domingo, 23 de maio de 2010

Voto Vencido

"Primeiro idealizo, só depois vou buscar"

Leiam, é muito importante, nestes tempos, quando as catástrofes deixam dúvidas e, seja mundial ou pessoal, já não nos pegam de surpresa, o que está para acontecer em casa e o que está, por exemplo, para acontecer ao Brasil, pode levá-lo para o fim de todos os sentidos de viver, então é melhor, de tudo, às vezes, mais ou menos conhecimento. A velha questão do livre arbítrio enfim pode dar sentido ao conceito de democracia, para voce e para o Brasil.
Antes dos nomes pode estar a verdade do devir, mas o devir dos nomes é riquíssimo em expressões sublimes, tanto quanto em devastadores de uma possível vida sustentável para todos.

E atenção carinhosa para este texto, de Affonso Romano.

"Se pudesse fazer alguns alertas ou deixar algumas sinalizações na estrada, eu diria aos jovens,cuidado com algumas palavras como interatividade, transgressão, relativismo ,anti-arte, etc.

Por exemplo:

1. a interatividade é formidável, possibilita intercâmbios, mas há o risco do discurso vazio, troca apenas de ruídos, um blá-blá-blá que bloqueia os fones da consciência;

2. a ideologia dominante abomina hierarquias. Mas hierarquias podem ser perversas ou construtivas. Não existe sistema sem leis, normais, regras. A pregação da quebra de normas, é simplesmente outra norma;

3.cuidado com o pensamento relativista. As coisas não se equivalem.O carbono tem certas propriedades que não são a do fósforo, todo ser humano tem algo pessoal . A voracidade metonímica tenta nos convencer que os sujeitos são objetos que podem ser trocados uns pelos outros;

4. alimentada pelas vanguardas há cem anos, nossa cultura apaixonou-se pela transgressão. Já não se trata de transgredir algo, mas de transgredir a transgressão. Isto é um paradoxo. Já se transgrediu tanto, que se poderia fazer um "museu da transgressão"- a transgressão já foi codificada. Antes, erroneamente se dizia: "não transgrida", hoje perversamente se diz- "transgrida"; desde modo quem obedece a ordem de transgredir não está transgredindo, mas obedecendo ordens;

5.nos globalizaram. Foi ótimo por um lado. Por outro lado, desnorteador. Ganhamos em aproximação com o "outro", o longínquo ficou próximo. Mas o "outro" virou um invasor de nosso espaço econômico, social e subjetivo. Indivíduos e culturas estão se sentindo, de certo modo, desenraizados, uma universalidade aérea, vazia;

6.a natureza está cobrando dívidas. Gerações anteriores assinaram cheques em branco sobre o futuro, as riquezas pareciam inesgotáveis. A "mãe natureza" não cobrava nada. Não era verdade: vulcões, tsunamis, secas, degelos e fome nos espreitam. Pela primeira vez todas as populações da terra são responsáveis por tudo. Confirmou-se o principio zenbudista de que o ruflar de asas de uma borboleta no oriente ocasiona um turbulência no ocidente.

7. A sociedade atual é uma sociedade "matrix". Exuberante. Mistura o falso e o verdadeiro, o real e o virtual. Cultiva o "fake" e o "cover". Pior: toma o lixo por luxo, centraliza contraditoriamente a periferia. Com isto, narciso vive num jogo confuso diante do próprio espelho.

8.Retrato mais sintomático dos nossos paradoxos é a arte de nosso tempo: a produção de enigmas vazios, produtos que se gabam de não significarem nada, como se o faminto imaginário humano pudesse se alimentar do vazio e se contentasse com a esterilidade criativa.

Ser jovem nunca foi fácil. E desde que nos anos 60 instituiu--se o "poder jovem" a coisa tornou-se mais complexa. Estar no poder é coisa de muita responsabilidade. Rimbaud dizia: "não se é sério aos dezessete anos". Será?

Cabe a vocês demonstrar se ele tinha ou não razão."

http://www.affonsoromano.com.br/blog/


10 comentários:

Anônimo disse...

Quero um dia ser levada pelos sentidos do Brasil...:)

(maravilhosa a forma como recebo cada comentário - como me sinto compreendida!! Obrigada!!)*

Devir disse...

