domingo, 18 de outubro de 2009

Doces lágrimas sem idade

Neste final de semana chuvoso, dentre tantos neste ano, quando então me vi não só livre, como também "obrigado" a permanecer ao calor e sabor da solitude de meu lar - tomo drogas para reconfigurar meu sistema imunológico, que não combina radicalmente com clima úmido, etc. - hoje, eu quase aprendi a pensar que a sociedade brasileira está definitivamente voltada para a paz e o futuro.
Quase; jamais vou mentir por mim.
Paz e futuro, é tudo que ainda não existe e não desisto.

Atualmente, é lugar comum dizer das vantagens da internet. Lembro daquela música, "eu quero uma casa no campo, onde eu possa...", duvido que o mesmo, ou outro compositor a fizesse, hoje, sem acrescentar a internet.
Atenção: aqui o óbvio, não é a contradição.

Desde ontem, precisamente depois da meianoite, decidi implantar um sistema de placas, por minha própria conta, em todos os atalhos que já percorri, e comprovei seus reais ganhos, em tempo e prazer de estar vivo.
Quando percebi que no atalho da diferença, construiram um shopping, resolvi pensar oficialmente.
Prevendo uma tarefa exaustiva com extrema desnecessidade, porque quer queira ou não, o ser natural não troca sua vida em experiência por outra que o tornaria desnaturalizado, desisti, embrulhei a memória e larguei alí sobre terrário da cobra.
Esta desnaturalização jamais é completamente escolhida; por mais que a mioria esmagante me prove ao contrário.
Com certeza, este é o único álibi, realmente justo, que possui a Maitê, para aquela viagem estonteante, junto ao seu feeling de mulher antes dos nomes, pela 'nossa pátria mãe'.
("Se do pó ao pó, que seja o da estrada, pourra, Devir")
Tenho certeza também que, nas "profundezas" do inconsciente dela e coletivo, de todas as pessoas que "o pecado" revela a experiência mediata, existe a esperança de uma era morta que seja imediatamente enterrada.
Mas não é a "era" do socialismo ou capitalismo.

Rosenzweig, no texto Os mandamentos: divinos ou humanos, afirma que não podemos "expressar" Deus (Gott aussprechen), mas apenas nos dirigir a Deus (Gott ansprechen) no mandamento individual. E, segundo ele, ao cumprir o mandamento, ouvimos de forma diferente: ou seja, na ação de cumpri-lo, o conhecimento de Deus se produz no diálogo com Ele, assim como o conhecimento dos homens se produz no diálogo com outros seres humanos. (Maria Cristina Guarniere)

Juro que nestes últimos meses, tentei colocar minha palavra.
Quando a Roberta Castro introduziu a palavra/nome Véu, eu incidentalmente também tomava uma decisão teórica, afirmava que o Homem trocou de lugar com a Sombra.
Naqueles dias, percebi a "marolinha", salve Lula!, por detrás(?) da crise econômica, mas tambem percebia revelações muito rápidas a cada post e comentários, e quanto nos diálogos mais comuns de rotina, em casa, no trabalho, em todo lugar.
Fiquei preocupado, não tenho forças físicas, nem demasiados estudos, para encarar estes novos pensamentos de fusões teológicas, "onda ontológica na natureza"; logo teremos por todo o Brasil, e vai ser espetacular.
Meu filho surfa nestas "ondas hermenêuticas" comuns das frentes frias.
Eu tentei tambem, rss, conversar com a Dny, minha vítima consciência, que ficou com aquele sorriso acanhado de mineura.
Tentei também contar com a Juliana, diamante bruto amélia das cavernas, para me esperar.
Mas duvido muito, não é da natureza delas, rss.

E, no imediato da experiência, pensar é seguir tentando.
Vou dormir, pensando, é claro!, se sou de verdade, se as pessoas e se Deus e o mundo, se tudo também é de verdade.
Eu nunca pensei no nada, desde o berço, talvez, se de alguma forma o revelei, foi como poesia; ele pode existir, mas é impensável.

