções culturais.
Visualizo coletividades, sindicâncias, partidos, e fico sinceramente horrorizado; não sei de nada, do pó ao pó; não sei arregaçar as mangas do avental, meter a mão na "massa"; assim se encontra os rendidos.
Existe mais um elegante movimento solidário, talvez, enfim, visto o hediondo
da exclusão, nela, sutil, sofro uma molécula viva de gás.

Na foto, a mocinha é
o filho/amigo/esposo/paipredador caçador,
o mocinho é a filha/amiga/esposa/mãepredadora caça.

Grupos que representam os provedores e inimigo dessa volta cíclica ao Nada. Filosofia em comum do útero natural. Amar a natureza por dentro, e por fora deixar o que aconteça; "destino".
Isto mais me parece ardil de Narciso.
Meninos e meninas brasileiras e brasileiros.

E o porquê da inversão fantástica?
Quer saber quem devora quem?
2
Grande sentimento
que experimento dia a dia, sol a sol
pisando nesses ovos, me equilibrando
ao fio da navalha, noite a noite, lua a lua
o mundo aqui dentro, aqui fora, aqui aí
está como é
sem precisar pensar
eu penso para não existir
olho as pessoas para não ver
estou assim sem estar, ser sem ser
nem vasio nem finito, por enquanto
e não sinto medo, não sinto mais nada
porque meu tempo não precisa pensar
não precisa doer, não precisa existir
§
O destino é a bela, a bela é o doce.
O doce é a vida. a vida é a passageira.
Mudaram as estações nada mudou
Mas eu sei que alguma coisa aconteceu
tudo assim, tão diferente
Se lembra quando a gente chegou um dia a acreditar
Que tudo era pra sempre sem saber que o pra sempre sempre acaba
Mas nada vai conseguir mudar o que ficou
Quando penso em alguém só penso em você
E aí, então, estamos bem
Mesmo com tantos motivos pra deixar tudo como está
Nem desistir, nem tentar, agora tanto faz...
Estamos indo de volta pra casa

Espelhos do desejo


Às vezes, no meio de uma conversa,
seja ela qual for, escapo, literalmente fujo,
para lugares incomuns, para onde sei
que não vou mais precisar de minhas armas.
Onde o jardim não tem fim e é fantástico.
Onde a vida não é um show de horrores.

Às vezes até no decorrer de um texto.
Até quando escrevo; exaspero
a sensação de que um texto normal
precisa ter começo, meio e fim.

Existe a certeza de um texto que se liga ao outro,
e assim por diante, mas existe também os "intervalos",
um grande erro da civilização,
que determina a linguagem.

Não nos destacamos da bestialidade pela razão,
pela normatização da existência e inércia.
A vida em comum não corresponde ao conhecimento.

Mil e uma noites causam um único efeito
mais próximo ao todo obscuro desejado.
Enquanto isso, longe das núpcias do soberano,
um único apertar de botão é a causa de...

Ao lugar comum do conhecimento e arte
prevalece sempre conversas sobre causa e efeito,
porém, e teoricamente, no singular
ou com sujeitos indeterminados.
A ciência determina Deus, teoricamente,
e na prática, ninguém experiementa tal fenômeno.
Certa vez, ainda neste milênio,
durante o programa Invenção do Contemporâneo ,
na TV Cultura - seria um oásis perfeito se -
haviam notáveis pensadores debatendo
sobre a morte ou não de Deus,
eu fugi, literalmente escapei,
e fiquei, desta vez, surpreso comigo;
eu vivo este assunto,
estou imerso nesta certeza dividida de meu tempo.
Certamente, usei uma estratégica legal,
que geralmente começa com dúvidas absolutas.
Estas não falham nunca, por exemplo:
Quem é Deus?
Quem é o Homem?
Daí segue as mesmas relativas dúvidas
circunstanciais e pessoais, por exemplo:
Seríamos nós deuses e matamos ou não o Homem?
Existem homens e Deus?


Escapadas lícitas ao tempo bi-partido.
Sem nada e sem Deus, ou deuses,
ou com Ciência e sem "deuses", ou sem o Homem.
Nas palavras de Gianni Vattimo,
"se a experiência é a experiência de uma êxodo,
trata-se provavelmente da partida para uma viagem de retorno".

Poderia dizer, que já estive no jardim sem fim e fantástico,
sonhando com um maravilhoso retorno ao Brasil,
à minha então determinada e irrecusável
identidade, família e sociedade.

Quando sou recapturado, minha existência
(identidade, família e sociedade)
pede paz.
Eu não quero viver bem ou mal
como se fosse um animal irracional.

