segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Olhar sem o peso nem a medida dos olhos


Filosofia em comum

Em outro post, anterior, refleti pelo conceito Selvagem, e adverti que tal palavra/nome possui inúmeros significados. Agora, neste passado que estamos e neste futuro que somos, pretendo refletir sobre o signo Selvagem.
A melhor opinião de Signo encontrei em Teixeira Coelho, coleção primeiros passos, O que é Industria Cultural, editora Brasieliense, em !980.
"Todo processo de significação - e este é o processo em jogo nos veículos da indústria cultural, como aliás em todas as demais atividades relativas aos ser humano - está baseado na operação de signo. Sendo signo tudo aquilo que representa ou está no lugar de outra coisa (a palavra "cão" representa um cão qualquer real, assim como minha foto na carteira de identidade é um signo de minha pessoa, representa a mim, está em meu lugar), entende-se por "operação de signo" a relação que se estabelece entre o signo propriamente dito (uma palavra, uma foto, um desenho, uma roupa, uma edificação, etc.), o referente (aquilo para o que o signo aponta, aquilo que é representado pelo signo; este cão, aquela pessoa) e o interpretante (ou conceito, imagem mental, significado formado na mente da pessoa receptora de um dado signo)."
Assim, minha beleza em "mentir", se assemelha à sincronia entre rosto sutilmente ocultado pelos cabelos ao sabor do vento. Eu não penso que seja mentira.
A profundidade varia desde o colapso nervoso à iluminação total (cegueira branca), por isso entre estes dois sentidos, o primeiro que serve ao real, à saúde e mercado - diversão também é real, mas eu não vejo diversão nenhuma no colapso negro da visão -, e o segundo, toda vez que experimento o pânico de poeta, um "signo propriamente dito", daí eu prefiro "ser" Selvagem.
Claro que, este ser também em essência é um signo impossível, porque a qualquer tentativa de representá-lo, não vai jamais haver referente além de mim. E a palavra, neste momento, "selvagem", perdi todo sentido, porque se torna uma contradição. Também o significado de contradição, oportunamente, tal palavra, perdi sentido.
Não sei que, se tudo isso é um problema da Linguística, ou se não for, teremos Heidegger de calça justa, talvez
(queda na eletricidade, perdi uns 8 parágrafos, fiquei irritado com minha incapacidade de prevenir tal "acidente", e, para calcificar minha complacência aos "provedores", vou fazer tudo novamente, porém, na forma de ficção e nas palavras dos outros)

Conceito de voce: a paixão
Selvagem

Não sei se choro ou se soco este monitor, quebro o teclado ao meio, jogo o mouse para a cobra e queimo meu cérebro intersubjetivo - eu percorro um mundo, dois, três, quatro, cinco, mil, milhões de caminhos, e quando chego em casa, a rosa Formosa desaparece, feito feitiço, da minha mão. Castigo por encontrá-la tão linda e livre e saudosa como a voz Elis Regina, viva e mesmo fora de um jardim suspenso, arrancá-la para mim? - ou sinal extraordinário para que eu desligue e relaxe, porque tudo precisa ser o que é, absolutamente?

Reflexão sobre nosso tempo: a contemplação
O Homem e o animal

O mundo do animal é um mundo sem conceito. Nele nenhuma palavra existe para fixar o idêntico no fluxo dos fenômenos, a mesma espécie na variação dos exemplos, a mesma coisa na diversidade das situações. Mesmo que a recognição seja possível, a identificação está limitada ao que foi predetermindado de maneira vital.
No fluxo, nada se acha que se possa determinar como permanente e, no entanto, tudo permanece idêntico, porque não há nenhum saber sólido acerca do passado e nenhum olhar mirando o futuro.
O animal responde ao nome e não tem um eu, está fechado em si mesmo e, no entanto, abandonado; a cada momento surge uma nova compulsão, nenhuma idéia a transcende.(...)
A transformação das pessoas em animais como castigo é um tema constante dos contos infantis de todas as nações.
Estar encantado no corpo de um animal equivale a uma condenação. Para as crianças e para os diferentes povos, a idéia de semelhantes metamorfoses é imediatamente compreensível e familiar.
Também a crença na transmigração das almas, nas mais antigas culturas, considera a figura animal como um castigo e um tormento.
A muda ferocidade no olhar do tigre dá testemunho do mesmo horror que as pessoas receavam nessa transformação.
Todo animal recorda uma desgraça infinita ocorrida em tempos primitivos.
O conto infantil exprime o pressentimento das pessoas.

(Th. Adorno e M. Horkheimer, Dialética do Exclarecimento, Zahrar editora)
ps. Gosto de relaxar ao som desta música: Inna Gadda da Vida, do Iron Butterfly
(certa vez a ouvi em um filme, onde um cara foge da polícia até seu quarto, então deita na cama e relaxa, aguardando ser preso. Quem souber qual é o filme, já procurei muito e jamais encontrei, por favor, escreva-me)

5 comentários:

Anônimo disse...

O Poeta (Selvagem)
Cerceado silvestre
supura a ferida palavreando
chagas que nunca curam

Anônimo disse...

O filme não sei, mas a palavra era "gate". Pronto, atravessei!

Luciano Fraga disse...

Caro amigo Devir,em algumas religiões ou mesmo filosofias se assim o desejar, nascer ou renascer(?) como, ou no reino animal não é considerado com um fato auspicioso, pelo contrário, representa sofrimento, sobretudo por passar esta etapa da vida submerso na ignorância, sem capacidade de reação, vide o boi,mas por outro lado nascer ou renascer um deus deve ser um pouco tedioso, não? A Metamorfose que o diga. Forte abraço.

Devir disse...

Luciano

Se esta a for a esperança do homem
pobre coitado, continuará
imerso na escuridão da caverna.

Estou levemente ocupado, ok
depois mantenho o padrão, Abraço.

Devir disse...

Roberta

As feridas são inerentes
da vantagem de representar
o mundo com nomes e símbolos.

Grande abraço