sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Cold Case

TRUE STORY

É tão complexa a vida que resolvi deixá-la se recuperando e aproveitava para cuidar do resto, para que este não entulhe a soleira da porta.
A dificuldade é algo que deixou de ser moda até naqueles países mais avançados, então não sou de ferro; toda carne é fraca, ao fogo sofre.
Mas as frases de paraxoque são paradóquiscos quando se encontram nos outros, a dor não vale qualquer penada.

Blog não é minha cronica desde que nasceu meu Bem, no espaço orkut que ficou pequeno; minha infância foi nas salas de bate papo.
Lá os crackeiros de Newalk questionam o que sobra da divina comédia humana de maneira imprudente; churrasco sem matar e limpar a carne.
Experiências de sobra, dá até para salvar as roupas de incêndios contundentes; o diabo espreita, de salto 15 prada esfrega as mãos e faz bolinhas.

Falarem o que os outros tem que fazer é fácil.
Fazerem o que os outros tem que falar é difícil.
Aos primeiros bastam não fazer nada.
Aos outros não bastam fazer.

Foi depois destas, indiferentes, secas e jogadas pro ar, frases de parachoques de naves loucas, que fui chamado para uma entrevista de emprego; proposta que fiz a mais de dez anos. A empresa está entre as dez maiores contas da publicidade mundial. Houve uma ajudinha, sine qua non, bem brasileira, de meu amigo Rico. Aconteceu outro dia, recentemente, terça feira, agora. Eu estava no maior bode por não conseguir dormir e se enrolar na cama desde as 3:30hs, à luz da TV apagada, e ele ligou para eu comparecer 8:00hs.
Jamais espero o amor na vida, jogando para passar o tempo ou por diversão impossível higienicamente eletrônica. Então, Mônica, na recepção, me entrega a 'proposta de emprego' para preencher, e sorri. Um sorriso tão lindo e tão bem definido que eu resolvi amar um pouco.
- O que voce contém, Mônica?
- Credo, que pergunta, voce quer tomar um cafezinho?
- Café só aprecio após acordar.
Mônica se intersecciona-se.
- Estou acordado desde semana passada.
- Voce prefere voltar outro dia?
- Se o Rico me fizer esta pergunta, direi que não.
- O senhor pode aguardar.
Sentei em um sofá enorme e branco, travei, fiquei olhando o reflexo de Mônica trabalhando na mesa de centro de vidro sobre o tapete de pele de panda por pouco tempo logo Rico apareceu e me chamou até a sala de reunião onde estava os três sócios da empresa. Destravei, passei apressadamente e sequer ressenti o perfume afrodisíaco daquela que a pouco me encantava como uma droga de sereia.
Já na primeira pergunta séria percebo a salvação da área de trabalho e o fundo de tela.
- Pois bem, senhor Armando Duro, vamos ao que interessa, que é o que somente interessa para o sucesso da empresa, mas antes, eu, o Jair e o Jurandir, e o diretor de logística, o Rico, ficamos curiosos, depois que a Mônica nos relatou um fato 'bem estranho' que aconteceu na recepção.
- Aprecio ouvir ou ler poemas e certos relatos "bem estranhos".
- Sem ofensas, mas nos descabelamos, como diz o rapper office boy da empresa, em gargalhadas, acho que o senhor até pôde ouvir, ouviu?
- Na vida real sempre prefiro sem trilha sonora ou contra regras. O que ela contou, "senhor"?
- Jaime, por favor. Pois bem, Armando, ela disse que voce se apaixonou à primeira vista, isto é muito inusitado, teremos um nobre Dom Juan entre nós mortais, portanto?
Pergunta muito complexa, divaguei, lembrei de minha esperança ainda sob as montanhas remotas em algum lugar de Minas, cantei "dentro de mim" Quem Sabe Isso Quer Dizer Amor, sem perder meu objetivo de ser e estar ali, depois respondi.
- Teremos?
- Se não for o zorro...
Gargalhadas são humanas. Mônica entra oportunamente rebolando e entrega a 'proposta de emprego' preenchida(?) para o Jaime. Os sócios se olham. Jaime passa o formulário para o Rico. Ele olha para mim e segura nova gargalhada. Os sócios não conseguem, e eu sinto muito "sono". Lembro do panda, da sua pele presa sob a mesa de vidro, inerme. Um verdadeiro processo de intersecção irrompe entre minha orelha e minha nuca.
- O senhor cursou na Havard? Pergunta-me, Jurandir, o mais modesto, impressão que tive devido as suas roupas, camiseta pólo e jeans desbotado e bota preta surrada.
- Mais ensinava.
- E a trocou por Oxford, por que?
- Temia por se tornar famoso, programa do uma vez por ano, essas coisas.
- Há quinze anos abandonou suas atividades no SNCI, para colaborar com pequenos jornais de pequenas cidades do interior, por que?
- Esta é uma pergunta muito complexa, senhor Jurandir.
- Só Jurandir, "por favor".
Desta vez eu que precisei conter uma gargalhada. Não foi com tanta dificuldade, porque gargalhar é demasiadamente humano.
- Parece que voce, Armando, ?, prefere que o estendemos um tapete vermelho, seu Nobel de Medicina, todo mundo sabe, e ninguém entendeu exatamente o que encontrou dentro das bostas das bactérias, não teve toda essa audiência que imagina.
- Uhm, barraco, também, "senhor"?
- Quê? Pergunta-me, Jair.
- É, barraco, o senhor não sabe o que é um barraco?, mas não estou falando destes de construção, falo daquelas instalações virtuais que gatos fazem na madrugada.
- Vou sugerir o seguinte, sou responsável pela parte pessoal da empresa, e em consideração ao Rico, que promoveremos o Buiú, do telex, e voce ocuparia seu lugar.
- Isso ainda existe?
- Tem uma ideia melhor?
- Departamento de criação, uhm, então já posso começar?
Claro que sabia, em algum momento deveria responder que não gosto de jogos mentais, que sou antiquado, ainda me basto ao espanto dos lobisomens.

