quinta-feira, 29 de abril de 2010

Existir jamais como sacrifício essencial

Parece-me intangível o Outro
quando crê e pára de pensar.
Desde o primeiro texto, aqui,
quis romper com este "trote".

A vida fora daqui, deste limite virtual, é e não é verdade, e, assim, enquanto vida, nada diferencia dentro e fora.
Mas quanto a aplicação da verdade e da mentira é preciso jamais confundir tanto os espaços quantos os tempos, claro, nos relacionamentos entre as pessoas.
A virtualidade, quando compartilhada por duas ou mais pessoas, não afasta nem a espacialidade total, que cobra a capacidade de cada uma, se assim houver necessidade de uma ampliação para além da simples ideia, nem também a temporalidade imediatamente infinita, porque esta é inerente ao conceito de existência.
Não é incomum crer que, por ser virtual, um espaço/tempo não remeta a um sentido de vida.
Esta crença normalmente cria aquela confusão na aplicação e aceitação dos juízos - verdade ou mentira - e a amplifica a tal ponto que as pessoas perdem a noção da diferença, e ordem no mundo real, do que é existência e o que é essência desta.

Gostaria de continuar depreendendo sobre tais variantes de confusões e ou crendices, mas me sinto, talvez pelo exíguo comprometimento que me reservam as pessoas no espaço/tempo aqui e fora daqui, como se serrando os próprios pés aos quais me sustento.
Os questionamentos mormente criam mais esta confusão, o que atrapalharia muito o objetivo deste post: uma apreciação da entrevista concedida pela A. ao jornal A Voz da Pedra.
Como avalista deste pequeno rabuje particular, tenho também outro sentimento, e este praticamente certo, de que ela, todavia o alvo oportunamente isolado de meu interesse, não está sequer prestando a mínima atenção na minha existência e também sequer remotamente está preparada para perceber a minha essência (?).
E a prova mais rigorosa da inexistência de mágoas é o pertinente título.

Poderia também, subjetiva ou objetivamente, mencionar alguns dados históricos, embora escassos, sobre o ambiente familiar, e ou suas compreensões e gostos culturais, mas isso soaria como a mais pérfida crítica; quase sempre muito mais apaixonada do que amorosa.
La chose la plus difficile, quand on a commencé d'écrire, e'est d'sincére.
Il faudra remuer cette idée et définir ce qu'est la cincerité artistique.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Arrasta-me, por favor


Eu estou com medo
creio que nunca senti isso
talvez porque nunca tive a capacidade
do espanto e hoje me espantei
quando vi a cara do anjo expulso do paraíso


Sempre enfrentei situações extremas
somente aquelas imprevistas
com a mesma tranquilidade de quem após o próprio
erro reconhecido, se desculpa e paga qualquer preço
para nunca mais repetir


Eu estou com medo
descobri enfim o que mais me perturbava desde que nasci
o "erro" de ter nascido
e todos que eu procuro conviver se calam para confirmar
que o erro é "meu" e devo pagar com a própria vida


E a cada investida da cobrança, se não pago
alguém que amo ou que preciso como a mim mesmo
é ameaçado grosseira às vezes sutilmente talvez até meu fim
e só se livram da dívida capciosa
se reforçarem o objetivo original (vingança?)


Então por onde vivo, por onde ando
uma legião de desafetos se formam e me apedrejam
e não há esconderijo eficiente ou alienação suficiente
minha morte não deve ser metafórica
porque minha vida não pode ser literal


Hoje eu tive medo pela primeira vez
mensagens de um anjo muito irritado, muito impaciente
invadiu meu lar, está muito perto, quase dentro
quase pronto porque também invadiu minha mãe
e por ela, o único amor que conheci, desisto de viver


Infelizmente, apenas porque não sei
apesar do não saber ideal
se minha mãe sobreviverá pelo menos um olhar
um único suspiro depois de meu último
porque tais anjos furiosos só param se morrer

literalmente em seu próprio inferno de inveja e covardia!!!

