quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Liberdade; nem crônica, nem aguda

"O que temos que fazer com uma pessoa dessa, amassa e refaz tudo?"

Este é o motivo para eu jamais terminar meu requiem para um sonho:
Eu ouvi aquela sentença de voz, da apresentadora no Jornal da Record, agora a pouco, quinta feira, 29/10/2009, 12:28hs, concluindo uma matéria sobre um criminoso, que após dar uma paulada na cabeça da namorada, incendiá-la viva, foi preso e expressou seu arrependimento:
- Foi pouco, eu devia ter queimado ela inteira, a filha da puta tá viva ainda.
Esta crueldade teve um motivo banal: ciúmes; que dê outro nome, mas sempre vai significar covardia.
Percival de Souza, olhou para o câmera, chamou para si a responsabilidade: deletar ou desconectar o dispositivo da bomba. Ele então só desconectou, ondem do patrão.
A TV Record esta disposta mesmo a dividir o escpectro da imagem da classe média brasileira. Lembro quando o Ed, no restaurante com um belo telão durante a novela Pantanal, da finada Manchete, disse em alto volume, traído pelo próprio orgulho (ou ego, cada um usa o nome pertinente ao seu motivo):
- Isso! Claro! Eis, o que vamos fazer!
Todo mundo parou de comer por instantes e olhou para o eminente empresário da Igreja Universal de Deus, o grande lustre central apagou, fração de segundo a mais do que seria o normal. Nós, os companheiros de mesa o saldamos e logo uma fome inusitada se abateu naquele jantar.
Quando voce, caro leitor, perceber algo anormal, qualquer falha fundamental na estrutura da realidade, guarde bem na memória, sempre há um motivo, e vai haver uma continuação, uma causa relacionada com a evolução natural da vida; onde a seleção das espécies é somente um dado principal, e eu me reservo o cuidado de não ousar intervir na natureza, sequer em pensamento. A palavra francesa dejavú, oportunamente no filme Matrix, ilustra e esconde a verdade de fatos "irreais"; o Rafael Ilha repetiu seu gesto suspeito de suicídio; outro bombardeio "americano" afora; outra derrota do Flamengo, diante do Barueri, ontem, 'sem explicação', etc.
Depois do último post, com aquela foto daquele menino "semente com cara de abortada", percebi que atravessei um limite proposto por mim a tempos atrás. Eu enfim havia chegado a uma conclusão que ninguém pode saber mais que ninguém, que tudo que voce fizer ou disser, confiante em seus próprios conhecimentos, não possui supremacia sobre a mesma que o Outro possui de um mesmo fenômeno. Quando a lógica do certo e o errado, do normal e anormal, do bem e do mal, e outros tantos opostos de conceito se tornam demasiados semelhantes, e tudo na vida se passa como se fosse ficção, como bem diz um programa da TV Cultura, é hora de fazer documentário.
Embora ainda sem saber e portanto sem a capacidade de julgar se estou tomando a decisão 'correta', resolvi enfrentar de fato a minha questão humana, viver sem querer sequer escutar qualquer frase que se relacione com a procura do sentido da vida.
Porque existe em cada um a sensação de que nenhum raciocínio jamais será entendido se estiver alheio a qualquer ordem, condição sine qua non para nos diferenciar do suposto animal irracional, decidi enfrentar de vez a minha condição humana, viver e querer escutar toda frase, qualquer frase que se relacione com a salvação da vida incondicionalmente.
Eu deveria questionar-me quanto ao motivo, como desesperadamente fazia antes, por quê? Não seria tão somente um indulto para que pudesse questionar o motivo do Outro?
Recordando aquele jantar, mais uma vez, na mesa estava também o Leandro, funcionário, quase porta voz, do SBT, para assuntos estratégicos. Depois do jantar, quando estávamos em outro ambiente, em um grande sofá que rodeava um salão de bate papo, apesar de toda a sua imagem de sucesso na vida, virou-se para mim e perguntou:
- Voce entendeu a razão daquela comédia toda do Ed?
- Se voce não sabe, cuide-se.
Minha resposta foi uma metralhada no peito. Ele jamais falou comigo. E eu nem prestava atenção quando me diziam que ele estava mudado, que desapareceu daqueles 'jantares heterodóxos', que se tornou marido exemplar e parou de fumar, beber, cheirar, etc. É devoto da Universal e não se sente mais uma ficção de Deus.
E voltando também à liberdade dos bravos, a qual deveria ser regra pelo menos na blogosfera, deixo um alerta: Tenham consciência também na desordem.

