quarta-feira, 17 de março de 2010

Reencontrar nosso devir


Sem sentimento a lua é matéria morta

" Mas a intuição comum
adormecida na simplicidade
não vai com certeza aceitar
tão facilmente a sua derrota.
Vai objetar-nos
que a experiência comum
não nos dá exemplos
destas trajetórias hesitantes.
Acusar-nos-ão até
de uma verdadeira
contradição inicial, dado
que adotamos uma solução
não analítica para um problema
colocado no quadro de dados
analíticos. " (Bachelard -
A Filosofia do Não)

Acredito que o sentimento, ora comum ora complexo, o qual chamamos Amor, é mais antigo do que ciência, filosofia e arte, doravante resultado de nosso "domínio" da comunicação.
É possível vislumbrar, no parágrafo anterior, os três devires: anterior, durante e posterior ao Nome; todo nome consiste na tarefa de reconhecimento sem garantir se houve conhecimento.
Nomeamos algo assim que o identificamos e, muitas vezes, já nos bastamos.
É exemplar como o cinema antecipa o futuro, principalmente dos conhecimentos científicos.
E não se exige muito esforço para perceber por quê, logo o cinema, que, para mim, reúne todas as formas de expressão, que denominamos Arte.
Mas arte, tanto quanto ciência e filosofia, como simples expressão, para mim, não são o suficiente para nomearmos Sabedoria; esta provavelmente tem no cinema sua mais abragente comunicação, e vicie versa.
Obviamente, todo "domínio" é relativo à formação natural e circunstâncias históricas.
Fechando, portanto a volta, deste raciocínio, reencontramos o sentimento, pertinentemente o amor, que, por sua indubitável categoria de absoluto, se coloca no mesmo patamar de importância, sem o ser matéria, para a Vida.
Conclusão: Amem antes de tudo.

4 comentários:

Mariana Abi Asli disse...

muitas vezes criamos nomes por certos conceitos que estes nos foram formulados por alguém quando pequenos...e assim fomos obstruidos da arte da "linguagem" e meio paradoxal tivemos a imposição da língua, dialeto como forma de comunicação, formas foram criadas, catalogadas, impostas para a nossa língua,rs
A arte é apenas um é meio..um caminho, uma variação de percepção de linguagem da não linguagem dita, escrita, verbalizada...
é simplesmente arte e ponto, e por ela ser assim, temos uma concepção da criação, sensibilização libertadora...


bjs
mari

Devir disse...

Não encontrei qualquer sentimento no seu comentário, perdoe-me, se acaso faltou-me evolução.
Lembrando o post, em Bachelard:
"A verdade causa repugnância à nossa natureza, mas o erro não, e isso por um motivo bem simples:
a verdade exige que nos reconheçamos como seres limitados; o erro acalenta-nos na ideia de que, de um modo ou de outro, somos infinitos."

Tem dois livros (noturnos) dele que gostaria de procurar, vamos?

Zana Sampaio disse...

as diferentes nuances conferidas através do ato de nomear fazem desse simples ato uma arte... arte linda e de inefável valor... o nome é o timbre, é a cor do devir... dos 3 devires! gostei da prosa!

Devir disse...

Sim, tás valendo, e muito, Zana

Disse, outro dia, para a ponta de lança ideal, "não é fácil o que parece", e, por exemplo, manter-se cativo à "verdade&mentira, ainda?" ou 'a vida é o que é' e a morte 'acontece', o extremo oposto da lança, a realidade mais estúpida, rss, não, é muito fácil viver, quando o meio é 'aguapesada'

De toda forma, melhor e bem cômodo,
não amar o tempo todo, a única igualdade da humanidade...

beijo