domingo, 28 de fevereiro de 2010

Deixar tudo como sempre está


Alguém me disse
que é preciso ser monstro
de verdade
para ter uma marca de sucesso
na família
na sociedade
na história
crucificar um Cristo ou mais por hora
não deixar as crianças chorarem nem nada
pisar ombros e cabeças para trocar lâmpadas
esquecer as mães natureza no canto confortável
matar um bisão ou milhares e seus donos por dia
ler e escrever e gostar e não gostar e assim tanto faz
nem contra e nem a favor e sempre pelo contrário
dizer e não dizer tudo de novo nem contra nem pelo contrário
viver muito emocionante emocionalmente ser aquilo de sempre
tudo que esperam de mim de qualquer um sem eu ser qualquer um
e é mesmo um saco cú buceta que tudo mundo tem
e ainda sonhar alguém só para mim
rezar para a santa ingenuidade dos bois

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Amor impossível


Quando morrer é minha única atitude?

Quando meu amor se confunde
com a antiga simbologia da lepra
e nem entre os leprosos
os saudáveis me deixa viver...

Uma homenangem emocionada
ao meu terceiro mais antigo e fracassado
amor masculino

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Siga o arco iris

A dialética não é uma razão constituinte
transcendente à história que ela informa
nem uma razão constituída, esclerosada
e coagulada numa etapa de desenvolvimento
Nem uma simples hipótese de trabalho
que se abandona do mesmo modo
que foi escolhida...(Garaudy, RJ)

Da visão apocalíptica dos humanos pilha, no filme Matrix, aos grandes conselhos sábios que recebo, tomei a melhor atitude, temperei e assei white rabit.
Então voce não só tem apenas 30 minutos para mudar a minha vida.
Não quero vê-la dependurada de ponta cabeça ao meu lado no sol da sala.
Voce é uma criança, no meu máximo da expressão sem pejorativo, que quero ensinar enquanto me ajuda a escrever As Máscaras Do Sofisma.
Justamente voce, que me viu e se enganou.
Porque teve o mínimo de lucidez e coragem para, não apenas sacar, superar o mundo de Vanessa.
Reconhecer o baile e dançar tão eficiente para mostrar que o mundo é bem mais extenso.
E ainda lembrar que a música até pode parar.
Esta idéia, lembro, foi antes da primeira vista, quando o amor ainda era uma ilusão.
Sem o conforto oferecido ainda das máquinas cibernéticas, uma vida humana suficientemente humana, a mesma visão do filme, porem muito longe do Apocalipse, preciso deter tal destino da humanidade.
Óbvio que esta religião atual já foi o contra discurso religioso no passado...

Nascemos condenados ao tempo da carne
quando o fim e começo nunca estiveram tão juntos
ou tão próximos quanto nascer morto e se amamentar
eternamente com os rigores da ética e higiene

Nascemos excluídos ao tempo do pensamento
onde não existe começo nem fim de tudo em si
e toda ideia é preliminar das próximas e jamais
nos abandona mas que a abandonamos por nada

Enquanto o corpo é a ilusão necessária da vida e
o pensamento é a utopia desnecessária da morte
tempestades se formam na praia e nas montanhas
estou arriscando novos arcos de alianças mais reais

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Minhas sombras


O mais desfavorável de cair
é não ter sequer uma mão
para tocar sem motivo
e um filme se passa
antes dos olhos
tantos motivos
para nunca ter adiado essa queda

Cenas da infância, da juventude
quando batia no peito
em sinal de poder
dizendo aos quatro ventos
a perfeição não existe
ou ao final das festas
o mundo é meu, menina

Sempre gostava de afirmar o óbvio
e bradar de repente
dentro de um elevador, no ônibus
quando sentava no fundo da sala de aula
e subia ao topo de montanhas
de facão colher bananinhas ouro
derrubava aos pés da turma
meia dúzia de cachos e bradava
a terra é redonda
dá para ver lá de cima