PARA ILHAS
Chega um ponto
quando voce descobre
que nada mudou em sua vida
e não basta levantar a cabeça
Nade, nade muito, e rápido, e eficiente
porque nada é suficiente
para se afogar ou morrer
no sal da carne viva
Doendo o tempo todo, sua marca
ainda precisa doer mais e mais
para si, para quem ama e não ama
para quem jamais se encantou
No bem ou no mal, e a este escolheu
para não se ver só em desgraça
e agora, talvez, espera seu último ato
de cinismo e se arrepender de fato

PARA CONTINENTES
Se eu não consigo ser poeta, por favor
não comentem, meus erros de gramática
minhas muletas ortográficas
minha madeixa semântica
e só os meus apocalípticos
descaminhos

VALLEY OF THE MOOM Steve Von Till
É muito difícil imaginar alguem completamente bom.
Alguém em todas as circunstâncias livre. E puro, um Deus.
E quem vai chorar por isso?
Nem poeta, nem mesmo alguem
que tenha música em seu coração, estas lágrimas, quem
poderia ainda ouvir, ou quem poderia escrever?
Quem pode sequer imaginar alguem que escolhe viver,
trocar um continente por uma ilha?
Talvez seja só o que resta de natural, incomensuráveis erros!
É o mesmo que o Brasil, em extensão, se trocar por Portugal.
O mesmo que o meio entre o Arroio e o Chuí se trocar pela praia.
A planície prefirir o acidente geológico. Rapadura na mamadeira.
"Erros" que se recusam a ouvir tanto apelo para fantasia
e voce ainda me pergunta o que estão dizendo, meu velho irmão
que língua voce fala?, eles estão gritando para salvar o planeta
E qualquer que seja o ritmo dentro de seu coração
seja qual for a cor das coisas e vida dos seres, tudo é voce
e voce não pode se recusar a viver
O que importa se não assimilamos magia, bruxaria e sabedoria dos Outros
e só acreditamos em Milagres, Shows de Mágicos, Torneios e Campanhas
de Caridade?
Importa se não atentamos contra qualquer chance de salvar o planeta
se acreditamos nesta reação inominável de ser este tesão de fato
dentro, inexprimível, encantador, inefável, "deus"
E sua solidão e sua paciência para cada um encontrar sua natureza
encontrar a si para viver a experiência do Outro e se tornar "real"
para enfrentar a questão "humana" sem covardia contra seu semelhante

THEME FROM SCENT OF A WOMAN Thomas Newman
Esta tarde de chuva me faz pensar nos meus erros
e quanto fui cego
o quanto fugia de erros, de minha impermanência diante de voce
quanto corremos desesperados para se esconder de chuvas
quantas vezes encontramos casas amarelas, com hortas e meu cão
quando ríamos daquela vontade de se encontrar juntos muita chuva depois
como se naquelas varandas, sempre quando eu tirava a camisa
para enxugar seu rosto, contava a mesma história
a velhina do lado fazendo tricô, o velhinho dormindo, o cachimbo na mão
ela derruba o chapeu dele com a agulha, ele sacando a arma
atirando no rastro de um avião que passava no céu...

