quinta-feira, 20 de maio de 2010

Admirável mundo sensual


Imagine um extra terrestre que precisa estudar todo o planeta Terra, traçar um perfil completo, separados e associados(!!!) do que é concreto (matéria) e do que é virtual (espírito), em um prazo extremamente curto para os padrões razoáveis de tempo, este comparável aos dos seres humanos, e que perguntasse a voce, tomando-o(a) como representante da espécie humana:
- Voces gostam de ficção? Voces se espelham em novelas? Voces preferem antes a sensualidade do que a reflexão? Voces acreditam que conhecimento só tem consistência se conter um método pré determinado? Voces não abrem mão do gosto (nenhum método!) de tratar a espiritualidade como arroubo emocionais? Voces preferem não saber de onde, como, quando e por quê surgem a inspiração? Suas preferências partem de um livre arbítrio?
Obviamente voce, caso não tenha sequer alguns minutos para "perder tempo para pensar em algo sem objetivos materiais", vai tratar o extra terrestre com indiferença, ou, se representar perigo (força acima da sua) ou náusea (força muito abaixo da sua) vai trata-lo como caso de polícia ou saúde pública; ora seja, não vai responder as perguntas.
Então eu, humano, demasiadamente humano, jamais preparado antecipadamente para qualquer coisa, pergunto-lhe:
Não tenho nenhuma chance de comunicação sem qualquer fórmula "espontânea" de sensualidade? Ou - claro, nada se completa sem naturalmente o oposto - com minha própria maneira de ser "pensado"?
Acredito que não é necessário explicar, para voce leitor(a), o por quê deste texto, mas, então, para não piorar a minha, rss, situação*, deixo-o(a) com as palavras de um verdadeiro mestre:

"Penso, de minha parte, que não há princípio de que pudéssemos deduzir matematicamente a solução dos grandes problemas.
É verdade que não vejo também um fato decisivo que resolva a questão, como acontece na física ou na química.
Apenas, nas diversas regiões da experiência, creio perceber diferentes grupos de fatos dos quais cada um, sem fornecer-nos o conhecimento desejado, nos mostra uma direção para encontrá-lo.
Ora, já é alguma coisa uma direção.
É muito mais ter muitas, pois estas direções devem convergir para um mesmo ponto, e este ponto é justamente o que buscamos.
Em suma, possuímos desde já um certo número de linhas de fatos, que não vão tão longe quanto seria desejável, mas que podemos prolongar hipoteticamente.
Desejaria seguir algumas dessas linhas.
Cada uma, tomada separadamente, nos conduzirá a uma conclusão simplesmente provável; mas todas juntas, pela sua convergência, nos colocarão em presença de uma tal acumulação de probabilidades que nos sentiremos, espero, no caminho da certeza.
Dela nos aproximaremos, aliás, indefinidamente, pelo esforço comum de boas vontades associadas."**

* Situação de quem conversa com miragens; salvo raríssimas excessões, espero.
** A quem interessar, posso também publicar as fontes.

11 comentários:

Unknown disse...

Oras! Vamos simplificar as coisas de uma vez... Comunicação acontece quando há entendimento da menssagem tanto pelo emissor quanto pelo interlocutor, tornando assim, essa fórmula "espontânea" de sensualidade, puro adorno; um vício linguitiscosocial do qual não somos imunes. Porém, esta está longe de ser uma regra perpétua, o que torna evidente que as suas chances de comunicação não são poucas quando feitas a sua própria maneira de ser "pensado".
E aqui está a melhor prova: um comentário restabelecendo a comunicação gerada pelo seu post, o qual - tenho certeza -, foi escrito a SUA própria maneira de ser "pensado", Rs.

Quanto às palavras deste mestre, gosto como ele retrata a bagunça da convergencia de nossas vontades em algo que pode ser quase uma "certeza", embora, porém, eu não a veja e isso não me desagrade.

Rs, acho que comecei a viajar demias, vamos parar por aqui.

Doces beijos.

Devir disse...