Pegava o cacho mais servido
encostava na porta da barraca
descansava a cabeça
não falava, sorria
todos achavam muito estranho

Olhava nos olhos de uma garota
ela entrava em pânico
a distância a enganava
não sabia se estava muito longe
ou dentro, e se aproximava
eu não permitia muita conversa
em um minuto entrava na barraca
e a convidava, vem
Não me importava com os outros
sexo não é para sentir inveja
e ela nunca havia pensado assim
sem amor, sem sequer amizade
apenas questão de respeito por si

E quantas eram namoradas de amigos
na forma mais cultural impossível
rotulavam: rolou algo sublime
para esquecer como os sonhos
saíamos da barraca
voltava o tempo normal
todo o tempo da infância/juventude
quando a vida não precisa ser feita
quando a vida acontece
principalmente porque estamos com os outros

E estamos sem alteridade louca
sem o medo do dinheiro acabar
se lixando para tiranias da verdade
e ficamos excitados sem controle
e nos pegamos por detrás de vasos de orquídea
de cortinas, entre um andar e outro
e pulamos muros imensos
só escadinha de mãos...

Só, precisava esquecer a solidão
lembrei de voces

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Sem nenhum esforço, boiando

O homem tem de viver em dois mundos
que se contradizem(...)
O espirito afirma o seu direito
e a sua dignidade perante a anarquia
e a brutalidade da natureza
à qual devolve miséria
e a violência que ela faz experimentar

Mas esta divisão da vida e da consciência
cria para a cultura e para a compreensão
a exigência de resolver tal contradição. (Hegel)

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Adorando Deus temente do outro

Mudanças inesperadas acontecem

Pela moral dos outros
Encontramos outros estados ainda mais vagos, nos quais a atenção raramente descansa, a não ser em pessoas que por natureza ou profissão se consagram à observação interna.
É até mesmo difícil nomeá-los precisamente, pois eles são poucos conhecidos e não estão classificados; mas podemos citar como deles aquela impressão peculiar que sentimos quando, muito preocupados com um certo objeto, estamos, contudo, engajados em, e temos nossa atenção quase que completamente absorvida em questões bastante desligada com isso.
Não pensamos, então, exatamente no objeto de nossa preocupação; não o representamos de maneira clara; e, todavia, nossa mente não é o que ela seria sem essa preocupação.
Seu objeto, ausente à consciência, é contudo representado ali por uma impressão inconfundível, que frequentemente persiste por muito tempo e é uma sensação forte, apesar de tão obscura para nossa inteligência.
Um sinal mental dessa espécie é a disposição deixada em nossa mente em direção a um indivíduo por incidentes dolorosos um momento atrás experienciados e agora talvez esquecidos.
O sinal permanece mas não é entendido; seu significado definido está perdido.


Então, o que voce faz?
Volta?
Fica assim?
Isto não é morto?


Alguém me viu por aqui?

Adorando a Deus cheguei a minha velhice e aposentadoria das satisfações imediatas.
Está tudo acabado.
Nada mais que eu diga, que eu faça um simples gesto, o balanço das notas musicais pisando descalço o cascalho, nada, fiquei para trás, desisti de me expirar junto de todos, peguei uma trilha, continuo descendo conforme a virada deste ano, o fundo me aguarda, posso ver que existe pelo menos água porque repleta de sorrisos à frente da exígua luz, e quero dizer adeus mesmo assim, preciso responder ao Diabo por que temos tanto medo, assim como temíamos a Deus, e o tempo não pára, né cara, e os poetas, os torneiros, professores, os filósofos, os criadores de margaridas, serviçais, e as rosas ao sol, os profissionais da mídia, jornalistas, jogadores marcados desmarcados, e os psicóticos políticos sempre de plantão, recepcionistas de pernas bem raspadas, e os vendedores, puta que o pariu vou encontrar tanta gente, antes, bem antes dos Nomes.
Mas, ahhhh, se fosse a última vez, que volto para esta caverna!
Nunca fui bom mesmo nestas coisas de expressar estritamente expressões, então quero morrer sorrindo, é o mínimo, o básico de uma impressão sustentável, para deixar no lugar da verdade do corpo sendo devorado desde o surgimento.
Sorrir morrendo não é fácil, todos sabem e sentem o suor do outro sobre a fronte.
Adeus aos nojos hipócritas que sentiam aquelas crianças que ficaram lambendo esta exalação de meus sais.
Adeus - não posso sorrir enquanto vomito - aqueles velhos panos oferecidos para eu enxugar ou calar meus trabalhos, a labuta expressiva de recordar acordar todos os dias.
Adeus às rosas, ao sol, à sombra e o nada.
Adeus às margaridas, tão sulutares e miúdas, e tão honestas em tempo de cimentos plásticos sentimentos.
Pronto, deuses, seja feita fossas vontade.
Sem ressentimentos; ser grande não é raro, raro é poder ser grande, contando apenas com a bondade de Deus.
Amém, "objetividade".

