terça-feira, 11 de agosto de 2009

Eram Homens os Pensadores




Eu deveria mesmo ficar zangado com as inúmeras etiquetas que me convém, enquanto me faço um objeto entre outros objetos de claras ou obscuras ansiedades?

Com esta pergunta encerrei a semana passada e iniciei esta.
Procurei uma resposta razoável em diversos espaços, músicas, cinema, livros, revistas, internet e dialogando com pessoas, essas sem qualquer tipo de distinção. Sempre lembrando que, tal multiplicação de rótulos para um mesma 'coisa', é o mesmo que faz a avestruz ao enfiar a cabeça na areia. Mas como não sou predador, vi interesse em saber por que isto vem ocorrendo com bem maior frequência.
Lembro que cheguei muito próximo da resposta, ontem à noite, quando passei na casa do Vilmar, amigo desde muito tempo - ele se assemelha 'visualmente' com o Moser, o amigo do Luciano Fraga.
Vilmar, acreditem, estava a mais de 4 anos sem carteira de identidade. Ontem ele tirou uma segunda via e na forma que a levantou como se fosse um troféu para me mostrar, eu quase pensei que estivesse terminada aquela minha procura.
Troféu? Realmente é muito estranho, "deletei".
Hoje, ao acordar fiz o que sempre faço, ligo este espaço de comunicação; sempre por 1 hora depois do banho e antes de sair para caçar meu sustento.
Após garimpar as melhores notícias do hiper mundo e sorver cuidadosamente o supra sumo de dezenas de blogs, de repente lembrei da minha resposta àquela pergunta do início deste post, n'outra paragem diária e particular.

Faço questão de muito respeito às palavras desta senhora, Marilena de Souza Chauí.

" Ao percorrer algumas das leituras feitas por Merleu-Ponty não nos ocuparemos com os pensadores que o instigaram nem com aqueles que foram por ele criticados.
Também não nos refiriremos àqueles que foram lidos na esteira da discussão de alguns temas determinados -
Marx e o movimento da história como luta de classes e o ocultamento das divisões sociais pela ideologia,
Freud e o estatuto do inconsciente como tempo simultâneo e linguagem,
Saussure e o surgimento da linguistica estrutural apreendendo a língua como sistema de puras diferenças internas,
Mauss e Lévi-Strauss na contribuição para instituir a antropologia social descobrindo o pensamento selvagem e a estrutura do pensamento nascente,
Watson e os behavioristas ou os psicólogos da Gestalttheorie na discussão do comportamento como práxis,
Descartes e o legado da dicotomia coisa-consciência ou a cisão do espaço da metafísica.
Estamos interessados naqueles que o filósofo leu procurando captar o movimento de um pensar que se fazia pensamento.
Hursserl, Bergson, Montagne, Maquiavel, Einstein.
Nestas leituras, o que parece ocupar Merleau-Ponty não é tanto o lado sistemático das obras.
Evidentemente, não nigligencia a lógica interna e a coerência conquistadas por elas.
Porém, seu interesse maior parece estar voltado para os impasses, os paradoxos, as súbitas guinadas do pensamento que, no entanto, estavam preparados pelo caminho percorrido. Interroga esses pensadores em múltiplas direções:
O que suscita uma certa idéia?
Que movimento secreto anima as palavras do pensador?
Que interrogação o move, levando-o mesmo a mudar o curso de seu discurso?
Que inquietações o fazem seguir numa direção e enfrentar becos sem saída?
Se Merlau-Ponty oferece respostas a essas perguntas, é porque deseja saber o que as engendrou, qual o contexto que dava sentido às questões e às soluções, quem era aquele que interrogava e escrevia."

Marilena de Souza Chauí tem vários livros, mas para quem estiver a procurar um sentido da vida, leia Da Realidade Sem Mistérios ao Mistério do Mundo.
Tenho-o desde 1981, da Editora Brasiliense; ocupou o centro de minha cabeceira para jamais sair.
Dividido em 3 partes, voces poderão conhecer três pilares do conhecimento humano: Religião, Vida "comum" e Vida "psicológica".

Portanto, a quem, por vias das dúvidas quiser saber, não fiquei, nem fico ou ficarei zangado.
E a minha resposta razoável?
Eu a encontrei, lembro, muito tempo atrás, quando...

§

Com toda certeza, a maioria das pessoas que ler este post de hoje, não vão saber o motivo, e peço, não sintam culpa alguma. Outras, sabendo apenas o motivo, talvez não entendam de filosofia, e tambem peço que estas não sintam culpa alguma. E, outras também, sabendo só de filosofia, peço que se mordam muito, inclusive o próprio rabo. A estas, especialmente, peço encarecidamente, que não usem tal grande conhecimento da vida para me atacarem levianamente. E àquelas pessoas que não sabem nem do motivo e tampouco filosofia, peço que continuem comigo, para, no mínimo, sentirem-se confortáveis, porque são todas, todas as pessoas, são benvindas.
O que é melhor, tratar a vida, que é séria, na brincadeira, como se tudo fosse festa, para assim ter uma ilusão de felicidade, ou tratar com seriedade tudo, inclusive as brincadeiras, festas e ilusões, brincando, festejando e se iludindo dentro de uma medida justa?
Obviamente, para responder esta derradeira pergunta de hoje, não é preciso ser filósofo, qualquer pessoa pode, com certa facilidade.
Pertinente ao motivo, que tem muito a ver, não somente, é claro, com este espaço de comunicação, internet, recomendo que assistam, ou reassistam, ao filme Closer.
Neste filme contém muita coisa que toda a filosofia (sistemática) jamais vai saber responder sobre o sentido da vida.
Por esta razão, digo que filosofar é saber aprender a cada nova experiência.
Contudo, eu não sou filósofo.
Melhor ainda, sou um ignorante, porém com extrema fome de aprender a pensar, escrever e, enfim, filosofar.

