terça-feira, 18 de maio de 2010

Campanhas para conviver

O que está acontecendo comigo?
Porque não me assumo logo?

Ou, pelo menos, telefono, para ouvir sua voz?

"Que há com nós?
O que que há com nós dois amor?
Me responda depois..."

Eu chorei quando vi aquele comercial, sequer liguei quando vi a janela aberta, agora que voce me perguntou, tenho vontade de chorar novamente, e tenho vergonha de responder.
Sinto um frio na barriga que antes não senti. Antes senti apenas a minha tristeza, e foram muito poucas lágrimas diante do sublime: era uma excelente campanha, já comprei seis aparelhos desta operadora.
Mas eu nunca me deixo influenciar por campanhas publicitárias.
O primeiro celular não foi devido aquela campanha, sempre lembrada, do primeiro sutiã.
Eu precisava e, na hora, escolhi tão somente pelo nome. A sonoridade ao pronunciar. Sem reservas de sentido anteriores.
Prefiro jamais fazer críticas a quem não espera críticas. A propaganda quer vender, e não se assume nada, nem mesmo mera vendedora, quando deixa bem ilustrada sua devoção também pela arte. Quem já observou o artista explicando o seu próprio processo criativo, na verdade, participava de uma brincadeira que qualquer pessoa faz quando fala de algo que não existe explicação. Essa diversão é muito salutar.
E eu me ponho para conhecer mais esta experiência, que mormente ninguém faria consciente.
Vamos então, no caso de dúvidas, fazer de conta.
Voce chora diante de uma situação sublime, não só como testemhunha ocular de um fato, quando lhe contam, por exemplo, um fato - então o sublime ocultado - que aconteceu minutos antes de chegar? Chora diante do cinema, sem querer discutir se é ou não ficção? Chora diante de uma pessoa completamente virtual, que não tem nem mesmo certeza se é uma pessoa ou uma criatura de Deus, porém cibernética?
Eu choro.
Por que não me assumo logo? Será que sou o único recalcitrante?
E passo a acreditar em campanhas publicitárias.

"Me diz por onde você me prende
por onde foge
E o que pretende de mim"


O que está acontecendo com voce?

6 comentários:

Douglas Vieira disse...

Eu acho que o apelo da publicidade, consegue "angariar fundos" sim.

No caso da TIM, só despertou - me o interesse em conhecer o Blue Man Group.

E isso me foi de uma valia incomensurável.

Abraço forte, caro Devir.

Devir disse...

Caro amigo, Douglas
Creio que não vou precisar explicar, mas seu comentário, aqui, talvez supere em muito a média de um ano e meio.
Posts atrás, a neutralidade se insinuou apenas, percebi que perceberam, talvez só alguns, mas olha que valente este seu comentário.
"Quatro" informações, plenamente associada ao post e INdubitáveis!

Se "ao findar vai dar em nada
nada nada nada nada do que pensava
encontrar"(Elis Regina)
tudo bem, se tiver então
um semelhante para conversar

Fundos, profundos, rasos, risos, etc, e, claro
tudo que falta
para tudo ficar mais fácil

Na publicidade temo uma "bobangem"
porque sabe usar a força de um signo na experiência imediata
para transformá-lo em desejos
"infinitos particulares" (Marisa Monte).

Sobre os "blues men", talvez nem voce, nem eu, nem ninguém, ou talvez só o tempo saberia a extensão de tal sincronicidade do "mero" comentário, com o devir e, principalmente o Voz.

Boa noite, dormirei neste canto, muito feliz, até amanhã.

Luciano Fraga disse...

Caro amigo Devir, acho que os comerciais fazem da convivência uma mera conveniência ou vice e versa, alguns chegam a faltar pequenos detalhes para que uma bebida seja colocada em nossa boca ou uma daquelas loiras saltem em nossos colos, enquanto ficamos na poltrona muias vezes hipnotizados, até que alguém nos toque, forte abraço.

Devir disse...

Luciano, este é o lugar comum, mas traga isto para as formas de diálogos, o acirramento das questões de gosto, escolhas e resistências para não se pensar as verdadeiras causas que perfazem o todo da dita realidade.
Desde a política, que se discutem jamais tomadas de atitudes, até as exclusões das diferenças.
Vou citar um fato, apenas como exemplo dentre tantos menores, mas com a mesma relevância: a derrubada do Collor, que foi necessário os veículos de comunicação para detonar tal movimento nacional.
Mas, no meio comum do diálogo aberto, sequer esperança de movimentos semelhantes existe.

Qual é a origem de tal acomodação?
Ninguém quer ser chato?
O Brasil ainda é o país do futuro?
A satisfação pessoal é mais urgente, e quando deixou de ser?

Qual é a verdadeira pedra no caminho? A criminalidade atual(?)?

Seria o reboleicham, se não visível no corpo, quem sabe das consciências "sensualizadas"?

Eu também não sei o que fazer, talvez por isso ironizo e inverto as primeiras pelas segundas intenções; aquelas então que seriam as que ficam, passam a valer,e as segundas então passam somente a ficar.
A metáfora do ficar nos relacionamentos "amorosos" ilustram bem.
Pense nisso!

Mariana Abi Asli disse...

O que nos faz prender? o outro ou a nós mesmos? a embalagem ou o produto?
a tv ou a imagem que passa pela tv?
e porque ainda muitas vezes pensamos que estamos livre, mas na verdade estamos guardados juntos ao poder da "sedução". Somos muitas vezes puchados pela correnteza e deixamos cari no mar aberto e quando caímos em si, não sabemos onde estamos , onde vamos, voltamos...tudo se torna um círculo de um quarteirão (e olha que um quarteirão não é redondo né, rs)


usei muitas metáforas aqui, rsrs
bjos de cheiros de arco íris

Devir disse...

Tem momentos, aqui na frente do monitor, assistindo qualquer coisa sem diálogos ou leituras, que tento pensar quantas frações de tempo ganhamos e perdemos nesse jeito nosso de viver.
Como é surpreendente a velocidade do pensamento, Mariana!

"O que nos faz prender? o outro ou a nós mesmos? a embalagem ou o produto? a tv ou
a imagem que passa pela tv?"

A resposta chegou em mim antes da pergunta, será que sou da Terra? ou
meus padrões de tempo é
"alguma coisa fora da ordemundial?

Beijos sensuar de relva