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Experiências de praxe laica - 3 'mas' ainda é irrisório

«Em vão, centenas de milhares de homens, amontoados num pequeno espaço,
se esforçavam por desfigurar a terra em que viviam. Em vão, a cobriam de pedras
para que nada pudesse germinar; em vão arrancavam as ervas tenras que pugnavam por irromper; em vão impregnavam o ar de fumaça; em vão escorraçavam os animais e os pássaros - Em vão… Porque até na cidade, a Primavera é Primavera.»
(Tolstói, em "Ressurreição")

NÃO FAÇA COMPARAÇÕES
Porquê essencialmente não pode haver hierarquia de absolutos' costumamos não pensar por eles', inclusive discutir sobre absolutos' é pior do que nomear absolutos'. Enfiaram nomes em nossa cabeça; o mesmo que se faz às mães robô.
As relações de funcionalidade entre os nomes é a melhor cópia da natureza.
Se é conveniente a qualquer pessoa - incluindo eu, acho, por questão de gosto - fugir das cópias, então não pensar sobre absolutos é contradição.
Aonde existe uma contradição, dentro da cópia, ou é a própria cópia, o resultado do que se vê: uma realidade paradoxalmente carente, tanto na falta quanto no excesso.
A falta dói, porém não mata.
O excesso satisfaz, porém mata.
Se todo sofredor buscasse saída na sabedoria, quem pode saber no que se transformaria.
Já de início, deixaria de ser absoluta.
Como a sabedoria é absoluta?
Exemplo: O ser humano é absoluto, todos sabem, questionar isso, é questão pessoal, que se pode realizar apenas pessoalmente.
Concluo que já posso entrar no âmago deste post; precisar uma transcendência do preconceito, e seus adjetivos contingentes, ao diário pessoal.
De ontem até hoje, Segunda Feira, 14:00 horas, fiquei fora deste tempo eterno: eu, Robinson, saudoso do ponta pé de Sexta Feira.
Fiquei às voltas de duas criaturas abomináveis, duas Mas.
Saudade absoluta de meus vintes anos, quando escapava da ilha na Sexta Feira e só retornava na Segunda Feira, com a mesma roupa, minimamente suada.
O primeiro tempo do jogo foi aquela pasmaceira diante do belo e do feio reunidos, de ambos lados, terminou zero a zero.
Futebol como metáfora, em qualquer contexto é abjeto, eu sei, relaxa.
O segundo tempo também foi empate, rss; riso de perdedor?
E este riso é o grande resultado do jogo: ser versos nada.
Sou um jogador muito louco, nunca sei de que lado estou.
Gostaria de contar da vez que fiz meu único gol dessa minha inglória carreira desportiva, mas essa lembrança guardo, entre aquelas que estão para venda, como se estivesse reservada a pessoa que nunca vai chegar, Godot.
O absurdo é parte importante do universo dos absolutos', mas, por mim, só acontece quando quero, se transformou em relatividade, jamais ficaria estagnado o tempo todo esperando Godot.
A literatura sobre esperanças' é precisa, enquanto destacada radicalmente da "literatura" de auto ajuda.