A imagem não foi das melhores, consciente ou não,
mas o ponto aonde
só mesmo a humanidade de cada um pode atuar,
"impedir a vida, sequer depois da morte",
ficará guardada com carinho,
mas seria péssima, certamente
eu a esqueceria facilmente, rss,
se não houvesse a dúvida
- em quantas testas acertou?
- jamais saberemos (?) -
porque vamos pensando.

domingo, 11 de outubro de 2009

Da descoberta do Brasil

Peguei uma onda refratária daquele momento político, da grande reação contra o golpe de 1964, dos sobreviventes porém ainda perseguidos nas décadas de 70 e 80.
Meus textos são quase ainda um travalíngua, mas deve valer uma mínima mudança, quem sabe tombe a primeira peça de um dominó teórico, ou influencie um bando de estudantes do calcanhar de Aquiles.

Certa vez, no 1º colegial, aula dupla de literatura, redação que valeria 50% da nota do bimestre, depois de terminá-la, aguardei até o final da aula conversando com a professora.
Ela me reclamava que nem 30% entregaria uma "verdadeira" redação.
Eu lhe perguntei se ela sabia ensinar como fazer redação.
A professora então me perguntou como deveria ensinar a fazer uma "verdadeira" redação, que expressasse algo que "qualquer pessoa" pudesse saber/vivenciar o quê e o porquê de ter sido uma "verdadeira criação".
Depois de alguns instantes respondi que bastava dizer a cada aluno pessoalmente que ali poderiam mentir.
Obviamente, no primeiro momento, a professora não alcançou a maior razão necessária, que logo depois do domínio do ato de escrever, os alunos poderiam escolher livremente se suas criações seriam mentiras ou verdades, no decorrer da vida.
Ela ficou muito feliz quando entendeu a proposta, disse que, já no outro dia, experimentaria minha reflexão, em outro colégio, que também lecionava para crianças, no primário.
Na outra aula, ela me abraçou, e disse que o resultado da experiência foi impressionante.
Muitos aulas depois, quando lhe perguntei sobre os seus alunos do primário, como estavam "se entrando na redação", a professora, muito triste/mente disse: "A diretoria não gostou, fui transferida, tenho que lecionar Moral e Cívica, agora."
O tutu da dita dura.

Lembro que eu tentava entender de política como um todo, onde todas as pessoas pudessem estar operantes, atentas a todo momento.
Sinto muita saudade.
Eu fiquei muitas vezes deitado, sozinho, aos domingos, na grama da praça do por do sol, alto de Pinheiros/Vila Madalena, sonhando com revoluções.
Mas eu tinha apenas 16 anos e precisava trabalhar e estudar muito "para não repetir de ano".

Este poema do Affonso reflete aquela refração contra a ditadura, apesar de ter sido publicado quase 10 anos depois:

A implosão da mentira
Affonso Romano de Sant'Anna

Fragmento 1
Mentiram-me.

Mentiram-me ontem e hoje mentem novamente.
Mentem de corpo e alma, completamente.
E mentem de maneira tão pungente
que acho que mentem sinceramente.
Mentem, sobretudo, impune/mente.
Não mentem tristes. Alegremente
mentem. Mentem tão nacional/mente
que acham que mentindo história afora
vão enganar a morte eterna/mente.
Mentem.

Mentem e calam. Mas suas frases
falam. E desfilam de tal modo nuas
que mesmo um cego pode ver
a verdade em trapos pelas ruas.
Sei que a verdade é difícil
e para alguns é cara e escura.
Mas não se chega à verdade
pela mentira, nem à democracia
pela ditadura.

Fragmento 2
Evidente/mente a crer
nos que me mentem
uma flor nasceu em Hiroshima
e em Auschwitz havia um circo
permanente. Mentem.
Mentem caricatural- mente.
Mentem como a careca
mente ao pente,
mentem como a dentadura
mente ao dente,
mentem como a carroça
à besta em frente,
mentem como a doença
ao doente,
mentem clara/mente
como o espelho transparente.
Mentem deslavadamente,
como nenhuma lavadeira mente
ao ver a nódoa sobre o linho. Mentem
com a cara limpa e nas mãos
o sangue quente. Mentem
ardente/mente como um doente
em seus instantes de febre.Mentem
fabulosa/mente como o caçador que quer passar
gato por lebre.E nessa trilha de mentiras
a caça é que caça o caçador
com a armadilha.
E assim cada qual
mente industrial?mente,
mente partidária?mente,
mente incivil?mente,
mente tropical?mente,
mente incontinente?mente,
mente hereditária?mente,
mente, mente, mente.
E de tanto mentir tão brava/mente
constroem um país de mentira
—diária/mente.

