quarta-feira, 27 de maio de 2009

Corpo e mente simultâneos



Cegueira (punctum caecum) da "consciência"
Notas - Maio de 1960 - O visível e o invisível
Maurice Merleau-Ponty
Editora Perspectiva

"Aquilo que ela não vê, é por razões de princípio que ela não o vê, é por ser consciência que ela não o vê.
Aquilo que ela não vê, é aquilo que nela prepara a visão do resto (como a retina é cega no ponto de onde se irradiam as fibras que permitirão a visão).
Aquilo que ela não vê, é aquilo que faz com que ela veja, adesão ao Ser, sua corporeidade, são os existenciais pelos quais o mundo se torna visível, é a carne onde nasce o objeto.
É inevitável que a consciência seja mistificada, invertida, indireta; por princípio; ela vê as coisas pelo outro lado, por princípio ignora o Ser e prefere o objeto, isto é, um Ser com o qual rompeu, e que coloca para além dessa negação, negando essa negação - Ignora nela a não-dissimulação do ser, a Unverborgenheit, a presença não mediatizada que não é positivo, que é ser dos confins "

Este livro, há muito tempo, até esqueci quanto, é de cabeceira. Lembro até do clima, da loja e da face e humor da vendedora, mas a data se perdeu. Talvez minha consciência omite ou 'não faz questão' de lembrar determinadas angústias relativas à contagem do tempo, somente meu corpo resgata aquele momento por razões talvez, como sempre, para efeito moral e ou de costume, obscuro.

6 comentários:

bat_thrash disse...

Não o li, mas creio que seja muito intererssante, valeu pela indicação.

"eu sonho o mundo; logo, o mundo existe tal como eu o sonho.” ( Gaston Bachelard)




Há seres que do mundo da razão absoluta são apartados, por sonhar o real e vê-lo de outra forma.

Alienados assim do mundo dito "normal", esses seres ímpares constroem seu cotidiano dentro de seu próprio mundo.
Nele, encontram seus pares.


Bom fim de semana!

Beijo.

Devir disse...

Incrível!!!
Dizem, sonoro ou escrito, que coincidências não existem, mas a vida nos prova sempre, rss, de repente, ao contrário.
Neste instante, eu estava pesquisando sobre algo que, nos últimos dias, vem-me fustigando feito piolhos; os quais ainda não tive experência, salvo suas metáforas, portanto considere um conhecimento parcial.
Coçava a cabeça atormentado para entender o que existe entre a consistência e a inconsistência. Depois de encontrar uma explicação rasoável, talvez um remédio, paliativo ou não verei, voltei ao meu blog para lançar sementes(de antemão também, sem questionamentos sobre a fertilidade do terreno), eis que encontro este seu comentário; quê alegria!!!
E outra surpresa imensurável e saber que voce conhece o Gaston, cujo livro A Poética do Espaço, é indispensável a todos que se aventuram na poesia. Sem falar, no duro da vida, seu A Filosofia do Não.

Então, Bat, este apartheid anestésico ao mundo, muitas vezes bem quisto(medicinal tambem, rss), é foda, "obscura"; lembrando Burnnel.

Grande Beijo

bat_thrash disse...

Comentei todos os teus posts pretéritos. Andei doente esta semana e me ausentei da net.
ah, minha mãe sempre me faz indicações de leituras, e nuca me arrependo de aceitar todas as sugestões que me dão.

Luciano Fraga disse...

Caro amigo Devir, gostei da indicação, bem como da linguagem inicial, muito intressante este proocessamento da consciência, o que difere o que é real daquilo que ela interpreta como realidade fora dela,vou correr atrás, grande abraço.

Devir disse...

Bat,
(sem palavras)

Mãe da Bat,
Valente, tenho certeza

Beijos

Devir disse...

Luciano,

Quando dentre minhas palavras
Ouve-se canhões de navarone
Vê-se a noite verde teleiluminada
Ou, ao contrário, miados de lobos
Fico tão triste, desterrado a Eliot
Então insone solitário comiserado
Escuto as versões de Bach bwv 1068
E tomo o livre arbítrio do que sou

Um grande abraço