Amei Becket até o momento que ele completou sua ajuda para mim.
Em Malone Morre, morri para o absurdo.
A Morte continuou a mesma, porém deixou de ser mistério.
Este comentário me coloca em duas oposições: contra a afirmação de que só amamos as coisas misteriosas e contra a negação de que não podemos amar a morte.
A primeira oposição não é tempo perdido, mas creio que se trata de questões pessoais, donde o ar se torna muito "ralo" porque impregnado das questões de gosto, a qual é sabida, logo se intitulou questão fora de questão, rss.
A segunda oposição é um espetáculo de dialética e eu me encanto aos espetáculos dos seres humanos, também.

Espetacular, modestia parte, é também perceber que o amor é absoluto, porém amar é relativo.
Assim como o ar é absoluto - apenas cá entre nós, talvez, em metáfora - e se distribui relativamente a altura do nível do mar.
E esta é a grande culpa da nudez; todo absoluto sempre está nu, e vesti-lo, são absolutismos relativos.
Todo absolutismo não passa de inveja, como se a relatividade quisesse ser mais absoluta à forças extras.
Lembrando meu jogo deste final de semana, onde só o primeiro tempo consegui fazer uma leitura nova do universo; o absoluto mais alto na hierarquia dos absolutos'.
Quando melhores fontes de prazer jorraram sem miséria.
Exemplo: o prazer de não saber ler em voz alta.

Outro exemplo, que merece ser mais elaborado: consegui plantar uma semente e mostrar as condições favoráveis.
Repeti 3 vezes o nome Fenomenologia em circunstâncias paradoxais e citei o nome de Merleau-Ponty uma vez.
Na circunstância que antecedeu à lembrança do filme Guerras Nas Estrelas, e sua espetacular metáfora da Força.
Devo dar graças a Deus, não rediscutir as imposturas ideológicas de sempre.
E, oportunamente, portanto, minha forma relativa de amar e meu amor absoluto, sem confusão.
A quem se interessar, no livro Da Realidade Sem Mistérios Ao Mistério do Mundo, de Marilena de Souza Chauí, podem encontrar 3 vertentes para desmistificar muito absolutismos de carreira com Religião, Sociedade e Humanidade (como destaque da animalidade).
E, claro, Maurice de Merleau-Ponty, e sua incisão espetacular na disciplina de fenomenologia.

Não sei em quantos meses a filosofia (conceito!!!) gestou em mim.
Mas sei que o parto foi neste livro da Marilena.
Foi muito antes de existir computador para mim.
Talvez nunca havia ainda atendido sequer o telefone.
Meu contato com grandes forças de prazer se davam por jornais e televisão, apenas.
Devo lembrar que a concepção, rss, foi um livro de bolso, As Dores Do Mundo, de Shopphauer.
Tomei contato com a filosofia em um orgasmo abominável.
Talvez por isso que gosto de chamar, de ante mão, toda mulher de abominável.
Passado o êxtase imediato, fui lendo tudo que se referia à filosofia, conheci os grandes clássicos imortais, antes e pós Aristóteles.
Obviamente, talvez, não para todos, minha filosofia natural respeitou a minha idade biológica e os ares das circunstâncias da vida.
A dúvida se representa, talvez, melhor, devido a certezas capciosas' minhas e dos outros.
Eis o ponto, onde toda filosofia é abominável: Ela diz que não existe certeza em nada, e mostra o pau.
Isso lembra aquela do Sábio que aponta a estrela e os Alunos tolos olham para o dedo.

Eu te amo.
Esta frase foi sussurrada ao meu ouvido durante os minutos que antecediam o gozo.