O objetivo, a certeza e o resultado nunca serão os mesmos, e é com muito pesar que digo isso, porque naturalmente meus objetivos se ampliam, minhas certezas de inúmeros caminhos não se obrigam e os resultados não me isolam de outros pontos de vistas. E, para piorar, não uso de nenhuma arte&manha para simular qualquer coisa que possa se passar por liberdade e respeito.
Sem contar, é óbvio, que meus agrados simplesmente acontecem, muito mais ao acaso do que os grandes ou pequenos acidentes de percurso; infelizmente não posso evitar de agir assim, por mais que pareça seco, frio e amargo.

Isso me lembra uma analogia famosa da vida com o ensino da pescaria. A maioria pensa que primeiro se ensina a carregar e preparar o material, segundo se ensina a pescar, terceiro a comer o peixe e por último a ficar observando. Quem leva criança em pescaria sabe da impossibilidade dessa escola. Não adianta mudar as ordens do método, e muito menos amarrar criança em árvore ou fingir que não se está torcendo que ela se afogue.
O que fazer, então? Deixa-a escolher!!!

Por favor, não repare nem na bagunça nem na presunção da casa.

Beijo mal passado com poquim de sal e limão. A cachacinha, ainda não, rss.

Devir disse...

E novamente evoco a complacência dos caros leitores para guardar temporariamente um comentário que aguarda moderação em outro espaço.

///Em uma tarde tranquila, bem acompanhado e "nada" faltando, falamos diferente de tudo que falamos inaudíveis quando estamos sós ou falando com palavras escritas na internet. Expressamos então, menos o que pensamos e mais o que sentimos, quase sem sombras de duvidas. Essa diferença seria uma bênção se não fosse uma doença a mais a se somar a tantas que a civilidade voluntária nos obriga. Que o termo maldade seja sinônimo de doença, ou vasio existencial, é a grande questão, quando a filosofia se confunde com psicologias e sociologias.
Se pudéssemos consultar um oráculo, antes de ingressar nesta a(des)ventura da internet, especialmente na referência de rede de relacionamentos, na certa ele responderia com o simples e exato aforismo de Marco Aurélio, e nós, ou ainda, parte de nós, continuaríamos com a mesma dúvida, se com tal tecnologia avançamos ou não na evolução da Vida do Planeta.
Neste universo, on ou off, de linhas de comunicação, onde o bem estar do outro perde ainda mais importância real, qual exatamente seria a máscara, ou mesmo, a própria face da lei de Talião?
Juro que tentei minimizar este "recado", Marcia Tiburi. Um forte abraço. ///

Luciano Fraga disse...

Caro amigo Devir,não creio muito na aleatoriedade dos fatos,acho muito improvável qualquer forma de transformação que não passe por um método,pensar é reeducar-se,mas lógico que vida jamais será 2+2= a qualquer coisa imaginável, o milionésimo tempo de um átomo é suficiente para uma geração inteira ser exterminada, sem que se quer tenhamos iniciado o papo com o extra terrestre que tive enorme vontade de conhecer, abraço.

Devir disse...

Ok, entendi, Luciano, voce não acredita, e em minhas palavras, não consegue reter o que não sabe o que passou e nem antecipar o que não sabe o que virá.
E, nas palavras da servidão involuntária(!), voce tem um ideal e fará o que puder para atender a um modelo "conhecidamente" possível.
Isso perfaz duas alternativas bem distintas, não fazer nada ou fazer o que puder, porém sem a minha participação, consequentemente.
Beleza, pode então considerar-me educado. Então, por educação, não esqueçamos o que rolou e não discutamos causas e efeitos do nosso fracasso, bem entendido, apenas o meu e o seu.
Valeu, objetivamente não se fala mais, prefiro, no Voz e nem numa suposta dialética, que aos meus primeiros comentários em seu espaço metaforarizei como uma artística luta de boxe, e aquele abraço, caro amigo.

Devir disse...

Cada vez que o tempo muda, Isis
certo ou errado
eu acordo com voce.
Por qual entrada
voce saiu?

Bom dia, Sol

Luciano Fraga disse...

Caro amigo Devir,e se fôsse admirável mundo sensível? O mundo!Balzac achava que deveria escrever volumes e volumes, até poder assinar um deles,Whitman, incrivelmente ofereceu seus escritos de porta em porta, o mais incrível é fazer com que as pessoas acreditem.O mundo está saturado de homens, será "que caminham para uma ordenação?" fome,humilhação,vício, ganância, extorsão, despotismo, chicana..."Precisamos aniquilar os pontos de vista" como dizia H.Miller, forte abraço domingueiro de esperança e aprendizado, e viva a Voz, aguardo.