Pode ter certeza que acontece comigo algo assim tão prazeroso. Sei que sobre tais sensações as palavras nada podem fazer, apenas registrar e tudo mais depende só de nós.
E eu, que acredito até o limite em nosso devir antes dos nomes, na instãncia plenamente sensível do corpo/espírito, voce pode então imaginar. Claro que se faz desnecessário explicar o que quero dizer com o que acabei de dizer, porque sempre sua posição foi muito segura e totalmente sensível, sem a "carência" da consciência e ou de certa alarmante sensualidade.
Neste momento estou trabalhando ainda, viajarei bem cedo amanhã, talvez só volto depois de + ou - 36 horas; será meu primeiro dedilhar no teclado, então, para voce.
Seria maravilhoso se eu encontrasse mais um pouco desta experiência, Mel.

Beijo

Devir disse...

O que o tempo trouxe
apurando bem
ao tempo depois
tem melhor...

Foi incrível, a viagem
fui até Avaré, SP
passei de volta correndo
dormi poucas horas
fui para Campos do Jordão, SP

Ouvindo Gentle Gíant
The Power and The Glory
tão forte, tão gloriosa
sensação desprecipitada
de mel também dentro de mim

Não há mais preocupação à toa
assim como não me surpreendo mais
se acaso este mundo perder
para ganhar enfim todo o sentido
é o mesmo que soprar ao vento e
rebentar as sementes, em tempo

28 de maio de 2010 04:57

Unknown disse...

Rs, Rimbaud dizia: "não se é sério aos dezessete anos".

Como tudo no mundo, acho que isso depende do ponto de vista.

Devir disse...

E ninguém revela
plenamente
aprendi isso sofrendo
e rejeito
toda violação deste direito

Pergunte e ninguém responde
plenamente
voce acredita?
eu não

Eu vim
eu sou
eu vou

Apenas a quem se interessa
nunca porque só me interessa

ser ou não ser jamais é questão

Luciano Fraga disse...

Caro amigo Devir,as ocupações me fizeram demorar.Um prêmio para nós esta aula do Afonso.O Rimbaud era um gênio, por outro lado ele também falou:"Estarei enganado? seria a caridade irmã da morte,para mim? Afinal, pedirei perdão por ter-me alimentado de mentiras."
A interatividade tem-me dado poucos e especiais amigos, por outro lado algumas constatações terríveis,atenção portanto,pois o banal contém um poder incrível de fascinar, levar à letargia...A relatividade quando mal interpretada serve como um parâmetro minimizador de episódios relevantes, assim dizem, tudo é relativo...Uma farsa mesmo.Forte abraço.

Devir disse...

Ohhh, este é o grande Luciano!
E só espero que tais palavras
não reconheça apenas parte do problema.
A parte que procuramos rejeitar de nosso insuspeito latifúndio.
Letargia sempre faz a companhia de mortes desejadas àquilo que só enxergamos e é feio no espelho.
Tenho certeza que, pelo menos nós dois, experimentamos lutar contra estes momentos vésperas da morte.
Em aproximação, realidade e "virtualidade", quase sempre o espelho se estilhaça! E, se isso é doloroso e inevitável, rss à semelhança da morte, por que temer?
Ou, se dissimular, tocando bongô?

Foi muito prazeroso tornar a "realidade" sempre uma questão relativa, com a evolução histórica e o advento da internet, então, todo o "concreto" da vida se resume em tão somente necessidades fisiológicas.
Será que ainda alguém duvida que ganhar dinheiro são meros desejos do grande tubo digestivo, entre a boca e os ralos, e do pequeno tubo, interno ou externo, sexual?

Estou irritado, rss um pouco, confesso, agora a pouco, diante de tantos problemas no lar, meu e de minha mãe, ao perceber uma analogia incrível com as questões cruciais do mundo. Mas são tantos que posso citar apenas um, o mais risível, de quem se julga tão certo perante a Deus, mas que não come se não encontrar o prato pronto sobre a mesa, que não cozinha se a pia não estiver limpa e não lava a pia se enxergar no espelho a cara do satanás.

Bomba atõmica, ou todo mundo tem ou ninguem tem!!!

Forte abraço

Devir disse...

"Estarei enganado? seria a caridade irmã da morte,para mim? Afinal, pedirei perdão por ter-me alimentado de mentiras."

