segunda-feira, 29 de março de 2010

Por que um nome ao devir?

Hey! hey! Chuck, look me! Oh God, touch me!

Descartes: Dante por Pessoa e Shakespeare


Bem triste (adágio for strings, Samuel Barber),
não preciso incorporar nada,
sou o que sou,
a imagem negativa do auto abandonado
e a imagem positiva do excluído, a melhor
imagem cópia do paradoxo de deus.
O ser e o não ser verdade ou mentira, melhor cópia
da melhor arma de todos os tempos
para conviver com qualquer indivíduo
de todas as espécies.
Honrando a expiação evolutiva.
"Morrendo a vida" para não aumentar seu sofrimento.
Eu não quero nada,
não dou,
não compro,
não vendo,
não peço,
não empresto
e nem sequer olho,
quando qualquer fome
empata minha luz.
Eu me apago,
eu me deixo apagar,
para suster o corpo
contra dores fenomenológicas;
sintoma de dores do mundo,
que também sofro e provoco,
em nome da espécie.
Eu me recuso a me programar para pensar.
Não quero me destacar, muito menos copiar meus semelhantes.
Servir ou me servir dos mais próximos.
Bem triste, novamente a trilha sonora de Platoon,
não preciso lembrar do filme,
não sou nenhuma das caras e nomes,
não tenho aquelas paisagens
e nem sequer empreendo tão "canalha" guerra.
Meu destino é superior às circunstãncias,
embora estas são as maquiagens obrigatórias
à "divina" comédia.
Quando é preciso rir,
fico atônito por segundos,
não quero ser um bom ator.
Quando é preciso chorar,
fico desconfiado,
não quero roubar a cena dos protagonistas.
Diante de uma tragédia diária,
imposta em azar ou em comum
ou em consequência das próprias escolhas,
fico contra meus parceiros de palco e contra a platéia,
que esquecerão como "adicto"
para não arranhar a própria imagem no outro dia.
Não faço acordos.
Não sou para alguém,
"ninguém" não é para alguém,
alguém não é para alguém,
eu sou para todos.
Não acomodo o espetáculo enquanto atuo.
Não desejo palmas nem lágrimas.
Não preciso de holofotes especiais.
Não estou à deriva
e nem meu único objetivo é meu papel.
Não estou aqui ou lá, de cada vez,
para não ser só daqui e nem só de lá, de cada vez,
para ser todos e tudo em todas as circunstâncias.
Tenho só princípios,
não tenho meios e muito menos fins,
para não assombrar além da liberdade alheia.
Em respeito aos "números",
meu "nome" ainda é devir,
porque nem "ninguém",
que não percebe a continuação cena a cena,
pode escapar ao teatro,.
e isso quando acontece,
ninguém tem coragem,
o mínimo,
de saber "por quê".

11 comentários:

Mariana Abi Asli disse...

Se todos agissem como vc...
bjs fraternos

Unknown disse...

Vc é o ator do real vivente,
Dos antes que te continuem no agora.
Vc é o que quer ser,
E também é o que há “devir”.

"a imagem negativa do auto abandonado
e a imagem positiva do excluído, a melhor
imagem cópia do paradoxo de deus.
O ser e o não ser verdade ou mentira, melhor cópia
da melhor arma de todos os tempos
para conviver com qualquer indivíduo
de todas as espécies."

Rs, realmente um ótimo post.


Sobre esse filme, 'Platoon', um professor o comentou hoje; fiquei tentada a assistir. Gostaria de saber da sua opinião!

Beijos cor de anil.

Devir disse...

Agradeço, dos pés
à cabeça
e o que tem de necessária mente

Segue meu amor, em poema
em seu bolso
tão confortável mente

Uma mão,
jamais unilateral mente
se sente, à outra

Se este já é muito
mundo, para mim, óbvia mente
é tudo para mim

Um estranho beijo, bom
embora, assustadora mente
por seu meu

Devir disse...

Deus, isto aconteceu
a grande evolução, em tudo!
O mais profundo prazer de vida
ao tocar magnífico violoncelo
e, tudo entre os mundos
e nós em voltas
do destino

Platoon é grande filme, e se torna maior, a cada cena quando os vícios vão diminuindo; logo após as cenas de estupro do "forte" contra o "fraco". Quando os diálogos começam a pertencer também a quem assiste.
Sei muito pouco sobre os aprofundamentos do cinema, ou até mesmo de qualquer forma de Arte, leio muito pouco, talvez tomo uma vista muito alta, rss consigo traçar uma geografia interessante.

Não gosto de elogiar, assim mais ou menos tuiter, voce sabe quanto sou rabujento, mas isto é Arte!:

"Vc é o ator do real vivente,
Dos antes que te continuem no agora.
Vc é o que quer ser,
E também é o que há “devir”."


Mais... é perigoso; tá no cinema!

Devir disse...

Mariana e Isis, neste instante descobri(uhm, ou inventei) quão bom e ler o text ao som de Creep, com Muse.

