sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Ao ser antes dos nomes

Redescobrir
Como se fora brincadeira de roda, memória
Jogo do trabalho na dança das mãos macias
O suor dos corpos na canção da vida, história
O suor da vida no calor de irmãos, magia

Como um animal que sabe da floresta memória
Redescobrir o sal que está na própria pele macia
Redescobrir o doce no lamber das línguas, macias
Redescobrir o gosto e o sabor da festa, magia

Vai o bicho homem fruto da semente, memória
Renascer da própria força, própria luz e fé, memória
Entender que tudo é nosso, sempre esteve em nós, história
Somos a semente, ato, mente e voz, magia

Não tenha medo, meu menino bobo, memória
Tudo principia na própria pessoa, beleza
Vai como a criança que não teme o tempo, mistério
Amor se fazer é tão prazer que é como se fosse dor, magia

Como se fora brincadeira de roda, memória
Jogo do trabalho na dança das mãos macias
O suor dos corpos na canção da vida, história
O suor da vida no calor de irmãos, magia
(Elis Regina/Gonzaguinha)

Outro dia de Natal se finda, pessoalmente, para cada ser humano, que teve contato com esta História, significa um momento especial para afirmar o grande poder da reflexão. Desta maneira, creio, posso falar por todos; lembrando, pelo menos para todos que sentiram a mensagem na História de Jesus Cristo.
Meu coração se acelera em meu tórax, irradia para a plenitude do meu corpo, e talvez se expande para outros corpos, outras pessoas, talvez aleatoriamente, feito o som dos ventos, para todos os ouvidos em todos os sentidos.
Estou ansioso, porque quero falar diretamente, como sempre faço, para uma única pessoa, revelada a todos ou não; a revelação aqui, como conceito para a capacidade sublime de existir para outra pessoa. Em cada uma existe a conexão imponderável com todos; lembrando o som do vento, do mar, do trovão, etc.
Quero falar com o nosso atual presidente do Brasil, Luis Inácio da Silva; inexoravelmente o próximo presidente está na conversa.
Daqui, deste anonimato, tomado pelo espírito do dia, tento entender sua cruz, meu velho, Lula. Certa vez, estive muito próximo, éramos uma multidão, lotávamos a Vila Euclides, e voce, de camiseta vermelha, forte, vigoroso, passou tão perto que pude também ver seus olhos, ver para onde olhava, para este futuro que é agora.
Podia enumerar à exaustão, vítimas de tragédias que se multiplicam a cada ano, é sempre tão visível, até parece que ficar falando das tragédias diárias é uma forma de ópio para o povo. O mesmo acontece, em contraponto, com a simulação diária de prazeres egoístas; tanto o requinte do consumismo quanto de criminalidades.
Voce até me diria que é o preço da Democracia. Seria uma boa resposta de um presidente, tanto de um país quanto de uma comunidade de bairro.
Queria saber, ousando a falar por todos, se o poder desse troço, a média de opiniões resumida em ideologia mais razoável, então, todos sabemos, pervertida na quase totalidade pela ideia de um capitalismo selvagem, o Brasil não é excesso, é tão perverso a ponto de se tornar irrecusável; é tão irresponsável a ponto de cometer atrocidades para se defender e manter o país nesta eterno paradoxo, o horror da maioria dos brasileiros em estado de sorte ou azar, roubados ainda pela quase totalidade da classe política, e a alegria gratuita da ilusão de poder do mais forte sobre o mais fraco tomando como parâmetros o consumo e propriedade?
Queria saber, claro, jamais através de canetadas, o que se pode fazer, em seu cargo, para mudar o rumo desta situação historicamente impregnada na imagem do país?
Acredito que voce jamais responderia a estas perguntas com a mesma resposta, acima descrita, "é o preço da Democracia".
Não repetiria a resposta, porque seria o mesmo que dizer: "Não me pergunte o que o país pode fazer por voce, e sim o que voce pode fazer pelo país".
A resposta mais eloquente que já se viu em política. E nós, brasileiros, já estamos de saco cheio de tanta eloquência dos poderosos e falsos amigos.
Como se poderia fazer dar tal resposta à dona Maria, com águas podres até o joelho, no bairro Pantanal, na zona leste de São Paulo? E, também, a tantas outras Marias, Josés, etc., todos igualmente brasileiras e brasileiros? Não quero jamais aludir a um conflito de classes, problema exclusivo da ordem econômica, mas precisamente ao papel do estado nas ordens, econômicas, jurídicas e morais do nosso país. E, já aprendemos o bastante que reivindicações coletivas paralelas, são férteis apenas às pequenas mudanças. Esta é a minha grande lembrança daquele dia que o vi pessoalmente.
Finalmente, Lula, sabendo que a zombaria da média será geral, acusar-me-ão de tentar travesti-lo de papai noel; voce sabe, sempre tem crianças que brincam com fogo no paiol, e que sempre é tarde de culpar o Pai.
Espero que este texto chegue até voce, e voce, no mais alto valor social, faça uma menção sobre este contato, de um anônimo brasileiro ousando falar por todos.
Muitas, vastas, Brasil à fora, considerações, e meu forte abraço. Feliz Natal em todos os dias e prósperos anos melhores.

12 comentários:

Ana Beatriz Frusca disse...

Feliz 2010!
Beijos.

Devir disse...

Rss, essa vida é uma delícia, e tem gente que não gosta de viver, assim, suspenso em um drama, tão abrangente e interessante, que todas as Artes tentam copiar!!!