Juro que queria escrever neste post, uma divulgação apaixonada pelas as atrizes da peça de teatro Elisabeth versus Mary Stuart, que vou assistir amanhã, no teatro da Gávea. Inspirado naquelas damas tão antagônicas de gênio, resolvi remexer em meus arquivos "mortos" para saber se alguém ainda permanece viva. Mas não pretendo entrar em nenhuma lan house do Rio, talvez. Ainda não aderi ao lap top top hour, continuo preferindo a péssima educação de 'cigarros', porem, só raramente ao tomar banho, quando se trata de distâncias e conquistas aproximativas, no eterno grupo de risco. Saberei se receber comentários e ou emails importantes através do celular.

3 comentários:

Luciano Fraga disse...

Meu caro amigo Devir,tem certos dias que amanhecemos...Nos deparamos com aquelas coisinhas agradáveis, você sabe, daquelas que mandam a pressão lá pra Bagdá...Pois bem, eis que deparo-me com uma bela entrevista anárquica, cheia de humor e sarcasmo, daquelas que os mais formais merecem, lembrou-me da "nave louca", um timezinho de futebol muito doido que participei na pós adolescência e que era o maior barato,que devaneio! assim sorri e distraído a dor insuportável da nuca passou, seria este texto medicinal? Obrigado, abraço mestre.

Devir disse...

Bingo, Luciano!!!

Talvez levaria á falências a indústria farmacêutica, e de carona a de cosmétiicos, mas utopia não depende de poucas andorinhas, né?
Temos ainda que pensar nas crianças sem nossos ranços.

Como canta o karnak, o mundo é bacana prá caramba, tem gente que come, tem gente que não come demais

Adorei seu motivo e lembrança!!!

Grande Abraço

Devir disse...

Essas coisinhas

Antes de tudo, tenho certeza que voce concorda, a educação não é inspirada pela cultura brasileira, de vez em quando assisto filmes nacionais antigos, na verdade, devoro qualquer documentário, sempre a minha nuca lateja e minha orelha congela, não sei, nem consigo refletir porque isso acontece, talvez a audição negada na cristalização de um passado ou tentativas frustradas - na cultura de cinema nacional, por exemplo - minha verdadeira identidade, mais que meu corpo, tomba para trás, feito ébrio, mas realmente não sei porque este efeito físico - somático - ...

Rss, alguem vai pirar
mas isso não é legal

É mentira, e mentira não é legal
para o povo, é
só para quem se acha acima

E há quem confunda a mentira
com doença, por exemplo
e todos os conhecimentos legais
fica de fora, não se envolvem
realmente na cura
Isso acontece também em outras
áreas do conhecimento e sua prática

Na verdade, o grande sentido
do brasileiro, afora a rapadura
que essa sim é brasileira mesmo
é importar outros conhecimentos

Que eu nego, vi e mentemente
quem importa e abandona
os próprios

Essa é minha mentira, vê
para não se tornar ilegal
preciso que seja "ca:ótica", etc

Mas também jamais
será verdade, se permanecer
mesmo sendo verdade
somente meu
conhecimento

Por fim, acredito
a cura, salvação, imortalidade
são antes dos
conhecimentos
dói muito, pode crer
esquenta a nuca
as orelhas ficam vermelhas
entre elas
qualquer interlúdio
anestesiado
merece, que seja, pelo menos
a paz de Bagdá, rss

Luciano, que seja essa
a nossa mentira
o nosso calvário
que pode enfim
ter uma identitidade,
politicas sem mentiras
contra tantas mentiras legais!!!

Abraço