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Sobre humanos e outros

O pequeno e o grande no cotidiano

Viver é um grande trabalho para o prazer

"Chover no molhado" é uma expressão poderosa, tão quanto "falar a verdade".
Ambas possuem no imediato razões particulares, este território minado, como afirma as palavras de Bachelard ao final do post anterior, e o risco de morrer ou ficar aleijado é muito real, portanto prefiro, nesta outra vida do "meu" devir, rss, usar somente o calor de minhas ideias.
Prestem atenção, quando digo 'meu, minhas', não estou aderindo ao comportamento quase frugal do mercado editorial.
Então, vamos ao ponto, a continuação no sentido de nosso trabalho; a verdade ao devir.
Para mim, particularmente, não existe sofrimento maior do que as separações; claro, depois que se redescobriu a união de tudo.
Mas, como sempre fiz, partir de um tópico universal para chegar ao particular, hoje seguirei um caminho contrário.
É quase como o "verdadeiro" conceito de Arte: de preferência pessoal, a estética não deve dizer nada além da verdade dentro do expectador.
Eu sei o quanto é difícil para o animal racional aceitar que a verdade, em última instância é particular. Sofrimento e prazer nos outros sempre será inexcrutável.
Se esta afirmação está subservilmente relacionada ao poder de Darwin, que ótimo.
Assim, na minha maneira afagante das utopias de cada um, não exclusivamente a minha, quero reexclamar que a Vida é bela, e que o verdadeiro risco é o Poder.
Então, para elucidar isto, busco na vida, agora, onde o poder tem sua melhor expressão, no trabalho, onde o assédio moral é sua máscara mais perversa. Espero que todos os leitores sintam a particularidade se arvorando em universal.
Encontrei uma página na web - dela colei um trechinho ótimo - muito pertinente e bela para contratontear os menos favorecidos pelo poder de si mesmo - assediantes ou assédiados? - ao trabalho de viver amplamente seu tempo, com muito ou pouco território para defender.

Onde estão os espíritos livres?
Análise do assédio moral no trabalho com o texto Verdade e Poder de Michel Foucault
Vanessa Trópico e Silva
2009

O fenômeno do assédio moral no trabalho até hoje é delineado unicamente por abuso de poder e autoridade por conta do clima econômico instável com conseqüências somáticas, mas não foi tratado em suas minúcias, não se preocupou em saber como ele consegue se fazer aceito, como consegue exercer seu poder.
A verdade esta ligada ao sistema de poder, então não se pretende aqui quebrar grilhões e libertar a verdade, mas buscar construir uma nova verdade que mude o regime político econômico que mude o curso da história de forma inteligível, mudar a forma como o poder e o saber produz verdades da hegemonia na qual ele se movimenta.
O assédio moral existe e suas conseqüências são reais, mas enquanto o cientificismo estiver sob o controle do poder ou orquestrando o interesse de classe, de partidos políticos e sindicatos sem realmente buscar analisar o problema com profundidade em suas relações de poder, a literatura será um livro de dramas reais e a legislação repressiva sem nunca ter reais chances de mudar a realidade dos trabalhadores.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

A vigília de Édipo

E se Édipo fosse superior ao Destino?
Superlatidos não mordem, mas é bom não arriscar, melhor mesmo é a telepatia mundial; o tempo urge :)
Creio que os chapeis já assentaram nas cabeças certas, e a grande maioria de um mínimo grupo estão no chão, recolho estes e prossigo, desfaço o desespero e retomo o sentido a priori; imagens ao vento são garrafas vasias, eu sei, quem sabe nunmas alguém seja feliz carregando uma mensagem.
Àqueles que consideraram chatagem emocional, este assento me parece muita aventura para pouco tesão; mas na boa, desfilem suas cabeças invisíveis.
E se por acaso, alguém se preparava para realizar o contratonto da era do tuiter, minhas desculpas, minha dialética (do) não é muito prática, "não" tão em experiência que o céu artificial não convence e o inferno realmente queima. Resistir não é somente uma questão de necessidade, embora pensem bem, antes do "não".
Realmente, fica difícil esperar algum esforço para além da necessidade do corpo, quando sabemos que depois da pipilação global, só vai sobrar pedras sobre pedras.
Quem me conhece pessoalmente, logo encontra um adjetivo superlatível, mas aqueles que se calam, opa, estes mordem!
Aqueles que não vêem nenhuma novidade no devir, sequer o fio de cabelo possui a mais simples das fases ou materialização da energia.

Quem perdeu, ou ainda não encontrou uma forma de se ligar ao devir, devido ao retrospecto sofrível e pregnósticos de cutuvelo dodói, prometo, rss, desta vez, ser bonzinho, ter mais paciência e mais otimismo.
A resistência e ou a atração física é social, não se confundam, porque apenas no mundo simbólico tais forças são propriamente humanas.
E força coletiva é muito rara sem a alienação da razão na questão da diferença entre livre arbítrio e liberdade.