Muitos anos melhores para voce, Bia
e beijos tão sinceros
que, por instantes velozes
os corações se façam Um.

Anita Mendes disse...

"That which does not kill us makes us stronger."
Friedrich Nietzsche

e isso... como diz o nosso velho e sabio Nietzsche !
que esse ano de 2010 nao venha a nos matar( so se for de felicidade!!)(rs)
beijokas eternas, querido devir.
Anita.

Devir disse...

Rss, acho que Nietzsche está aqui
no meu quarto, agora.
Estava pedalando desde as 5, agora é 1 hora. Passeio solitário para manter a inércia de movimento. Encontrei Juliana, jantei e combinamos rua da madrugada. Voltei e, banho, perdi o pique. Ela ligou: voce não vem.
Respondi: não.
Ela: por que?
Eu: se divirta, estou afim de pensar, e descançar o bode.
Ela: que bode?
Eu: amanhã a gente se vê.

Acho que me sinto pesado, outro corpo em mim, vai pesar mais, com certeza, hoje, estou afim de voar.

E o cara, alí, filosofo calado.
Seria ele um dos meus Outros, que fundem um Eu assim tão imprevisível? O que sou? Será que sei mais do que voce sobre mim? O que é voce? E este mundo, entre nós, existe além de um voluntário sortilégio? E este cara, Nietzsche, o que sabe pode responder por voce? Para mim, e não para a História? Para que serve a filosofia quando é o corpo que sofre a falta?

Bom, paciência, devir

Do pouco, ou nada, talvez, que posso saber, ou intuir, de voce, Anita, digo, juntos até poderíamos, matar esse cara, ainda em 2009.

Beijo

Anônimo disse...

Não sou o Lula, mas estou a 600 km de sua casa e esse texto ja chegou aqui. Então com um pouco mais de força de pensamento (o Segredo, rss) o presidente lerá e ainda por cima comentará sobre e responderá as perguntas ao vivo no Jornal Nacional. Se sonhar cobrasse nós tariamos fodidos. rsrss.
Mas que seria legal, ah seria.

forte abraço

Devir disse...

Rebenta e arrebenta, supere, contra a vontade de ficar confortavelmente entorpecido e, claro!, confortavelmente sóbrio assistindo o navio passar ao longe.

O que é pior, a banalização ou a criminalidade? E quem tem tempo para escolher? E sem este tempo, é isso, adeus se dá
a individualidade, espiritualidade, subjetividade, etc, etc, etc

Tais valores desrespeitados, quando não assassinados, em nome de simulações dos mesmos...
é melhor parar, "para quê" reforçar o sono da moçada?, rss.

Melhor é sonhar, é de graça!!!
(graças a Deus?)

Devir disse...

Cara, leia mais este escritor:

"De minha parte isto já não me abala. Embora seja atingido por estilhaços do presente, há muito que estou para lá dessa tríplice aliança ou armadilha a que chamam de presente-passado- futuro. O tempo a gente não combate no exterior, do lado de fora. O tempo a gente recria é do lado de dentro.

Aliás, se me permitem, um último comentário. Sendo a luta humana contra o tempo uma luta irremediavelmente perdida, só nos resta uma alternativa: entrar no jogo e tentar empatar a partida. E a maneira de empatar o jogo é viver o presente de tal modo que pareça que não apenas subjugamos o tempo, mas que o transcendemos."

Ele é um grande escritor, embora não escreva aqui, rss, acredito que isto aqui ainda tem muito a cara daqueles tanquinhos que até levamos para a praia.
Invasões à parte, esta, que seria facilmente suportadas, rss, porque absolutamente de passagem.

Malditos sejam os pedágios com sua mais valia!

Devir disse...

Farofa, ou o seu contraponto, leite derramado, quem suporta?
Só mesmo, quem contém, também, muita coragem.

Quando mistura, quanta lamúria.

Anita Mendes disse...

kkkkkkkkkkkkkkk
e o pior que so temos menos de uma semana pra bolar um crime perfeito! (rs)
beijokas ...

Devir disse...

Eu acho que ele não gosta de viver sem dar palpites, considerações, reflexões e apontar horrores que já estamos calejados.
Talvez baste 48 horas para ele morrer seco em seu próprio sarcófago.
Crime mais perfeito, e lucrativo, pois, "daquilo que eu sei", voce saberá muito bem fazer uma autópsia como manda o figurino da Arte&diversão.

Estou voando, acompanhe-me, di boa

Luciano Fraga disse...

Caro amigo Devir,sábias palavras, questionamento lúcido,esse texto diz respeito e toca cada um de nós, mas a cada dia a presença de um estado paralelo corta as nossas vidas e nossas veias, tal um rio adoecido,como disse o poeta Rimbaud: " será preciso engolir cascalhos e comer as pedras das igrejas para seguirmos com dignidade".Infelizmente não obteremos as respostas, feliz 2010 novamente e sempre, abraço.

Devir disse...

Porra, Cara
Que tesão de comentário
é, realmente uma questão brutal
a nós,
quando herói precisa ser americano*
onde as igrejas são só imagem
espírito(?) de cinema
de competição esportiva(?)
Nas nossas cabeças nacionais
é isso, batmans, supermens earanhas
ou zé carioca
e nossa igreja, amém
Deus salve meu lucro, diabo aumenta

Até conspiro contra a Ju
e coloco moonshiner, cat power

Pensar por que este mundo
deixa-as muito putas
e são fodas especiais
sempre a próxima

Mas que porra, Mestre

grande abraço