"Jean-Nicolas Arthur Rimbaud (20 de outubro de 1854, Charleville - 10 de novembro de 1891, Marselha) foi um poeta francês.
Na maioria das vezes, a história de Rimbaud é apresentada como principal ponto de partida para a leitura de sua obra, o que torna quase impossível olhar-se a obra de Rimbaud com olhos livres.
Por outro lado, o Rimbaud que partiu para traficar armas de fogo no norte da África de um lado e deu cor às vogais (revista em Alquimia do Verbo) por outro, tornou-se um tipo de referência para a poesia no século seguinte: servindo como argumento à tese que nascia sobre a impossibilidade de ser considerada a dissociação entre o poeta e sua poesia. O poeta, assim, vive e é sua poesia - pensamento em voga ainda hoje segundo algumas escolas.
O norte-americano Henry Miller, um dos grandes admiradores da poesia simbolista de Rimbaud, diz, diante disso, que o tipo Rimbaud chegará a superar tipos clássicos de comportamento; como o introspectivo e inquieto jovem estampado pelo personagem Hamlet, de Shakespeare. "Acho que existem muitos Rimbauds neste mundo e que seu número aumentará com o tempo. Acho que o tipo Rimbaud tomará o lugar, nos próximos tempos, do tipo Hamlet e do tipo Fausto. Até que o velho mundo morra de vez, o indivíduo 'anormal' será cada vez mais a norma. O novo homem se encontrará quando a guerra e a coletividade entre o indivíduo cessar. Veremos então o tipo de homem em sua plenitude e esplendor". (WIKIPEDIA)

Quase! não é preciso dizer mais sobre o que nos acontece hoje, apenas que, pelo bem da civilização, principalmente a parte culta e pseudo culta, também oportuníssima para quem se limita ao verso e perverso e olha ara o mundo com lentes de soslâio, e, de modo bem remoto, aos verdadeiros bandidos da sociedade, a falta de originalidade, porém com total "imortalidade", é o dado mais flagrante desta sua disposição, Luciano.
Ao se colocar, vivo, demasiadamente vivo, como deve ser, de fato, o ser humano, voce é capaz - pelo menos, plenamente visível - de realizar o paradoxo do devir - nosso devir!

"Seu estado de saúde o forçou a partir para a França em 9 de maio, onde foi admitido num hospital em Marseille, e ali teve sua perna amputada no dia 27 de maio. Após uma curta estada na casa de sua família, voltou a viajar para a África, mas sua condição médica piorou durante a viagem, e logo foi readmitido no mesmo hospital em Marseille. Lá, após algum tempo de sofrimento e eventuais visitas de sua irmã Isabelle, Rimbaud morreu a 10 de novembro de 1891, com apenas 37 anos,(...)" WIKIPEDIA
Então a pergunta, que todo esforço jamais vai evitá-la:
Será que ele se arrependeu?

"O que será que será
que andam suspirando
pelas alcovas..."

Quando a transgressão
(que óbvia mente
fora a transgressão
da transgressão anterior)
deixa-nos tão saudosos
é sinal que precisamos
arriscar, arriscar, arriscar
até que seja a própria cabeça
para transgredir e ouvir
aqueles que tem, ou ainda tem
dezessete anos mais abaixo da pele.

Salve planeta!!!

Devir disse...

É vero, é Vera ?

O que posso saber mais
com meus braços
e o que seria menos
com minha mania heróica
de suplantar os fatos
para ver a vida
como fenômeno único ?
Em qual dobra da vontade
perdeu-se a visibilidade
do amor incondicional?
Por quais frestas correu
a sensibilidade de almas
para resistir às relatividades?

Devir disse...

Leitores e leitoras de olhos abertos, aqui e acolá, prestem atenção nesta presença no devir:

"Três eventos distintos, separados em períodos esparsos, definiram nos últimos meses o arrazoado doutrinário e os modos da nova direita brasileira, remodelada em forma e conteúdo, mas não nas intenções, como era de se esperar. Aterrissaram em sua pista dourada intelectuais do calibre de Fernando Gabeira, Ferreira Gullar, Nelson Motta e Arnaldo Jabor, grupo ao qual se agregou, para estupefação do humor, o humorista Marcelo Madureira, do abismal Casseta & Planeta. Essa nova direita, cheia de cristãos novos e comunistas arrependidos tem no DNA um instinto de sobrevivência mais pragmático, gestado nos verdadeiros interesses em jogo, não mais na espuma do gosto popular. Não por outra razão, se ancora menos na ação parlamentar e mais na mídia, onde mantém brigadas de colunistas, e onde também atua, nas redações, de cima para baixo, de modo a estabelecer um padrão único de abordagem sobre os temas que lhe dizem respeito: dinheiro, liberdade irrestrita de negócios, dominação de classe, individualismo, acúmulo de riqueza e concentração fundiária.

Os três eventos aos quais me refiro causaram um razoável revertério na estratégia de comunicação social bolada por esse grupo neoconservador tupiniquim montado na rabeira da história dos neocons americanos. Senão, vejamos:(...)"
http://linonaoe.blogspot.com/

Fortes abraços