Mas, oh, como tudo isso se parece com delírios vistos aos telestópicos. Onde, talvez demasiadas pessoas gostariam de saber o que são e não são minhas palavras...
Interesses vulgares geralmente não se classificam, mas sempre encobrem interesses fundamentais aos indivíduos naturalmente livres.

Muito além de Sartre, consequentemente esbarrando em Deleuze, ferido, portanto, mas implacável, sem destituir Bachelard, nem fingir sim/não entender Merleau-Ponty, sigo lotado de esperanças, porque assim que aumentam os números de tragédias pelo mundo, durmo cada vez menos.
Creio que não devo ficar deprimido, veja bem, a história lembra fenômenos semelhantes:

"A ideia de Universo apresenta-se como a antítese da ideia de objeto. Quanto mais enfraquece a minha atitude de objetividade, maior é o mundo. O Universo é o infinito da minha desatenção. A experiência do Universo, admitindo que este conceito tem sentido, não prepara nenhuma multiplicação do pensamento; no que me diz respeito, a ideia de Universo dialetiza imediata e definitivamente o meu pensamento objetivo. Quebra o meu pensamento. O eu penso o mundo, culmina, para mim, nesta conclusão: logo, não sou. Dito de outra forma, o eu penso o mundo põe-me para fora do mundo."

Colei ou descolei esta frase - gírias são úteis para não nos descolar do plural - em um texto delicioso:

Trabalho apresentado ao Curso de Mestrado em Filosofia da Educação do IESAE – Instituto de Estudos Avançados em Educação da Fundação Getúlio Vargas – na disciplina ministrada pelo Professor José Américo Motta Pessanha. Rio de Janeiro, 2º Semestre de 1990.

Tentem imaginar qualquer jogador bom, destes que foram comprados por times da Europa, em férias em sua pequena cidade natal, jogar uma pelada no sempre saudoso campinho da infância, jogar por simples devaneio, no melhor sentido do conceito de arte sem dogmatrix (referência à Revolução dos Bichos) e, claro, sem sofrer nenhum prejuizo profissional, então este jogador estará experimentando o paradoxo mais óbvio da vida: a dialética lógica e a dialética temporal ao mesmo tempo. Este lugar como fronteira de tudo, onde pode muito bem ser o lugar do devir de cada um. Um ponto insuficiente porém pleno para todas as experiências. Atemporal porque eterno a cada instante, todavia sempre localizável em todo lugar.

Também deveras irreal e exaustivamente real porque não é uma meta-fora de vida. Considerando com otimismo a hipótese de que alguém já leu este post, foi até o texto que indiquei, então quero finalizar com frases de Bachelard, escolhidas com o coração de Sonia Freitas:

"Para Bachelard, por todo lado há antinomias materiais a explorar: "como ativaríamos a imaginação se procurássemos sistematicamente os objetos que se contradizem!", adverte Bachelard ao lembrar que o ferreiro tempera o ferro quente na água fria, que a chama da vela luta contra as trevas, que a "luz brinca e ri na superfície das coisas, mas só o calor penetra...
Onde o olho não chega, onde a mão não entra, insinua-se o calor"

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Desespero a morte; por gentileza


Quero agradecer àqueles que tiveram muita paciência e muito otimismo para com o devir.

Se nesta despedida houver pelo menos 50 comentários, ou um único porém com 50 linhas cheias, eu volto, pelas mesmas águas, rss.

(50 pessoas, para mim, sempre foi uma utopia, e 50 linhas a rotina insupotável neste tempo)

Adeus, fiquem bem.

Criaturas sem leituras


A pensar que todo esse tempo, eu tive esperança
mesmo sem apreciar sequer uma substância realmente cara
talvez até mesmo sem apreciar nada além da substância em si
formigas e mosquitos, inúmeros em si e eu verossimilhante, rss

