terça-feira, 1 de junho de 2010

Das reais pedras em comum

Minha responsabilidade
não importa
idades
Fui inserida
num mundo sentimental
mas sou de pedra.

Planto semente
prematura, ou colho
um fruto podre.

Estaca: tanto
bate em mim rígida,
até que lasca.


Escrito em quase uma hora
Já percebi fazerem analogia do devir como a tentativa de colocar um barco à água, rezar para não afundar - o ponto crucial de toda crítica inócua - e relaxar ao sabor das correntes. Lógico que se pode enxergar nisso um temor invariavelmente recalque, e filosofia, comum!, não trata vícios da mente.
A analogia é como uma tentativa de mastigar um pensamento, na intenção de fazer outra pessoa entender, com a boca do mesmo. Talvez, qualquer semelhança com a Bíblia, ou qualquer pregação a favor ou contra as religiões, não seja mera coincidência, nem mesmo incompostura do inconsciente do pregador de verdades.
Aqui em nosso devir, eu cometeria a pior das incompostura se criticasse, sem ter, pelo menos para mim, uma lucidez eficiente. Agora, eu poderia fazer inúmeras analogias, mas não quero agir como se eu já detivesse uma verdade, e o leitor precisaria porque precisa saber, seja um aluno de filosofia, seja um artista em eterna experimentação, ou até mesmo apenas para se sentir melhor e escapar das ofertas de "fórmulas de felicidade".
A melhor crítica, aquela que não se limita a explicação do objeto, apesar de costruida a partir de analogias, pode-se encontrar em Heráclito; filósofo que ilustrou de forma genial o devir, aquele pensamento sobre o rio jamais ser o mesmo, cada vez que voce entrar em sua água. Se a água estiver parada, por motivos circunstanciais, o pensamento continua válido. Se não houver água, necessariamente o pensamento toma uma variante válida, também, porém sem muita serventia.
Eu queria ser direto, queria estar escrevendo à pessoa em experiência mais lúcida que já tive, mas, para isso, precisaria "formatar" de outra forma; uma reputação não se consegue por vias estranhas. Eu sempre me recusei a isso, prefiro o silêncio, mesmo quando faz suar a fronte, porque jamais empapada de covardia. Então, pode-se dizer que estou escrevendo para seus mundos, e também para todos os mundos, em qualquer aprendizado.

Por que pensar o que pensar? O que pensar, se já não foi pensado, é um produto da intuição, então, o que já foi pensado descartaria a intuição, consequentemente o fluxo do pensamento? Estas perguntas ilustram porque as analogias caem como um bálsamo, simulando uma solução para tais tipos de dificuldades ao pensar. Se eu recorrer, portanto, às analogias, encontrarei duas imperiosas: uma filosofia aos pés da poesia, e outra a matemática entorpecida nas probabilidades.
Os costumes antecedem aos hábitos, e pessoas antecederam aos costumes; com certeza nossa virtualidade já enxergou estes óbvios.
Ela sabe, seus mundo vêem, mas o óbvio é exatamente a intuição, então, qual o método devo seguir para encontrar respostas: poesia ou ciência?

Voces, mundos dessa mulher bélissima - talvez todas as galáxias são maravilhosas - encontrarão pensamentos radicalmente eficientes para sorver poesia tanto quanto matemática, porque não se limitam a explicar o devir; no livro O Pensamento e o Movente, de Henry Bergson. Mas o melhor é que poderão aprender, difinitivamente, a não mais perguntar Por Que, perguntarão de outra forma, e descobrirão tantas respostas que lhes forem necessárias.

Não sou este alien encachorrado das mais preguiçosas analogias, experimentem este pequeno fragmento:

"Qual é esta intuição? Se o filósofo não pôde formulá-la, não somos nós que faremos.
Mas o que chegaremos a apreender e fixar é uma certa imagem intermediária entre simplicidade da intuição concreta e a complexidade das abstrações que a traduzem, imagem fugitiva e esvaecente, que ronda, talvez impercebida, o espírito do filósofo, que o segue como uma sombra por entre os meadros de seu pensamento, e que, se não é a própria intuição, dela se aproxima muito mais do que a expressão conceitual, necessariamente simbólica, à qual a intuição tem de recorrer para fornecer "explicações".
Observemos bem esta sombra: advinharemos a atitude do corpo que a projeta.
E se nos esforçarmos para imitar esta atitude, ou melhor, para nos inserirmos nela, veremos de novo, na medida do possível, aquilo que o filósofo viu."
[Coleção Os Pensadores, Nova Cultural, tradução de Franklin Leopoldo e Silva]


8 comentários:

Anônimo disse...

