quarta-feira, 10 de março de 2010

Notas da "grandeza" do Brasil


Nhô Tonico, não deixou nada a desejar, enfrentou a covardia velada da inveja de amigos íntimos e parentes; a sua "única falta" já muito antes de sair do Brasil foi esbravejar rápido e cortantes chapéus muito pequenos que serviam até em cabeças de porco/personalidades influentes da época.
Era notável, a quem ainda se der ao trabalho de conhecer profundamente uma personalidade "grande" brasileira, o quanto as pessoas próximas se distanciavam para simular não estarem interessados no talento de Carlos Gomes.
É ainda conhecido, para a geral 'dentro' da cultura artística na história brasileira, por sua obra O Guarany, peça essa que fez por estalo, e também a mais despreocupada em suplantar os vícios da música com o gosto mais popular, sempre mais voltado ao ritmo fácil para dançar e menos aos estudos e construção da identidade do país.
Vê-se que, seguramente por aqui, o abismo que há entre o popular e o erudito, já existia no século 18; ou sempre existiu, aqui, ou em qualquer sociedade humana.
Nhô Tonico sabia disso desde a infância, fazia questão do reconhecimento de seu apelido.
Não queria jamais perder sua raiz, provavelmente, afora os conhecimentos eruditos sobre sua vida e suas obras, pretendia desfazer essa estupidez de colocar dois pesos e duas medidas para "gostar" de arte e sabedoria. Será?
Será que essa questão também, "depois de morta", vai ser homenageada como "brasilidade"?
Seguindo o itinerário de qualquer vício, pessoal ou social, rapidamente, se morrer jovem, ou muito demoradamente, se morrer de velhice.
E, em ambos os casos - todo vício é maldito -, logo serão esquecidos.
Nhô Tonico, desconfio, também sabia disso.
Sabia que as pessoas conseguem se lembrar do que foi esquecido.
Claro, graças ao bem embutido "graças a Deus".

3 comentários:

Devir disse...

'Graças a Deus, há muito tempo virou expressão automática, como todos gestos de reflexo faz parte do condicionamento cultural, o que me remete ao inesquecível filme Meu Tio da America, então imediatamente fico curioso, porque não há nenhum comentário.

Distante de palavrias, luzinhas e sonsinhos, Carlos Gomes sonhava "grandes" sociedades para todo país. Não há dúvidas que na Europa e "America do Norte", onde tais preocupações estão tão bem condicionadas, entenderam seus recados.
Não se trata de privelegiar um em detrimento de outro, mas, tão somente, cair "numa real", rss, "bem mais real".
Que contraditório é ver quem tem previlégios esperando "identidade" de quem precisa suar sangue para perfazer a sua completa
"identidade notável"; infelizmente esquecida para apenas se lembrar como itém "do passado".

Fortes abraços

Luciano Fraga disse...

Caro amigo Devir,copiei,enviarei e voltarei posteriormente para coment do texto, abraço.

Mariana Abi Asli disse...

Demorei mas estou por aqui, rs
então, Carlos Gomes foi alguém que já se esqueceu na história presente, mas presente na arte de articulações e da própria arte.
Eu não li o Guarani, mas sei que gerou um marco na cultura brasileira...aliás tem tantas coisas que estão escondidas por aí que marcam e retratam este "mundão do meu Brasil"rsrs


(meu cabelo está crescendo sim para cortar novamente, é a lei do ciclo, rs)
bjkitas

Mari