SOMA ZERO
"Sei que temos esse jantar, não se preocupe, estou vendo se encontro aquele vestido... Vou a outras lojas, depois... Tchau."
A mulher desliga o celular, voltam a se abraçar na cama, esquecem a vida.
"Esse coração batendo forte é o meu ou o seu?"
"O nosso, o suor também é nosso, mas esses fios de cabelo na sua mão são meus."
Silêncio.
"Não fica olhando para o teto, olha para mim."
O homem olha para a mulher.
"Estou muito feliz. Sabe quanto tempo vou ficar feliz?"
Silêncio.
"Até entrar no meu carro e chegar em casa. Às vezes tenho vontade de me drogar, mas sou muito medrosa para fazer isso."
"Não ia resolver nada."
"Quando cheguei em casa ontem ele perguntou, Voce foi ao cabeleireiro para fazer um penteado desses? Inventei uma resposta... Estou andando sobre carvões em brasa... Voce não entende, voce sai de casa e bate a porta, eu tenho que deixar instruções com empregadas, dar explicações, criar cenários, dizer mentiras, e na volta tudo se repete, novas determinações, providências, desempenhos, embustes. O lar é um monstro que nunca tem suas exigências saciadas, está sempre pedindo mais.. À noite tenho que ir a festas e jantares com ele e os nossos amigos, onde me mostro alegre, e sou a que ri mais alto, a que fala com mais entusiasmo, mas quando chego em casa estou com vontade de vomitar e preciso tomar um tranquilizante para poder dormir."
"Eu te amo."
"Não precisa fazer essa cara de cachorro sem dono, esquece o que eu disse."
Ela o beija. Fodem novamente.
"Voce puxa meus cabelos com força. Voce é sádico e maluco. Um pouco sádico e muito maluco."
"É sem querer."
(...)
Conto do livro Pequenas Criaturas, 2002.

Pois bem, a realidade é essa?
é uma ferramenta para validar sua existência?
ninguém a fez assim, justamente para esse propósito, já estava assim determinado?
e a minha existência?
e a sua, para que serve?
ao quê e a quem servem, conviver, eu, voce, outros?
e quanto podemos usar tal ferramenta?
poderia dar vida espetacular a uma violoncelista?
ou só imagem?
poderia impedir o envelhecimento de minha mãe?
ou só assistir?
poderia encontrar sentido ao devir?
ou só inexistir?

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Mosquitos para gordo


Não preciso desafiar minha coragem
e estar junto dos moleques sentado à grama
depois de um campinho por ali, fumando um dois três
observando todo o trabalho da força civil e oficial
realizar o grande trabalho de rescaldo das pessoas
daquele "incrível" desterramento sobre o antigo lixão
cobrindo quarentaetantascasas e os pais e irmãos deste
daqueles e a namorada do Zuca que havia chegado de Sampa
e ele ia voltar com ela, enfrentar o trabalho právaler e ser
gente mais adulta, áltera! como ela falou beijando-o
pela última vez, e o Zuca também sonhava com incríveis amores
em se tornar bombeiro porque dizia que jamais perdeu uma chance
de prestar um socorro, e ficava então muito nervoso quando lembrava
que os vizinhos o chamavam para tudo, canalização, eletricidade, esgoto
esgoto, esgoto, tudo é um esgoto a céu aberto, toda essa merda
toda essa merdade de todos, desde daqui de cima até lá embaixo
onde os bacanas ficam perto da praia e tem cinema e tem teatro
puta que o pariu o presidente o governador o prefeito aquele viadinho
que frequenta para se exibir e leva as gostosas no bico, mulher não
não é para se aproveitar, elas são as razões da vida, puta que o pariu
também elas que só gostam de aparecer ou procurar pau maior, merda
a minha Zuleika, com cá, e nós estamos todos fudidos, nossas mães
meu irmão Zinho, puta cara sério, não falta nem na escola, que vou fazer?
e agora, pessoal? vamos virar realmente muleque de rua, vamos cheirar
cola, cocaína com vrido, fumar preda, tomar porrada dos homens, morrer
putaqueopariu vamos morrer, estávamos doentes, sem cura, e agora
os aparelhos falharam de repente, faltou oxigênio, pronto, já faltava tudo
vivíamos junto aos mosquitos, lembram, sobre o lixo dos gordos viados
De repente um gordão preto prá caralho compra a treta
- Eu sou viado, diga, eu sou viado?
Obviamente acho que estou ali para isso
- Opa, estamos todos na mesma merda, fica frio, malucão
- Quem é voce, o tiozinho, minha família inteira está ali debaixo
Quem vê tudo pelo vrido pensa que tudo é diversão, se cagando de medo

terça-feira, 13 de abril de 2010

Outra história


Passo a tarde esperando voce telefonar,
dar o código destas prisões
vagabundo, viado, nóia, parasita de almas, louco, morto, cachorro...
e as grades são portas
tenhos as chaves e o acesso à rua
também por detrás das grades das janelas de almas
uma a cada vez, peço socorro, peço clemência, ninguém e
enquanto o telefone não toca
fico apenas escutando uma cada vez a música que faço agora
porque não estou guiando ninguém, porque eu...
por que eu não posso querer tão bem?

sábado, 10 de abril de 2010

Aonde foi a carroça? Um carrasco pedindo clemência às vítimas!

