terça-feira, 19 de maio de 2009

No escuro do cinema 2


O resto é costume
"Às vezes a vida até parece uma festa, porque em certas horas, é só o que nos resta. Ficar cego feito uma criança, só por medo ou insegurança. Ficar mal ou bem acompanhado. Não importa se der tudo errado."

Neste momento terminei de assistir ao filme Febre do Loco e, para quem não recomendo tambem assiti-lo, é um filme modesto, sem tanta tecnologia, nem exímia retórica artística.

Exatamente porque se Van Gog tivesse em mãos tecnologia e retórica, ao invéz de uma navalha, não cortaria a própria orelha.
Não é uma diversão, para mim, contar, seja qualquer coisa, sobre filmes. Quando acontece, na certa fui levado pela atração da convivência.

O meu, o nosso, e os blogs, não são espaços para a retórica, contudo precisamos conviver e, se possível, sem nenhuma técnica extraordinária do sentido e conteúdo de cada post e, rss, se possível, de cada comentário. Se preciso, sem orgulho, peça uma licença ao Tempo.

Existe um bem maior do que, no mínimo, romper as grades de uma prisão? Sabemos que somente as vítimas não retornam. E tão somente os estóicos aproveitam o lugar para dar aula.

O exímio artista costuma derramar seu talento sobre objetos práticos. Dalí, tanto quanto aquele automutilador, foi um artista execrável para quem a modéstia não lava sequer os próprios pés. Seus quadros jamais serviriam para calçar um caminhão de bobagens.
A indiferença aos Outros, e a diferença a poucos outros, dormem com as panturras. O único defeito da convivência automática, porque o resto é maravilhoso como enxergar.

Voltando ao filme de Andrès Wood, podemos lembrar que o único defeito de Deus foi permitir o Humano, que, quando em febre, contamina até os bovinos. Estes se tornam ridículos e capazes de sentimentos.

Nem toda confusão é sitoma de doença, assim como inúmeras formas de febre, apesar de oferecerem os mesmos riscos.

Prevenção nem sempre significa medo e insegurança.

Às vezes nem podemos ter qualquer direito, muitas delas por prazer, até sabendo, e se repetindo, que pode dar tudo errado.

Exemplo de retórica: agora, eu te amo, o tanto que durar a febre de um encontro.

10 comentários:

Luciano Fraga disse...

Meu caro,melhor que romper as grades é despertar de um pesadelo.Na vida como no cinema, tudo é projeção, esquecemos do projetor, assim como das nossas mentes e nestas misturas, tudo vira realidade.Quando o comentário em um blog(meu/nosso/seu/de outrem), tornar-se um compromisso extraordinário e obrigatóriamente genial, pedirei licença ao tempo e queimo o chão.O resto são trivialidades gravitacionais.Bom texto meu amigo. Grande abraço.

Devir disse...

Pois é, caro amigo, Luciano.

Não é à tôa que voce, por enquanto, espero, é o único a ter dormido com meu barulho e, rss, conseguir acordar do óbvio pesadelo. Dentre as "trivialidades gravitacionais" algumas eu evito a qualquer custo, por exemplo: achar que algo porque é de graça não presta para nada.
O crescimento não é um objetivo genial, tampouco obrigatório, mas convenhamos, carregar o senso de que se é completo, de alguma forma, impede-o.
Ah, parceiro de uma dor antiquada, por que por mais que nos custe a vida, ela sempre nos parece de graça e, só por isso, maravilhosa?

Paula Freitas disse...

oi, obrigada :]

Luciano Fraga disse...

Sempre grato mesmo, apesar dos...Os horizontes estão por aí.Abraço.

Devir disse...

Voce é muito louco, companheiro!!!
Lembrei o filme O procurado. Temos sempre aquele, jeitão ou jeitinho a depender do ponto de vista do observador, que aparece, sempre tambem, quem dê tapinha nas costa, dizendo: voce é o cara, amigo!
Então, silenciamos aquela certeza que um dia, a qualquer momento, vamos mostrar quem realmente somos.
Enquanto isso, na verdade absoluta, estou ouvindo a número quatro, do Villa.
Não podia deixar de dividir o tesão, a experência da personagem da Angelina, neste filme. Mas, puta que os pario, nem a irrealidade de uma mulher assim deve morrer!

Pior do que os... é não se preocupar em ter sempre um dinheiro a mão. O sistema é
sem salvação. Abraço.

Devir disse...

Paula, é um prazer. Por favor. Não olhe a bagunça.

Como está seu começo de fim de semana?

Paula Freitas disse...

como sempre, estava um caos. e como sempre, tão mais rápido quanto a própria voracidade da inconstância dos leitos, acabou. você tem contato para mensagens instântaneas ou coisas como tal? se tiver e ou puder, me passe. abraços.

Devir disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
bat_thrash disse...

Às vezes aguardamos incessantemente pedaços que nos faltam no vazio, no espelho ou até numa foto rasgada. Onde anda a imagem perdida? Ela é um retrato da alma em desalinho. O espelho só reflete o aparente, a ilusão do eu. É no ato de ousar o que não alcança que a resposta se dá, ainda que em língua aparentemente estranha.

Beijo.

Devir disse...

"Às vezes nem podemos ter qualquer direito(às vezes as pessoas mais importantes à nossa vida são quem roubam nossos direitos), muitas delas por prazer("relaxar e gozar"), até sabendo, e se repetindo, que pode dar tudo errado(quando o certo tambem se faz incerto)".

Grande beijo