[Aberração]
Quando você esteve aqui antes
Nem pude te olhar nos olhos
Você é como um anjo
Sua pele me faz chorar
Você flutua como pluma
Num mundo perfeito
Eu queria ser especial
Você é tão especial

Mas eu sou uma aberração, um esquisito
Que diabos é que eu estou fazendo aqui
Este não é meu lugar

Não me importa se vai doer
Eu quero ter o controle (da situação)
Quero um corpo perfeito
Uma alma perfeita
Quero que você perceba
Quando eu não estou por perto
Porra, você é tão especial
Eu queria ser especial

(Ela está indo embora
Esta fugindo
Ela se vai, se vai, ...)

O que você quiser para te fazer feliz
O que você quiser
Você é tão especial
Eu queria ser especial

Mas eu sou uma aberração, um esquisito
Este não é meu lugar
Este não é meu lugar


OBS:
Creep é uma giria
Realmente Creep significa arrastamento.
Na giria é: pessoa que causa arrepios.
(Vagalume)

Zana Sampaio disse...

Eu não sei quem te deu esse nome... Quando leio teus comentários fico me perguntando se te alimentas de epifanias, que versos compõe teu ser ou se tua matéria é além, um Devir, com nome e sem rima previsível!

Luciano Fraga disse...

Caro amigo Devir, poesia Marginal na mais pura essência,dolorosamente maravilhosa, foi no ponto mais alto do infinito com os pés completamente no chão,o que dizer? "putas que pariu..." Chocante, forte abraço.

Devir disse...

Zana, querida, acho que não tenho acesso a perguntas que envolve inexpugnáveis "Aléns".
Mas, está no texto, expio...!!!
Ao abandonar 'expiações' dos "aquéns intocáveis"
restou-me certezas indecifráveis, porém absolutamente palpáveis.
Dentre elas, uma tomei, semelhante imagem da pílula vermelha no Matrix, e, para surpresa geral, rss inclusive minha, "eu não foi o escolhido".
Chamam-me de sínico; mais sínico é o julgamento sumario.
Chamam-me de louco; mais louca é a ignorância sobre a loucura.
Chamam-me de ignorante; mais boçal é a objetividade que resolve um problema cortando todo o suprimento de vida.
Certeza é um nome objetivo, portanto, desconfiável.
Àquela força, cinematográficamente pensando, eu não daria um nome, nem número, nem a localizaria no espaço/tempo de qualquer forma extraordinária, simplesmente para poder não estar no lugar comum, onde as coisas apenas simulam a 'evolução natural das espécies'.

Ah, chamam-me de arrogante; mais arrogante é o silêncio dos "inocentes".

Devir disse...

Sincero comment, Luciano, mas seria melhor excluir o nome 'Marginal", porque tenho na carne as marcas a ferro de tão caro conceito.
Época que ainda hoje causa-me náuseas, quando, cabelos ao vento gente jovem reunida, descobri que não passava de uma rés COM DONO.

Repare como fica melhor:

"Poesia na mais pura essência,
dolorosamente maravilhosa,
foi no ponto mais alto do infinito com os pés completamente no chão,
o que dizer? "putas que pariu..." Chocante"

Luciano Fraga disse...

Caro amigo Devir, por estes dias estará chegando encomenda por aí,já enviei, abraço.

Devir disse...

Ok, Luciano
E confesso que estou muito ansioso com os outros textos além do meu. Enfim, claro, com toda a revista.
É, praticamente rss a primeira vez, que exponho um texto "no jeito" que sempre quiz ser, sem estender tapetes vermelhos ou lamber os pés do "Outro", ou, em outras alavras, sem aceitar ou contrariar inconscientemente a ideologia "vigente". Ou mesmo, em linguagem essencialmente, escrita e impressa, para ser lida e pensada.
Acredito que a imagem para ser lida, atualmente, no Brasil ou talvez em qualquer parte do planeta, se tornou, então, utopia.
Tento, às vezes, imaginar nosso país e todos os brasileiros, capacitado a tomar, retomar, inverter os caminhos entre o ser e a sua imagem, porque sei que este processo, sim, faz a História da evolucão das espécies; que não pode se estancar ao Homem. Muito menos à agourante "máquina".
Bom exemplo desta inversão é colocar aqui duas cópias sutilmente iguais, e, pelos vícios atuais da informação, escandalosamente diferentes, dos paradoxos da vida.

Esta pintura é de Bacon, copiada do Wikipedia:

"Nasceu em 28 de Outubro de 1909, em Dublin e sofria de asma. Esta debilidade irritava seu pai, um homem rude e violento, que o costumava chicotear para o "fazer homem". [Então...]
Como homem do seu tempo, Bacon transmitiu a ideia de que o ser humano, ao conquistar e fazer uso da sua própria liberdade, também liberta a besta que existe dentro de si.
Pouca diferença faz dos animais irracionais, tanto na vida - ao levar a cabo as funções essenciais da existência como o sexo ou a defecação - como na solidão da morte; representando o homem como um pedaço de carne."

Música atonal para abafar o horror!
E um beijo, quero te ler no Jô, perdão, te ver no EntreLinhas, e torcer para te ter na imortalidade.

Grande abraço