Antiguidade
Velharia

Atualidade
"Na verdade, o que é a criação matemática? Não consiste em fazer novas combinações com entidades matemáticas já conhecidas. Qualquer um poderia fazer isso, mas as combinações assim construídas seriam infinitas e, na sua maior parte, absolutamente sem interesse. Criar consiste precisamente em não fazer combinações inúteis e em fazer aquelas que são úteis e que constituem uma pequena minoria. Invenção é discernimento e escolha."
(Henry Poincaré)

A civilização científico-técnica confrontou todos os povos, nação e culturas com suas tradições morais, culturais e grupais com suas respectivas especificidades. Pela primeira vez na história da humanidade, os homens estão diante da tarefa prática de assumir a responsabilidade solidária pelas consequências de suas ações, seguindo paramêtros de dimensões planetárias. (Apel)

(foto do papa)

Ética da Razão Comunicativa se baseia em três regras básicas: Regra da Inclusão "Todo e qualquer sujeito capaz de agir e falar pode participar de discursos." Regra da Participação "Todo e qualquer participante de um discurso pode problematizar qualquer afirmação, introduzir novas afirmações, exprimir suas necessidades, desejos e convicções." Regra da Comunicação Livre de Violência e Coação "Nenhum interlocutor pode ser impedido, por forças internas ou externas ao discurso, de fazer uso pleno de seus direitos, assegurados nas duas regras anteriores."
(http://www.ufrgs.br/bioetica/eticadis.htm)

Exceto jogar bitucas pela janela, desejar somente as pessoas interessantes, ser pobre, preto e puta, minhas razões não infligem maldade a qualquer relacionamento humano.
Matei duas vezes, dois gatos terminais em sofrimento, amarrando um saco de plástico na cabeça para asfixiá-los. Sei bem por quê existe diferença entre um recem nascido e um gato. Certa vez, antes dos 10 anos de vida, coloquei pimenta no café de meu irmão mais novo, para mostrar que se a regra é permitir vilanias a engenhoca mental se potencializa. Há uns 10 anos atrás, numa tentativa de se transformar em gato, uma pessoa que agencia serviço para terceiros, azulejar uma parte de um serviço que o pedreiro anterior deixara sem fazer, contratei, ajudei e paguei, mas tive "dificuldades" em receber, o pagador é/era o dono de várias indústrias farmacêutica em vários estados e no exterior, então recorri a um método não muito "ortodoxo", ameacei derrubar seu helicóptero depois de mês de espera. Ah, o valor que eu tinha a receber eram 450 reais. Recentemente, após "dificuldades" de encontrar uma forma de socorrer minha mãe, que "criava" pequenas manchas de sangue quando tossia, novamente recorri a métodos que provavelmente Emmanuel Kant condenaria, armei um teatro onde eu atuava feito um desesperado enraivecido ameaçando fazer um B.O. de negligência médica contra o maior hospital da América Latrina. Menos recentemente matei um amor dentro de mim para, à partir de então, trata-lo como uma pessoa igual às outras.

"Jurgën Habermans (1929) inicialmente sofreu influência da Escola de Frankfurt, mas dela se desligou para percorrer itinerário próprio.

Desenvolveu então a teoria da ação comunicativa, que fornece os elementos para a ética discursiva.

A ética discursiva é uma teoria da moral que recorre à razão para sua fundamentação.

Embora sofra a influência de Kant, não se fundamenta no conceito de razão reflexiva, mas de razão comunicativa.

Ou seja, enquanto na razão kantiana o juízo categórico está fundado no sujeito e supõe a razão monológica (do monólogo), o sujeito em Habermans é descentrado, porque a razão comunicativa supõe o diálogo, a interação entre os indivíduos do grupo, mediada pela linguagem, pelo discurso."
(Maria Lúcia de Arruda Aranha & Maria Helena Pires Martins)