Selvagens respeitam Darwin
Eu já tive cachorro, no tempo de criança, e no tempo que tinha esposa e filho comigo.
No primeiro momento, eu não tinha uma consciência altercada com o Outro; lembrando minha querida Anita Mendes, minha fúria de espírito era quase plenamente selvagem.
No segundo momento, fiz a vez do Outro com ternura; o que me faz lembrar a Marcia Barbiere, que e quando se pode amar sem esperanças fúteis.
No bojo deste par de idéias que jamais aplacou totalmente em qualquer setor profissional da sociedade, tentarei mais um pouco discorrer torto por bem traçadas linhas de solidariedade, que pira tanto minha querida Adriana Godoy, quando pirado sou eu a recusar relações normais entre parasita e hospedeiro.
Seres vivos domésticos não tem comportamento diferente do selvagem.
Eles apenas possuem uma pequena percentagem de seu potencial natural. Mesmo aqueles de repetidas gerações, que se acostumam tão convenientemente que podemos pensar em genes colineares adquiridos.
Sou muito leigo também, quando preciso, em qualquer assunto, e gosto de pensar que a domesticação humana a nível biológico tem só a ver com alimentação regular, condicionamentos da indústria cultural e repressão do meio sociofamiliar, etc.
Portanto, ser ou não ser doméstico ou selvagem, lembrando Shakespeare, não é mais a minha questão.
Naqueles tempos, pelas razões citadas, e bem diferentes, questionei muito sobre a que serve ter um cachorro como um animal doméstico.
- Melhor amigo do homem, é um eufemismo que se liga ao prazer tanto quanto uma loira gelada;
- Segurança pessoal ou domiciliar, é o tipo de ilusão necessária para quem precisa mais que uma cerveja para se encorajar na vida;
- Companhia pra distração, é melhor eu nem revelar o que penso disso; etc.
Mas toda questão tem, no mínimo, dois lados - isso é tão antigo, quanto arcaico repetir, e tem gente que ainda não sabe nem quando só tem um lado de qualquer questão.
O cachorro tem muita utilidade para quem precisa de um procedimento que o ser humano "não esta tão bem preparado naturalmente" para desempenhar, ou devido aos custos ou riscos envolvidos na questão.
Haverá quem se exaspere com tais idéias, mas o exaspero nessa questão é um truque para não se ver em comparação a qualquer animal.
Acredito que tudo tem sua hora e momento apropriado - outra coisa óbvia - como também sempre é da sua própria conta e risco.
Aqui, agora, com coragem, digo que o Jô é um panda belo, porque possue o branco(ausência de cor) e o preto(todas as cores), e fresco, porque permite que o melhor sempre prevaleça sobre o pior, incondicionalmente, contra a força físiológica, quando se tem uma questão de fato e vida; um animal quase em extinção.
Deixa eu voltar ao termo deste post, que de forma alguma pretende puxar o saco ou lamber a 'mão' de ninguém, instituição ou ideologia reacionária.
Talvez um dos livros que mais indiquei, durante este tempo blogando o Devir.antesdosnomes, foi A Sabedoria dos Modernos, da editora Martins Fontes, onde tive o prazer de verificar a dificuldade de solucionar uma questão tão fácil de entender: Voce preferiria surrar um bebê ou furar os olhos de um gato?
Por favor, não se preocupem em 'por que o gato?', e pensem que poderia ser qualquer animal, contra a criança, ou até mesmo contra qualquer outro animal, adulto ou filhote. Obviamente também, não serei deselegante, mesmo que ninguém me pediu tal favor, a ponto de revelar a que respostas o livro chegou.
Como sempre sou contra o conhecimento suficiente para si ou para meu time, apesar de gostar muito do conceito de futebol, porque a vida é mais um pouco do que conceito, fui até a cozinha e perguntei para minha mãe, que tem 82 anos, jamais estudou e é ainda analfabeta, e por quem, não só por ser minha mãe(!), acredito que tenha a mais plena capacidade de responder, se não a melhor, talvez a mais razoável resposta. Ela disse: "preferiria morrer ou sei lá (matar?) quem me obrigasse a tal absurdo". Obviamente, mesmo sendo iletrada, ela não pensava que fosse algum animal ou bebê.
Diante de tamanha razoabilidade, qualquer conhecimento "oficializado" se torna quase o mesmo absurdo da questão. Mas eu, com meu conhecimento "irracional" resolvi perseguir o que torna tão razoável uma resposta.
Primeiro, independente de ser nomeadamente oficial ou racional, para ser razoável, um conhecimento precisa ser lógico para todas as partes interessadas.
Segundo, partes interessadas de uma questão nunca cessam de aparecer no decorrer da sua importância para a vida.
Terceiro, nenhuma questão de vida pode ser resolvida por uma ou partes interessadas, e nem pura e simplesmente pelo voto secreto, tampouco revelado. Nenhuma democracia se confunde com ditadura, seja ela social ou pessoal.
Quarto, e por fim, quando se trata de vida, não há excessão.
Então, sai na rua - aqui existe uma comunidade plural quanto a classes econômicas, das quais todas outras questões de classe sociais derivam -, juntei muitas crianças, a partir da idade "que já podia" entender os valores da vida - antes disso, ainda bebês, são "iguais" aos gatos - e fiz a mesma pergunta. Apesar das respostas diferentes não foi difícil concluir que se deveria furar os olhos do gato.
As crianças, como já me referi no começo do texto, são quase plenamente selvagem; lembrando que este é um nome para multiplos significados.
Infelizmente não posso, ou nem preciso, perguntar para os gatos; essa é uma outra questão, de vida, porém que precisa (ou não, talvez) de nossos conhecimentos.
Quer saber mais, de maneira oficial e um pouco mais abrangente?
Acesse: http://ciencia.hsw.uol.com.br/evolucionismo5.htm