Havia marcado um encontro à toa, desses que marcamos com a certeza que a pessoa não vai aparecer.
Era uma apresentação de um livro do escritor José J. Veiga, na Biblioteca Mário de Andrade.
Passei bons tempos dissecando a composição daquela semente de revolução permanente de seus livros.
Eu imaginava possibilidades quiméricas de uma literatura de ficção científica naturalmente brasileira.
Só em Murilo Rubião, ou também em Dalton Trevisan, havia semelhante escola.
Inclusive (consegui!!!) levar um conto para a apreciação do José J. Veiga.
Embora, esta coragem rara travestia uma covardia comum.
A decisão foi tomada justamente quando o clima estava melhorando, durante uma conversa paralela com uma mulher bem mais velha do que eu.
Ela podia bem ter idade de uma avó para mim na idade que eu tinha.
Mas, atenção, não se limitem a comparação dos efeitos colaterais, ou estéticos, do corpo cronológico; o devir do corpo na dimensão estética não é pertinente agora.
Ela era uma escritora de títulos, prêmios e brasão de família, prefiro não dizer seu nome.
Apesar que ela me disse, não esquecerei nem depois da morte, se acaso isso me ocorrer, que, no seu íntimo, cagava sobre brilhos oníricos dessas instituições.
Ela me envolvia de uma forma abominável, numa linguagem poética, ela me assaltava em pedraduras, desafiava qualquer possível noção de força que eu tinha.
Não era uma medusa ninfa-sexo-maníaca.
Também não era uma estupenda formosa sereia invejosa e ciumenta.
Ela era abominável.
Sua urdidura, meu Deus, faça com que seja sempre certeza, era abominável.

Então, rss, pude a tempo, marcar um encontro, no mesmo prédio, na seção de literatura nacional.
E foi muita surpresa mesmo!
Ela me deu a melhor e abominável aula de literatura brasileira que qualquer jovem sequer sonha.
Lembro da chamada: Não me olhe assim, venha ver o que é amor.
Lógica; mandou que eu segurasse junto ao peito um livro seu, disse que não era para eu ler sequer o título.
A literatura limpa, pura, também foi uma concepção abominável.
Quando o fenômeno total nos arrastava ao ar livre, antes de entregar o livro que devia estar muito suado, ela mandou que lesse apenas o título.
Porra, que orgasmo inesquecível, ela gritou bem alto: Não leia o meu nome!!!

Ela disse, eu odeio as grandes lojas, quando o ônibus chegava, porquê não queria andar de táxi e dispensara o motorista.
Eu não ouvi; até hoje sou surdo, mudo e cego contra urdiduras abomináveis.
Entramos em uma livraria enorme; minha primeira vez!
Os leitores vão me desculpar, acho que não preciso nem pedir, o tempo urge.
Vou contar apenas a cena quando ocorreu a minha concepção filosófica.
Conversávamos sobre imagens de marionetes.

Ela - Quantos livros voce leu, quantos faziam parte realmente do que voce necessita para viver?
Eu - Não entendi.
Ela - Voce necessita de alguém, além das relações formais, tipo biológica, familiar, profissional?
Eu - Neste instante ou a vida toda?
Ela - Gosto de voce. É livre.
Eu - Entendi, agradeço, vindo da senhora, não parece um castigo.
Ela - É lindo. Agora, olhe nos meus olhos, e continue com seu raciocínio.
Eu - Sendo a pessoa mais próxima, quando a vida toda é uma incógnita, se eu disser, portanto, que a senhora é a única que necessito, poderia fazer uma encenação, neste instante!, como seria para a vida toda?
Ela - Posso, mas exijo comentário relativo a experiência, onde não somente ambos estamos na experiência.
Eu - Legal, embora tenho pavor do conhecimento na experiência.
Ela - Imagine minha dificuldade de expressar a felicidade.
Eu - Fácil.
Ela - Começando...

Vou resumir o fenômeno que aconteceu.
Teria que haver a forma do livro, ainda, porque aqui na internet, o encanto, às vezes, também, é medrador.
Gostei disso, encerro as questões, talvez volto ao assunto.
Melhor que a História, só mesmo o suor.