Seguindo uma atualíssima questão da comunicação, e não vou aproveitar que estou sonhando e criar um cenário típico dos grandes estadistas ou pensadores da civilização - relato o caso mais conhecido e ocultado, das melhores famílias do mundo.
A menina cega, por culpa da natureza, do contrário não haveria culpado, procurou o advogado da família, queria uma indenisação por se sentir vítima. Queria uma quantia muito além do que a família e o próprio país poderia pagar. Ficou conhecida mundialmente como a vingadora de Descartes.
No Hospital das Clínicas conheço uma garota cega conivente com meus crimes. Ela vê muito melhor, confessou-me. Jamais usou só a bengala, usa um óculos de lentes roxas, escuras e profundas que dão realmente a impressão do que diz.
Contou-me que quase um bandido se suicidou por não ter coragem de matá-la.

Não é muito fácil a vida de Nete. Invocada até o pescoço, apenas. Quer se vingar de um filósofo?
- O que ele fez, muié? Apaga essa luz, dorme um pouco!
- Fiquei cega depois que ele dividiu o corpo. É como cortar São Paulo do Brasil.
- Que santo é esse, pelo amor de Deus, vem deitar.
- Levanta, voce, e vem me dizer, por onde eu vejo, José?
Então ambos se calam. José tenta dormir. A luz acesa, fecha os olhos, não sabe o que está acontecendo, não sabe como e porque vem passando por esta experiência.
Nete quebra o silêncio.
- Voce precisa renascer, José! José da multidão. Sem corpo, sem alma. José de Ninguém.
O despertador toca. Nete desliga, deixa José acordado, sonhando que está trabalhando para viver.

3 comentários:

Luciano Fraga disse...

Caro amigo Devir, esse final lembrou-me de uma música do Zeca Baleiro; "Acabo de comprar
Uma TV A Cabo
Acabo de entrar prá solidão
Acabo!
Acabo de cair no 16
Acabo!
Acabo me tornando
Um usuário...

Do 12 pro 57
É um assalto!
É um assalto!
É um assalto!

É 171! Vai Net!
171! Vem Net!
171! Vai Net!
171!

Vem Nete, isso é meu.Ainda sobre o post anterior,muitas vezes, muitas mesmo, fico a contemplar estes milésimos de segundos que precedem as tragédias, que fio, linha, cabelo, pentelho segura essas causas/efeitos? Me perco.Forte abraço.

Devir disse...

legal a foto, parece que voce está bem mais satisfeito com ela.

Zeca Balada é muito bom; tenho a impressão que ele já nasceu universal, não há uma categoria, ou ele, muito sábio, se esquiva de rótulos que filha da mãeTVcom a mesma cara adora.
E 'voce' ainda misturou, no imediato de nosso processo, com artigos bem sacados, muito bom.

A Nete late muito e morde, rss

Se perder é bom, toda aventura bem conduzida e muitíssimo confortável não deixa tantas lembranças para fortalecer nossa coragem.

Mas é cruel saber que quem poderia ser a alvanca principal do arraque faz o que não devia para si: inércia.

Grande Abraço

Devir disse...

Causa e efeito, pense o quanto é a mesma coisa que o ovo e a ave, e portanto uma teorética capciosa!

Sobre os instantes que precedem as tragédias, minha dúvida reside no motivo, quando individual, por que tinha que acontecer?
Por exemplo, um avião cair na cabeça, é instigante pensar por que o indivíduo teve aquele "azar", com tanto espaço em volta.
Jung, dissidente de Freud, escreveu o livro Sincronicidade, nele explica que nada é por acaso.
Óbvio que é assunto velado para quem leva a vida de gado!!!
O gado "não pode" pensar!!!

Por reverência ao sexo e ao leite bom, hoje eu ia postar os cinco primeiros parágrafos do livro Introdução à Metafísica, de Henry Bergson, onde consta a razão destes infortúnios dos ruminantes; todos nós que/quando não pensamos.

Mas resolvi manter minha furiosa irreverência dentro da "fazenda modelo"(Chico Buarque) e vou postar
um conto oportuno do grande mestre Rubem Fonseca; voce vai gostar.

Grande abraço