"Troque seu cachorro por uma criança pobre"
A tempo, gostaria que os leitores percebessem, este texto e muitos dos quais trato de temas sutilmente relacionados com a ética, que ao invéz de ter base religiosa - explicar e ordenhar o mundo segundo Deus: fora de questão - procuro a base do evolucionismo de Darwin, que é capaz de explicar e ordenar a natureza como uma questão de vida: fora de deus. O humano(sic), Charles Robert Darwin, fora da concepção conceituada, que viveu entre 1809 e 1882, já sabia, junto a raros outros humanos(sic), sobre o devir antes dos nomes; onde o devir dos nomes e o devir depois dos nomes, a história do ser humano, também são consequências relativas à seleção natural das espécies. Prestem atenção nas querelas pela disputa de propriedade e autenticidade de suas idéias e no absurdo que ainda dizem e tentam fazer sobre suas pesquisas. É bem possível, porém, impertinente para sua época, e talvez por isso não registrou nada sobre, que deve ter feito ótimos estudos sobre "evolução ou estagnação" em sapos virtuais da época; que fêz e o fizeram engolir, e por sua "evolução/revolução constante" não(?) o evenenaram.

Um comentário:

Devir disse...

A vida não tem segredo, mas toda revelação contém muito mais que o mínimo da sua capacidade de apreensão.

Encontrei este poema na rede, que, quando excede àquele mínimo, é um grande prazer deixar-se capiturar:

Cuidado

Nunca é tarde pra se perder na vida
Até hoje eu tento andar nos trilhos
pois que qualquer distração eu descarrilo
e me acabo num vício ou num exílio.

Nunca é cedo pra se perder o bonde
Não existe um só ponto sem perigo
pois que qualquer desvio, um desatino
virá nas noites más um bom castigo

O destino é traiçoeiro e ardiloso
é uma rede tecida com finos fios
romper-se a trama é fácil e perigoso
mergulho sem volta em denso rio

Cuida bem, pondera, pensa muito
porque num instante tudo está perdido
É sutil o portal entre o que não presta
e a armadilha sedutora dos sentidos

A munição é pesada, a guerra, insana
Eu mesma me vigio todo dia
e todas as noites eu me policio
pois que senão me entrego aluada
às tentações devassas e mundanas
e me abandono às perdições desavisada
e inexoravelmente desvario....