terça-feira, 13 de outubro de 2009

Espelhos do desejo


Às vezes, no meio de uma conversa,
seja ela qual for, escapo, literalmente fujo,
para lugares incomuns, para onde sei
que não vou mais precisar de minhas armas.
Onde o jardim não tem fim e é fantástico.
Onde a vida não é um show de horrores.

Às vezes até no decorrer de um texto.
Até quando escrevo; exaspero
a sensação de que um texto normal
precisa ter começo, meio e fim.

Existe a certeza de um texto que se liga ao outro,
e assim por diante, mas existe também os "intervalos",
um grande erro da civilização,
que determina a linguagem.

Não nos destacamos da bestialidade pela razão,
pela normatização da existência e inércia.
A vida em comum não corresponde ao conhecimento.

Mil e uma noites causam um único efeito
mais próximo ao todo obscuro desejado.
Enquanto isso, longe das núpcias do soberano,
um único apertar de botão é a causa de...

Ao lugar comum do conhecimento e arte
prevalece sempre conversas sobre causa e efeito,
porém, e teoricamente, no singular
ou com sujeitos indeterminados.
A ciência determina Deus, teoricamente,
e na prática, ninguém experiementa tal fenômeno.
Certa vez, ainda neste milênio,
durante o programa Invenção do Contemporâneo ,
na TV Cultura - seria um oásis perfeito se -
haviam notáveis pensadores debatendo
sobre a morte ou não de Deus,
eu fugi, literalmente escapei,
e fiquei, desta vez, surpreso comigo;
eu vivo este assunto,
estou imerso nesta certeza dividida de meu tempo.
Certamente, usei uma estratégica legal,
que geralmente começa com dúvidas absolutas.
Estas não falham nunca, por exemplo:
Quem é Deus?
Quem é o Homem?
Daí segue as mesmas relativas dúvidas
circunstanciais e pessoais, por exemplo:
Seríamos nós deuses e matamos ou não o Homem?
Existem homens e Deus?


Escapadas lícitas ao tempo bi-partido.
Sem nada e sem Deus, ou deuses,
ou com Ciência e sem "deuses", ou sem o Homem.
Nas palavras de Gianni Vattimo,
"se a experiência é a experiência de uma êxodo,
trata-se provavelmente da partida para uma viagem de retorno".

Poderia dizer, que já estive no jardim sem fim e fantástico,
sonhando com um maravilhoso retorno ao Brasil,
à minha então determinada e irrecusável
identidade, família e sociedade.

Quando sou recapturado, minha existência
(identidade, família e sociedade)
pede paz.
Eu não quero viver bem ou mal
como se fosse um animal irracional.

A imagem não foi das melhores, consciente ou não,
mas o ponto aonde
só mesmo a humanidade de cada um pode atuar,
"impedir a vida, sequer depois da morte",
ficará guardada com carinho,
mas seria péssima, certamente
eu a esqueceria facilmente, rss,
se não houvesse a dúvida
- em quantas testas acertou?
- jamais saberemos (?) -
porque vamos pensando.

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