sexta-feira, 9 de abril de 2010

O passado quando volta


Nem flor nem faca
nem dor nem amor
nem mel nem sal
nem pedra nem nada

terça-feira, 6 de abril de 2010

Nos jardins das satisfações dos desejos


A atriz mora em uma casa muito vasta, muito bem decorada, sequer música clássica permite para não estragar o silêncio e a ordem do seu universo. Ela sabe que não é a maior e também não é medíocre, sua vida real se sobressai ao cinema, teatro e ficção pessoal. Tirou o dia para entender o livro que ganhou de seu marido, e esperar a resposta do diretor para seu novo trabalho de cinema. Ela seria a perfeição se não ouvisse uma pequena tentação, incitando-a a impaciência de esperar também o inesperado. Todas tentativas de reprimir este mero desejo foram em vão.
Na manhã ou tarde semelhante daquele dia com as cortinas sempre fechadas ela escutou passos muito distante.
Uma bruxa bem vestida e aparentemente culta entrou pelo jardim preocupada para não ser vista por mais ninguém. Tocou a ampla porta de ferro da frente. O mordomo a atendeu.
- Em que posso lhe ajudar, senhora?
- Sim, sou a nova vizinha, moro descendo a rua.
O mordomo pede a atenção da atriz.
- Senhora?
A atriz faz um leve sinal de assentimento. O mordomo permite que a bruxa entre.
- Olá, não quero me intrometer... A bruxa elegantemente se aproxima da atriz, que responde educadamente.
- Não, que é isso.
- Sou sua nova vizinha, espero que não seja inconveniente para voce...
- Não, não. A atriz permanece ainda mais educada do que surpresa. Por favor, sente-se.
A bruxa agradece a hospitalidade, elogiando a casa da atriz.
- Que bela casa voce tem!
- Obrigada. Nós a aproveitamos muito. Por favor... Acena para que a bruxa a acompanhe à mesa. Aceita um café?
-Seria ótimo. Obrigada.
O mordomo pergunta para a atriz.
- E a senhora?
- O mesmo, Allan. Obrigada.
Ambas se sentam. A bruxa sem jamais perder a aparência de superioridade, retoma rapidamente a formalidade da situação.
- Estou visitando meus novos vizinhos. Acho importante conhecer seus vizinhos. Dar oi para eles. E a bruxa acentuando um ar de grandeza encara a atriz.
- Sim, é muito raro hoje em dia, mas é ótimo. A atriz responde automaticamente com um ar de deboche, logo seguindo para um enfrentamento inevitável.
- Em que casa está morando?
A bruxa demonstrando desprezo, responde sem esconder o fastio de ter que responder a mesma pergunta.
- Descendo a rua. Escondida na pequena floresta. A casa de tijolo.
O ar de deboche da atriz quase desaparece para iniciar franca preocupação com aquela senhora desconhecida que apareceu para acabar com sua tranquilidade.
- Acho que sei qual é. Diz, a atriz, com declarada incredulidade.
- É difícil ver da estrada. A bruxa percebe o quanto a atriz é frágil e já está à mercê do objetivo daquele feitiço mais comum.
Depois de um prolongado silêncio, o mordomo aparece acompanhado de uma secretária jovem bem uniformizada para servir o café. A bruxa agradece, acompanhando todo o ritual, inclusive o efeito do café preenchendo o fundo da xícara. O mordomo pergunta para a bruxa.
- Açúcar, Madama?
A bruxa não se dá pela resposta, sorve o café com satisfação, agradece novamente. A atriz agradece ao mordomo. Este, antes de se retirar, diz com solenidade.
- Senhora, se precisar, estarei por perto.
- Obrigada, Henry. A atriz entende, agradece, sorve o café em um único gole, e volta a atenção a bruxa, que logo recomeça seu intento.
- Então... Soube que tem um novo papel para interpretar.
- Sou candidata. Mas temo estar longe de conseguir.
- Não, não. Com certeza, ouvi que voce conseguiu.
A atriz estranha o fato de alguém mais, além dela, saber o resultado do teste, porque sequer havia contado para o marido. A bruxa, implacável, prossegue.
- Sim, é um... É um papel interessante?
A atriz tenta disfarçar com simpatia um princípio de terror nos olhos.
- Sim, muito.
- É sobre casamento?
- Talvez em algum sentido, mas...
- Seu marido está envolvido?
- Não.
- Uhmmm... Um garotinho saiu para brincar. Quando abriu a porta, ele viu o mundo. Quando passou pela porta... ele gerou um reflexo. O mal nasceu. O mal nasceu e seguiu o menino.
- Desculpe, o que é isso?
- Uma velha lenda. E a variação. Uma garotinha saiu para brincar. Perdida no mercado... como se meio nascida... Daí, não mais no mercado. Voce entende, não? Mas pelo beco atrás do mercado. Esse é o caminho para o palácio. Mas não é algo de que voce se lembre. O esquecimento é algo que acontece com todos nós. E... Eu? Sou a pior de todas. Onde eu estava? Sim... Há um assassinato no seu filme?
- Não, não é parte da história.
- Não. Acho que está enganada quanto a isso.
- Não.
- Assassinato brutal pra cassete. A bruxa por instante abandona sua compostura.
- Não gosto desse tipo de conversa. Imediatamente a atriz perde sua educação e delicadeza. Das coisas que voce disse. É melhor voce ir embora agora.
- Sim. Eu não consigo lembrar se é hoje... daqui a dois dias ou ontem. Se fosse 9:45... eu pensaria ter passado da meia noite. Por exemplo, se hoje fosse amanhã... voce nem lembraria... que voce tem uma conta não paga. Ações tem consequências. E, mesmo assim... existe a mágica. Se fosse amanhã... voce estaria sentada alí. A bruxa aponta o dedo em direção ao sofá.
A atriz fica olhando o dedo da bruxa apontado, aterrorizada vira muito lentamente a cabeça para olhar.
- Está vendo? A bruxa pergunta ironicamente.
A atriz se vê, sentada no sofá entre duas amigas atrizes, em completa postura de melancolia. O mordomo aparece trazendo o telefone. A atriz atende.
- Greg? Greg? Greg! Eu consegui! Consegui! Consegui! Que sorte! Que sorte! Que sorte!
Enquanto a atriz e as amigas festejavam o resultado do teste, seu marido desce alguns lances da escada para expiar o que acontecia, e suspeitosamente volta para quarto.