No livro da Marilena Chauí, Da realidade..., quem lê o prefácio, a sua apresentação apaixonada ao Visível e o Invisível, de Merleau-Ponty, enxerga a irrazão da pedra.
Vai ter que começar outro universo, como se vê no filme 2001- Uma Odisséia No Espaço, de Stanley Kubrick; incluindo o meio, que ele não mostrou, entre o monolito e a perda difinitiva da existência.

Não se zanguem, qualquer dia conto mais da minha experiência primeira da concepção filosófica.
Vem comigo, apesar que só em 4001 possa chover clientes do ceu, para ser apresentado a Vida.
Não é pessimismo, é apenas um exemplo de dispersão dos acontecimentos.
E já é alguma coisa, para quem se interessa e não tem qualquer previsão.
Este deserto é favorável a quedas de monolitos incognitas e operantes.

Minha gentileza (fragmentos do prefácio):

EXPERIÊNCIA DO PENSAMENTO
Marilena de Souza Chauí
Homenagem a Maurice Merleau- Ponty, no 20º ano de sua morte
1981 - Editora Brasiliense

"A uma vida que findou muito cedo, aplico as medidas da esperança; à minha, que se perpetua, as medidas severas da morte." ("Prefácio" de Signes)

"A morte é um ato com personagem único.
Ela recorta na massa confusa do ser essa zona particular que é nós.
Põe em evidência, sem ser secundada por nenhuma outra, essa fonte inesgotável de opiniões, sonhos e paixões que animava secretamente o espetáculo do mundo e, assim, melhor que qualquer outro episódio da vida, nos ensina o acaso fundamental que nos fez aparecer e nos fará desaparecer". (Lecture de Montaigne)

"De morre-se só a vive-se só a consequência não é boa, pois se apenas a dor e a morte são invocadas para definir a subjetividade, então a vida com os outros e no mundo é o que lhe será impossível (...)
Estamos verdadeiramente sós apenas sob condição expressa de não o sabemos.
Essa ignorãncia é nossa solidão (...)
A solidão de onde emergimos para a vida intersubjetiva não é a mônada; é apenas a névoa de uma vida anônima que nos separa do ser e a barreira entre nós e o outro é impalpável. (Le Philosophe et son Ombre)

"(...)Entre o bisturi afiado, que recorta as questões decisivas do presente europeu, e o riso filosófico, este silêncio de quem perdeu o medo de rir da filosofia porque aprendeu através dela, os universitários franceses parecem ter escolhido um punhal sem gume e o ruído da gargalhada.
Imaginaram, talvez, que bastaria uma sacudidela para que a metafísica rolasse por terra e o humanismo virasse pó.
Não perceberam, na pressa quem sabe?, que as costas onde ambos agarravam era o dorso de um tigre.
E que este não era de papel.
(...)
Talvez por esse motivo o silêncio sobre Merleau-Ponty não seja surpreendente.
Foi a homenagem involuntária que lhe prestaram.
Para que a ruptura ruidosa pudesse ser proclamada, era preciso esquecer um pensamento que pusera em questão o estatuto do sujeito e do objeto, da consciência e da representação, dos fatos e do conceito.
Que modificara a maneira tradicional de acercar-se da linguagem e da arte, desvendara a dimensão ontológica do sensível e criticara o humanismo.
Era preciso abandonar uma filosofia que arruinara as certezas e evidências trazidas pelas ideias de razão, natureza e história cuja positividade permitia o surgimento de duplos imaginários e igualmentes positivos: a irrazão, a vida e a dispersão dos acontecimentos.
Era preciso deixar no olvido um pensamento que buscava o decentramento sem alarde, um trabalho corajoso e paciente que desmanchava o tecido da tradição puxando os fios da não-coincidência, movendo-se na tensão resvalosa dos incompossíveis sem procurar sínteses apaziguantes, abrindo-se ao movimento de uma diferenciação primordial de onde nascia a possibilidade de outra ontologia."