8 comentários:

Luciano Fraga disse...

Caro amigo Devir,"o que suscita...que movimenta...o que inquieta...? se fôsse tentar responder ao modo de Dylan, diria que as respostas estariam no vento, embora também todas elas me inquietem por não tê-las, acho que se tentar explicá-las(fato que nenhum homem jamais conseguirá) complicarei ainda mais.Tentando resumir uma idéia(emitir uma opinião) que tenho, a relação com a vida é como um amor de amplidão, é preciso encantamento, não o da paixão, por ser este um estado patológico, mas um estado de vitalidade, com missão de buscar e perseguir a essência.Então assim para abarcarmos isso como real necessitamos de dois tentáculos:"Espanto e ironia". aquele que não se espanta não aprofunda, e o que não ironiza, arrasta-se para o fundo, naufraga.Seguimos exercitando, aprendendo,tentado buscar um equilíbrio entre a leveza e a profundidade, forte abraço.

Adriana Godoy disse...

Não sou filósofa, nem poeta, nem nada. Escrevo versos ou textos que saem como a água da bica. Ora suja, ora limpa, ora transparente, ora opaca, ora nada. Então, Devir, continuarei visitando seu espaço com seus devaneios ou filosofias que nem tanto compreendo, às vezes, mas que fazem alguma diferença. bj

Devir disse...

AGod

Sem culpa, e tímida, é avistando a fronteira do sublime.
Não obstante, é o bastante
para promover e mover
uma nação.

È muito importante
este
seu comentário, continue assim
fico, rss, radioativo...
como nos conhecemos.

Grande abraço

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Ufa! (Respiro aliviada!). Ainda bem que me encaixo no ítem: "que não sabem nem do motivo e tampouco filosofia".

Quanto aos rótulos, faço isso o dia inteiro. Quando não propriamente desenvolvo um deles, é algo próximo disso, como uma embalagem, uma marca! (Risos irônicos!).

Talvez, já tenha me acostumado a viver no meio deles. As prateleiras de supermecados, farmácias, lojas de conveniência já não me assustam mais! (Agora uma gargalhada sonora!).

Mas, desvirtuando totalmente a linha do pensamento (modéstia parte parte sou boa nisso)... (Agora aquele risinho de lado!), hoje li assim num busdoor:

"Levantando e movimentando o negócio do cliente!" - Como diz o Luciano aí até me espantei, mas sinceramente, acho que não devo me aprofundar!

Brincadeiras a parte, se este é de "o rótulo" de uma empresa, em que ramo de atividade deveria classificá-la?

E, agora, falando sério, os rótulos são uma forma sistemática de classificar as coisas, e às vezes, pessoas. Pura semiótica, talvez pra saciar nossa necessidade dar conta de entender tudo em "blocos".

Não somos "treinados" para lidar com a diversidade, menos ainda com a verdade de cada coisa ou cada um, carrega consigo características e especificidades únicas!

Devir disse...

Rss, talvez porisso não tenha
cabelos fartos, Luciano.
Estado Patológico?
Claro!, este é meu sertão singular. Meu pai foi alagoano, minha mãe é pernambucana e eu gosto muito de ser tão tambem
virtualmente brasileiro.
Só fico infeliz ao saber que somente a rapadura é real e
genuinamente do Brasil.
Toda infelicidade inquieta!!!
Não estou contra estrangeiros
aqui
rss, prefiro Lampião ou Che
e jamais Efehagace.
Levesa e profundidade
gostei disso!
E "tentáculos", uhm, não sei
isso pode assustar.
O encatamento necessita de um objetivo, que não precisa ser determinado pela pessoa.
Enquanto o espanto não tem jamais
objetivo e sempre é determinado pela pessoa.
O encantar-se é expor, por exemplos
a Liberdade, o Amor, a Paz, etc.,
espaços abertos na "essência".
E quem pode ter o poder de espantar? Quem quiser.

O que os pensadores fazem
é descobrir tais essências e
elas existem por existir
inclusive a minha, a sua, de cada um, de cada coisa e cada idéia...
Mas a natureza, rss
talvez uma essência "(fato que nenhum homem jamais consiguirá)"
que todo mundo vai se complicar.
E vamos resumindo; muito bom!

Forte abraço.

Devir disse...

Estou rindo, quase não posso teclar e classificar uma resposta áquela pergunta.
Voce espera um pouco
acordo, pego o ônibus, já volto

Voltei
na semiótica da imagem
estou dizendo
vem
para a realidade, Roberta

Anônimo disse...

Na realidade: seu riso farto vale mais!