Fragmento 3
Mentem no passado. E no presente
passam a mentira a limpo. E no futuro
mentem novamente.
Mentem fazendo o sol girar
em torno à terra medieval/mente.
Por isto, desta vez,
não é Galileu quem mente.
mas o tribunal que o julga
herege/mente.
Mentem como se Colombo
partindo do Ocidente para o Oriente
pudesse descobrir de mentira
um continente.
Mentem desde Cabral, em calmaria,
viajando pelo avesso, iludindo a corrente
em curso, transformando a história do país
num acidente de percurso.

Fragmento 4
Tanta mentira assim industriada
me faz partir para o deserto
penitente/mente, ou me exilar
com Mozart musical/mente em harpas
e oboés, como um solista vegetal
que absorve a vida indiferente.
Penso nos animais que nunca mentem,
mesmo se têm um caçador à sua frente.
Penso nos pássaros
cuja verdade do canto nos toca
matinalmente.
Penso nas flores
cuja verdade das cores
escorre no mel
silvestremente.
Penso no sol que morre diariamente
jorrando luz, embora
tenha a noite pela frente.

Fragmento 5
Página branca onde escrevo. Único espaço
de verdade que me resta. Onde transcrevo
o arroubo, a esperança, e onde tarde
ou cedo deposito meu espanto e medo.
Para tanta mentira só mesmo um poema
explosivo-conotativo
onde o advérbio e o adjetivo não mentem
ao substantivo
e a rima rebenta a frase
numa explosão da verdade.
a mentira repulsiva se não explode pra fora
pra dentro explode implosiva.
Este poema, que foi enviado ao Releituras pelo autor, foi publicado em diversos jornais em 1980.
Apesar do tempo decorrido, face aos acontecimentos políticos que vimos assistindo nesses últimos tempos, ele permanece atualíssimo.
Segundo Affonso Romano de Sant'Anna, foi publicado também em várias antologias, como "A Poesia Possível", Editora Rocco - Rio de Janeiro, 1987.

Meus agradecimentos a todos que se esforçam
ou fogem somente e assumidamente
para os recantos naturais da Arte&Razão,
Mas não se esquecem que terão todo tempo
do Mundo, para explodir ou explodir-se, se
as pessoas consciêntes (!), Pensadores e
Educadores, Industriais e Comerciais, Artistas
e todo tipo de Trabalhadores Liberais, e todos
com esmeros Conhecimentos e Discernimentos,
Deixarem aos 'outros' (!?) a "dialética" da função
da "Ordem e Progresso", para sofrer (óbvio !) ou
se melindrar com o sofrimento para os próximos.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Cold Case

TRUE STORY

É tão complexa a vida que resolvi deixá-la se recuperando e aproveitava para cuidar do resto, para que este não entulhe a soleira da porta.
A dificuldade é algo que deixou de ser moda até naqueles países mais avançados, então não sou de ferro; toda carne é fraca, ao fogo sofre.
Mas as frases de paraxoque são paradóquiscos quando se encontram nos outros, a dor não vale qualquer penada.

Blog não é minha cronica desde que nasceu meu Bem, no espaço orkut que ficou pequeno; minha infância foi nas salas de bate papo.
Lá os crackeiros de Newalk questionam o que sobra da divina comédia humana de maneira imprudente; churrasco sem matar e limpar a carne.
Experiências de sobra, dá até para salvar as roupas de incêndios contundentes; o diabo espreita, de salto 15 prada esfrega as mãos e faz bolinhas.

Falarem o que os outros tem que fazer é fácil.
Fazerem o que os outros tem que falar é difícil.
Aos primeiros bastam não fazer nada.
Aos outros não bastam fazer.