Devir disse...

Certa vez, deparei com o saudoso Plínio Marcos, próximo ao Largo do Café, centro de São Paulo, vendendo, como um camelô, seus livros e comprei o Dois Perdidos Numa Noite Suja.
Aproveitei para conversar um pouco e, óbvio, de cara, apareceu esta questão do "valor da arte". Perguntei-lhe porque ele não dispunha dos meios "normais" para vender seus livros, então sua resposta, com muita ironia necessária, dizia sobre algo, não me lembro bem suas palavras, como unir o útil ao agradável, que correspondia, na época, entre os anos 70 e 75, o alimento e o prazer da pescaria.
Ficou-me, portanto, a impressão de uma humildade com sabedoria; junção rara nos dias atuais, quando ambas noções da realidade se tornaram uma ameaça menos ao Estado e mais às pessoas próximas.
Os autores inesquecíveis que voce citou, talvez mais escolheram semelhantes dificuldades para "fazer acreditar" do que foram obrigados a isso.
Ainda sobre aquela época, Plínio Marcos já era amplamente acreditado quanto não teria dificuldade para distribuir seus livros; havia uma ditadura "real" e muito fácil de visibilizá-la!
Creio que assim se pode vislumbrar alguma razão para tanto anacronismo em meus textos e inúmeras intersecções no caminho entre a definição clara dos meus objetivos e a imagem que aparece da minha vida pessoal.
Maior problema é não se fazer acreditar, mas é fazer ainda existir tal capacidade ou recuperar o sentido desta insubstituível capacidade.

Abraço

Devir disse...

Este Caro realmente não dava muita trela para a sensualidade quando quase completamente desprovida de consciência:

"De família modesta, Plínio Marcos não gostava de estudar e terminou apenas o curso primário. Foi funileiro, quis ser jogador de futebol, serviu na Aeronáutica e chegou a jogar na Portuguesa Santista, mas foram as incursões ao mundo do circo, desde os 16 anos, que definiram seus caminhos. Atuou em rádio e também na televisão, em Santos.

Em 1958, por influência da escritora e jornalista Pagu, começou a se envolver com teatro amador em Santos. Nesse mesmo ano, impressionado pelo caso verídico de um jovem currado na cadeia, escreveu sua primeira peça teatral, Barrela. Por sua linguagem crua, ela permaneceria proibida durante 21 anos após a primeira apresentação.

Em 1960, com 25 anos, foi para São Paulo, onde inicialmente trabalhou como camelô. Depois, trabalhou em teatro, como ator (apareceu no seriado Falcão Negro da TV Tupi de São Paulo), administrador e faz-tudo, em grupos como o Arena, a companhia de Cacilda Becker e o teatro de Nydia Lícia. A partir de 1963, produziu textos para a TV de Vanguarda, programa da TV Tupi, onde também atuou como técnico. No ano do golpe militar, fez o roteiro do espetáculo Nossa gente, nossa música. Em 1965, conseguiu encenar Reportagem de um tempo mau, colagem de textos de vários autores, e que ficou apenas um dia em cartaz."
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pl%C3%ADnio_Marcos

Unknown disse...

À vezes, mesmo que o tempo não mude, Devir
eu continuo dormindo e perdendo a hora.
Por qual entrada eu sai se eu nem mesmo sei se entrei?

Boa noite, Lua

Devir disse...

No começo do filme Veludo Azul, de David Lynch, quando um tordo voa da janela, a menina linda fica preocupada e diz: Mundo estranho.
No final do filme, o tordo volta a pousar sobre a janela, então ela repete a mesma frase, porém desta vez, com muita alegria e olha para seu príncipe encantado, seus olhos e face são a única forma possível para revelar que, nela, realmente existe amor.
Pela mesma porta, ou pela mesma janela, se entra se dentro está quem lhe espera, e vicie versa.
Se, portanto, esta noite, que estou fora, voce entra para sair, e isso nunca vai virar rotina.
Para uma vida feminina de menos de 2 décadas, suas dúvidas são mais que velhas fórmulas conhecidas para me levar ao gozo, embora jamais abandono o passado, rss.

Beijo