EM SUPERFÍCIE, NA VIDA DE CADA PESSOA, NADA SE RELACIONA, MAS NUMA VISÃO MAIS PROFUNDA, TUDO SE RELACIONA; O TEMPO E O ESPAÇO SEM INTERRUPÇÕES.

(Quer saber o resto da história, assista O Império Dos Sonhos, de David Lynch, que nunca fez um filme do gênero terror)

domingo, 4 de abril de 2010

No estado do bem estar social

O anti herói seria um grande lance de marketing para países que não "precisam" de democracia?


Ministério da saúde adverte, o crack é uma doença
igual a qualquer outra fatalidade
protegida por lei


Vítimas de balas desperdiçadas ou autores de balas perdidas?

Por quê esquecer de si mesmo é tão mais fácil?


A indústria do bem estar vai do vento à polpa;
até as aparas tem mercado

sexta-feira, 2 de abril de 2010

mimetismo e pensamento - a grandeza de uma tragédia


É impossível não observar a luta generalizada entre o predador e a presa em qualquer circunstância da natureza viva. E sempre o mesmo foco, a perpetuação, pelo menos do patrimônio genético intransferível. Não eram os Deuses astronautas, mas este achado é completamente científico. E só estamos aqui, ou então nossa mente virtual só quer entender, como, por quê e para quê estamos aqui não tão somente criatura.
A perpetuação física é impossível! Escuto House, o típico inglês que colonizaria os americanos perdendo a paciência com elocubrações sexuais.
Em um post, talvez, a um ano atrás, coloquei-me numa situação ficcional onde o House, de folga, acampara às margens do Grand Canyon... O tema questionava o pano de fundo sexual, e ele não acreditava que Deus estava certo. E o doce continuou sendo só mais um sonho. Imagine, rodeado de mulheres e a vida fazendo uma festa.
Se realmente somos antes dos nomes ratos, por que não revemos a tragédia, por que só eu vejo que podemos vencê-la? Ser humano é a comédia?
Do outro lado do mecanismo de procriação - minha juventude e o grande prazer em viver, the dark side of the moon in the bag - encontramos a complexa mecânica para defender a sobrevivência, em última instância individual. Como se antecipar à tragédia, como defender meus direitos de viver, como proceder aos duelos frequentes?
Obviamente é inócuo pensar tais questões limitada a situações de vida ou morte literalmente. Tolos limites apontam debilidade na defesa do maior patrimônio. A força nem sempre é transferida de um nicho a outro de relacionamentos. Pisa no coração quem não é capaz de pisar no pescoço, corta-se o pulso mas jamais a própria língua ou um olho funcional, corta-se todo o suprimento da vida para eliminar um problema territorial, etc, são exemplos dos engodos ou sobrevivência oriunda de tal mecanismo.
E toda sorte de estratégias constroi este espectro de pirâmide virtu/socio/bio/lógica. Escute a primeira assistente do House dizendo que o homem precisa ser mais interagente, menos replicante. Escute elas, é muito bom e não doi nada, e passa, oh, passa rapidinho, escute, a biologia já era. Não somos ratos, ye@h!
Perdoem-me tanto a brincadeira quanto a intimidade, o papo estava ficando chato.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

mímica e pensamento, a sagrada comédia humana

Humano não é adjetivo

engodo ou honestidade?
No post Estranhas relações virtuais, a asma de Bacon, provavelmente o faria gordo, caso não a construísse. A asma foi sua arquitetura tão tosca quanto a um homem das cavernas.