Foi depois destas, indiferentes, secas e jogadas pro ar, frases de parachoques de naves loucas, que fui chamado para uma entrevista de emprego; proposta que fiz a mais de dez anos. A empresa está entre as dez maiores contas da publicidade mundial. Houve uma ajudinha, sine qua non, bem brasileira, de meu amigo Rico. Aconteceu outro dia, recentemente, terça feira, agora. Eu estava no maior bode por não conseguir dormir e se enrolar na cama desde as 3:30hs, à luz da TV apagada, e ele ligou para eu comparecer 8:00hs.
Jamais espero o amor na vida, jogando para passar o tempo ou por diversão impossível higienicamente eletrônica. Então, Mônica, na recepção, me entrega a 'proposta de emprego' para preencher, e sorri. Um sorriso tão lindo e tão bem definido que eu resolvi amar um pouco.
- O que voce contém, Mônica?
- Credo, que pergunta, voce quer tomar um cafezinho?
- Café só aprecio após acordar.
Mônica se intersecciona-se.
- Estou acordado desde semana passada.
- Voce prefere voltar outro dia?
- Se o Rico me fizer esta pergunta, direi que não.
- O senhor pode aguardar.
Sentei em um sofá enorme e branco, travei, fiquei olhando o reflexo de Mônica trabalhando na mesa de centro de vidro sobre o tapete de pele de panda por pouco tempo logo Rico apareceu e me chamou até a sala de reunião onde estava os três sócios da empresa. Destravei, passei apressadamente e sequer ressenti o perfume afrodisíaco daquela que a pouco me encantava como uma droga de sereia.
Já na primeira pergunta séria percebo a salvação da área de trabalho e o fundo de tela.
- Pois bem, senhor Armando Duro, vamos ao que interessa, que é o que somente interessa para o sucesso da empresa, mas antes, eu, o Jair e o Jurandir, e o diretor de logística, o Rico, ficamos curiosos, depois que a Mônica nos relatou um fato 'bem estranho' que aconteceu na recepção.
- Aprecio ouvir ou ler poemas e certos relatos "bem estranhos".
- Sem ofensas, mas nos descabelamos, como diz o rapper office boy da empresa, em gargalhadas, acho que o senhor até pôde ouvir, ouviu?
- Na vida real sempre prefiro sem trilha sonora ou contra regras. O que ela contou, "senhor"?
- Jaime, por favor. Pois bem, Armando, ela disse que voce se apaixonou à primeira vista, isto é muito inusitado, teremos um nobre Dom Juan entre nós mortais, portanto?
Pergunta muito complexa, divaguei, lembrei de minha esperança ainda sob as montanhas remotas em algum lugar de Minas, cantei "dentro de mim" Quem Sabe Isso Quer Dizer Amor, sem perder meu objetivo de ser e estar ali, depois respondi.
- Teremos?
- Se não for o zorro...
Gargalhadas são humanas. Mônica entra oportunamente rebolando e entrega a 'proposta de emprego' preenchida(?) para o Jaime. Os sócios se olham. Jaime passa o formulário para o Rico. Ele olha para mim e segura nova gargalhada. Os sócios não conseguem, e eu sinto muito "sono". Lembro do panda, da sua pele presa sob a mesa de vidro, inerme. Um verdadeiro processo de intersecção irrompe entre minha orelha e minha nuca.
- O senhor cursou na Havard? Pergunta-me, Jurandir, o mais modesto, impressão que tive devido as suas roupas, camiseta pólo e jeans desbotado e bota preta surrada.
- Mais ensinava.
- E a trocou por Oxford, por que?
- Temia por se tornar famoso, programa do uma vez por ano, essas coisas.
- Há quinze anos abandonou suas atividades no SNCI, para colaborar com pequenos jornais de pequenas cidades do interior, por que?
- Esta é uma pergunta muito complexa, senhor Jurandir.
- Só Jurandir, "por favor".
Desta vez eu que precisei conter uma gargalhada. Não foi com tanta dificuldade, porque gargalhar é demasiadamente humano.
- Parece que voce, Armando, ?, prefere que o estendemos um tapete vermelho, seu Nobel de Medicina, todo mundo sabe, e ninguém entendeu exatamente o que encontrou dentro das bostas das bactérias, não teve toda essa audiência que imagina.
- Uhm, barraco, também, "senhor"?
- Quê? Pergunta-me, Jair.
- É, barraco, o senhor não sabe o que é um barraco?, mas não estou falando destes de construção, falo daquelas instalações virtuais que gatos fazem na madrugada.
- Vou sugerir o seguinte, sou responsável pela parte pessoal da empresa, e em consideração ao Rico, que promoveremos o Buiú, do telex, e voce ocuparia seu lugar.
- Isso ainda existe?
- Tem uma ideia melhor?
- Departamento de criação, uhm, então já posso começar?
Claro que sabia, em algum momento deveria responder que não gosto de jogos mentais, que sou antiquado, ainda me basto ao espanto dos lobisomens.

Juro que queria escrever neste post, uma divulgação apaixonada pelas as atrizes da peça de teatro Elisabeth versus Mary Stuart, que vou assistir amanhã, no teatro da Gávea. Inspirado naquelas damas tão antagônicas de gênio, resolvi remexer em meus arquivos "mortos" para saber se alguém ainda permanece viva. Mas não pretendo entrar em nenhuma lan house do Rio, talvez. Ainda não aderi ao lap top top hour, continuo preferindo a péssima educação de 'cigarros', porem, só raramente ao tomar banho, quando se trata de distâncias e conquistas aproximativas, no eterno grupo de risco. Saberei se receber comentários e ou emails importantes através do celular.