quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Há tanto tempo que te amo



Sonhar com a civilização é normal

- Voce quer assistir a um filme?
- Sim, um filme que seja exatamente o que voce gosta, Devir.
- Uhm, então precisamos conversar.
- Já estamos conversando.
- Claro, de repente, não é normal, eu estava esquecendo.
- Já sei, voce vai querer saber que tipo de filme eu gosto.
- Muito inteligente.
- Eu me esforço.
- Que bom.
- Que tipo de filme voce gosta?
- Sabe porque preferimos um filme mais do que de outro?
- Ah, sei lá, não sou tão inteligente como voce, Devir.
- Obrigado, mas não sou tão inteligente quanto voce pensa.
- É sim, voce sabe fazer perguntas que ninguém sabe responder.
- Rss, mas as pessoas podem não querer responder, e nem sempre é porque não sabem a resposta.
- Por que pessoas podem não querer responder suas perguntas?
- Está vendo, então voce também é inteligente.
- Eu estou só me esforçando.
- Que bom.
- Qual filme voce gostaria que eu assista, agora?
- Um filme que voce vai odiar, ou dormir.
- E se eu amar?
- Voce vai me surpreender.
- Jura? Por que?
- Porque vai demonstrar que voce participou do filme e não odiou?
- Eu nunca odeio. Todo mundo sabe que nunca devemos odiar, que as pessoas odeiam porque são infelizes, não importa o motivo, o ódio gera ódio.
- É verdade, mas será que sempre foi, sempre é e será sempre assim?
- Devir, eu não sou tão inteligente quanto voce, já disse. Por que voce usou três vezes a palavra sempre, sempre é sempre, não há plural.
- Voce também acaba de usar três vezes a palavra sempre.
- É mesmo.
- Voce sabe a diferença da minha três vezes sempre para a sua três vezes sempre?
- Não, e se voce não me disser, nunca mais falo com voce.
- Pode mentir?
- Nunca.
- Então é verdade que voce, se eu não lhe contar, nunca mais vai falar comigo?
- Não gosto dessa conversa. Diz qual é o filme que voce mais gosta, e vamos assistir agora. Voce não gosta de filme de amor?
- O que seria mais fácil responder; o que é o amor, ou o que é um filme de amor?
- Ah, Devir, odeio quando voce faz assim.
- Quando faço perguntas que voce não sabe responder?
- É.
- Estou achando que voce não quer responder, porque está cansada de tantas perguntas, e acha que se assistirmos logo o filme voce poderá descansar.
- Sim e não, pode ser, pode não ser, vamos assistir ao filme. Coloca aí, não me conte nem o título. Aonde voce vivia, antes, enquanto eu vivia?
- Voce não é uma mera pessoa, sabia?
- Procuro me esforçar, e falando nisso, quer que eu faça pipoca?
- Legal, suco ou café?
- Ah, isto é uma pegadinha, claro, ambos, mas é voce quem vai fazer.
- Uhm, percebeu, voce sabe a diferença entre ódio e amor.
- Ah, é mesmo, lembrei, voce me enrolou e não disse qual é a diferença entre os para sempre. Diz agora, não me enrola mais, se não disser agora... rss, vou embora.
- Vai mesmo?
- Vou. Nossa sorte é que não usamos roupas nestes dias, e eu não estou acostumada sem tais preocupações. Sequer lembrei da maquiagem. Olha meu cabelo.
- Está bem, agora vou acreditar em voce, não vou apostar nisso, as mulheres fazem misérias com suas máscaras.
- Se eu for embora voce vai ficar na miséria?
- Se eu apostar e perder, com certeza.
- Não é voce que não se importa com a miséria? Não é voce que só se importa em apostar na vida? E, então, está me parecendo que está em contradição, Devir.
- Vou fazer só o café.
- Ok, nem filme, nem pipoca, muito menos suco, mas... antes do café, de ir embora, vem cá.
"Diga quando vai voltar
Diga ao menos se voce sabe
Porque do tempo que passa
Se resgata pouco
E do tempo perdido
Não se resgata nada"

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