Olha! Não sabia que vc tinha me colocado aqui, e antecedendo um texto interessantíssimo.

Vim lhe agradecer suas palavras e vejo que me encontro num mundo que me define sem me esmiuçar, ou define a parte da divisa entre o azul escuro e o laranja de mim.

;)

Beijos.

Devir disse...

Adoro o laranja; certa vez, uma 'madona' menos deslumbrada do que Madonna, pediu-me para levar meus quadros, do tempo que eu pintava, em sua residência; quase um castelo derrubado pela melancolia.
Não ficou com nenhum, sob a desculpa que havia muito laranjas, amarelos e rosas; eu usava estas cores em tons fortes sobre fundo azul e verde claro clean, eram formas abstratas que lembrava Stravinsk.
Mudei os segundos planos, usava azul bem escuro, verde musgo e marrom quase em sangue emputecido. E mantive ao fundo o tom clean.
Certo dia caiu a ficha, o segundo plano foi uma insersão, feito um vírus, e, aos poucos foi me decepcionando, até que pintar perdeu o sentido, porque já não conseguia mais me livrar daqueles horrores pictóricos; rss, antes fosse tão somente teóricos.
Eu pediria tão somente por sua beleza, graça e leveza, mas, nunca soube querer o suficiente, sempre enfrento mundos e fundos para encontrar a eficiência; mesmo que estão seja tão relativa.
Dont live me now, Lara

Devir disse...

Bom dia, minha lida agradece ao laranja do sol e ainda mantém o sabor nos lábios de uma noite agradável.

Devir disse...

Errata óbvia: aonde escrevi Stravinsk, leia-se Василий Кандинский

Anônimo disse...

Oi, oi, estou aqui, voltei. Adorei saber sua história. Sabe, vc é um ótimo contador, de estrelas =)!

Beijooo!

Devir disse...

São milhões e voce

Astros ou estrelas
são as mesmas coisas
às vezes giram
passam tão rápido
que deixam a noite dura

Certa vez chorei mpb
na música inverno o perfil
ela se tornou mais uma luz
relações virtuais sem ais, o meu
firmamento triste porém iluminado

Já fui Um Homem Sério, contado
então cansei de ser filmado
Só, de mochila jaqueta e bota
picando estrelas ou vagalumes jugos
e aqui, traquilo em voce envenenado

Mas sabemos, qual o que, vai saber

saiba voce, Lara, nunca fui sério!

Devir disse...

Corpos incandescentes

Forrest está esperando o ônibus
recebeu uma carta de Jenny
convida-o para visitá-la.

Forrest mostra a carta a uma das ouvintes,
uma paciente senhora idosa que mesmo após perder seu ônibus
continuava a ouvi-lo;

ela conta a ele que para chegar ao endereço da carta
não é necessário pegar o ônibus,
uma curta caminhada basta.

Ele agradece a senhora e imediatamente começa a correr.

Uma vez que ele encontra Jenny e seu jovem filho
Jenny conta a ele que o garoto é chamado Forrest,
assim como o pai dele

ele pensa que que ele é filho de um outro homem
depois ela confirma que o filho é realmente dele.
Ela também conta a Forrest que está infectada

(que pode ser o vírus da AIDS).

Jenny e Forrest finalmente se casam
o casamento dura pouco por causa da morte de Jenny
"numa manhã de sábado" segundo Forrest.

algo pro filho, decide não dizer (provavelmente diria
algo sobre não dar bola se alguém zombasse dele,
devido a ele (Forrest pai) ter sido zombado

então, pai e filho dizem que se amam um ao outro.
A pena no livro de Forrest é levada pelo vento,
e flutua ao céu, como no início do filme.

(implosão da wikipedia sobre os olhos; estrela)

Devir disse...

Olha, Lara Amaral, talvez porque o impulso de se rasgar até agora não me 'apeteceu', mas também fico muito furioso, e até me proibi objetos realmente perfurantes - dizem as línguas acomodadas que é a arma preferida dos incomodados com a língua -, na juventude, minha maior mania - nunca roei unhas - era furar a tampa da margarina com a faca de pão, era gostoso desafiar tanto o bom senso quanto o senso comum, em um só tempo, porque também dizem que faca de pão não mata ninguém, nem a si próprio.
(Língua ferina e linguagem obscura? Rss, mais motivo para insegurança da galera? Repito, paciência, rigor e ...)

Eu simplesmente não
preferia ficar

a olhar
como voce é linda
nem
jamais
buscar na poesia
o que todo mundo já tem
para lhe agradecer,
Lara.