E isso, essa comunicação tanto é um engodo, quanto uma prova de honestidade minha diante do leitor atual; o leitor também é nome de categoria que precisa ser pensada como mimetismos e camuflagens. Assim como o pai moralista de Bacon, que, sem ver sua foto, se não for gordo, é camuflagem.

Creio estar compactando muito tempo para pouco espaço, e a solução adequada seria construir muitos mais leitores, exatamente porque sei que tal convivência mimética, em síntese, traria-me mais tempo do que espaço. A honestidade, portanto, quase completamente biológica. Ser humano demasiadamente humano e evoluir.
Sejam bem vindos.

O pai do ilustre pintor seria, apesar de seu livre arbítrio, apenas um veículo da moral; uma replicação; teoria sociológica muito bem aplicada aos cyborgs. Encontramos muitas criaturas cibernéticas assim, claro, no universo virtual; e seria uma involução a ausência do corpo e sua complexa fonte de vida.

Nota-se então que toda a moral, a tentativa de reger soberana sobre o livre arbítrio, parte de um único e comum princípio: a seleção natural. O que significa, todavia, a luta pela sobrevivência individual. E um segundo passo seria inúmeras formas de perpetuação da espécie.

Em que passo estamos nesta evolução natural?

Não quero imacular a rigidez, às vezes necessária (ou rédeas) da moral. O interação humana é com toda forma viva, inclusive a mineral, a vida dos planetas.
Para não parecer argumentos dentro dos copos de vinho em uma tarde, e não mudar de assunto, e não considerar intrusos qualquer leitor, convido outros argumentos para pensar como freiar a destruição total, geral e irrestrita do planeta. Luta sem bandeirolas políticas ou ganhos publicitários, mas com absoluta garantia de vida para todos.
Tentarei, mais para frente no tempo, apesar de exíguo espaço, deixar algo escrito sobre o Outro nas pessoas replicadas pela moral da natureza.


mimetismo ou camuflagem?

Águas do amor
Cério e Errita estavam de frente ao teatro, não pensavam em teatro, nem haviam pensado no que diriam para aquele encontro. Beijaram-se rapidamente, sorriram e não se tocaram. Conversavam quando um aliem, uma senhora branca de olhos amém doados, morador de ruas, parou e olhou Errita. Resolveu ali pedir um cigarro, dirigiu-se imediatamente para Cério - voce tem um cigarro? - que responde com muito tempo e pouco espaço - nunca em pato em renúncia - Errita se encolhe, olhos de apreensão, sabe outras leis da fé, Deus está até debaixo das pedras - Cério acende lentamente o cigarro ao aliém, questiona - em pato ninguém é diferente - a bela senhora invade os olhos de Cério e sorri com dentes de amanhecer nas montanhas - Cério diz amém piscando levemente uma única vez - Errita sabe do mistério comum - abruptamente então o aliem vira-se e encara Errita - Cério fecha o punho revelando seu mais íntimo sentimento: nunca se sabe - o aliem rosna feito uma loba sem fome para uma criança linda que se perdeu no bosque - a bela senhora então segue seu tráfego elipse mais perfeito - Cério segue molhado ainda do banho de cachoeira e não comenta nada - Errita se acomoda ao banco sob a sombra do jovem pinheiro - Cério permanece sério como sempre foi suas réplicas mais dolorosas - Errita não gosta do silêncio solitário, pergunta o que foi aquilo? - uma concepção da brutalidade, Cério responde - Errita pagina feito ama negra ao neto branquinho - Cério conta de um livro que leu quando ontem encalhou o barco no ribeirão - Errita sabe o doce porem se irrita com a destruição da natureza - Cério suspira e ressente, e cochila ao colo da ama negra.


PARATEXTO NIILISTA
Ao último sobrevivente
só há uma única tentativa
e um único erro; carpe diem


Fine and Mellow - Billy Holy and sax Last Young - fiquem a vontade, sem fomes de fora, sem gritar se acaso sentir que a vida poderia ser uma festa