quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Só o medo é real

"Os cristãos eram acusados de superstição
e de ódio ao género humano.
Se fossem cidadãos romanos eram decapitados;
se não, podiam ser atirados às feras
ou enviados para trabalhar nas minas."
(Wikipédia)

Ao nada, meus restos do que se esquece

Tem horas que o farol indica a direção do rochedo
mostra que não há porto no continente, e rodo, bobo
a ermo ou a esmo, muitas vezes, até o fim, até quando
há combustível, vento e paciência, então, depois
da pergunta que não devemos fazer seja para alguém
se há alguém participando, seja para si:
"Para quê?"

Então coloco novamente moonshiner, cat power e
a lua não é como o farol, não tem ninguém, é nada
é tudo, é tudo o que posso olhar e chorar, e sorrir
depois de mais uma morte e não saber jamais
a última: que não vai doer como esta falta de voce

Que foi a poucos minutos, que não se sabe a volta
que enfim se reduziu à esperança, felicidade sonsa
de uma notícia jamais pensada, jamais aguardada
no só deste amor, agora, não alcançado, utópico
que não é possível escapar e assim não é possível
algo melhor que o assim seja, amém, enfim ao eu

Eu que desejo tanto ser um mito, ser uma certeza
ser um babaca carregado pelo destino para o mundo
para o mais falso absoluto, a mais rasa essência
a mais teatral face ora alegre ora triste, alegórica
ou real, a mais estúpida e incompreensível liberdade

Adorada e inexpremível liberdade quando se perde
tudo, toda a ilusão, arte ou ciência, e seguimos só
sem qualquer razão, sem qualquer pergunta, apenas
com respostas então para ninguém, sequer para si

Então me deito, derrotado, morto enfim, sonho e
sonhando, uma hipótese de calor, de alguém, de voce
eu o vapor grátis lentamente se explode no rochedo
e meus restos realizarão "uma sagrada ceia sem traição"

12 comentários:

Luciano Fraga disse...

Caroa amigo Devir, esse post é fabuloso, estou no corre corre,meio desconectado, hoje a noite tudo ganhará calma, espero, e a partir de segunda retomo minhas visitas com normalidade , enquanto isso, "Judas Carioca" continua comendo paçoca(Rs), volto já amigo, sem esquecimentos, forte abraço.

Devir disse...

Na boa, sigo trabalhando nas minas, feito idiota, até o império sabe que todo o ouro foi extirpado.
Claro, das visitas, nem todo valor é corporal.

Forte

Anita Mendes disse...

"Eu que desejo tanto ser um mito, ser uma certeza
ser um babaca carregado pelo destino para o mundo
para o mais falso absoluto, a mais rasa essência
a mais teatral face ora alegre ora triste, alegórica
ou real, a mais estúpida e incompreensível liberdade"
esse paragrafo merece um premio! belissimo!

ps: vc ja e um mito!
beijokas , Anita.

Devir disse...

Oh Anita

Não sou muito felix para dizer
sobre meus problemas
e isso não quer dizer
que os ignoro, ou me envergonho,
é só uma tentativa de unir as faces
para atingir uma plenitude
onde NINGUÉM pode estar fora.
Sei que isto é utopia, mas
qual o ponto que o ser pode
querer atingir, consciente,
que não seja?
Torcer para o vento ou
o andar da carrugem é ilusão,
no mínimo, porque pode se tornar
uma leve e sutil currupção da vida.
Por exemplo, querer voce é utópico,
no conceito, e na realidade
é muito bom, jamais me foi em vão.

Beijo na testa

Zana Sampaio disse...

Pra quê? respondo prontamente: para que haja sempre um devir! Formidável: um cuspe no chão em voz alta!

Devir disse...

Grande, garota, Zana!!!

Estava desligando
milhões
de portas
que entram
que saem
que se trancam
que se abrem
ora para estudar
ora para trabalhar
ora para conhecer
ora para esquecer
o calor da chapa
e se deixar torrar
e se deixar ideal
para a Humanidade
para alguém

Rss, vou tentar de novo

Estava desligando o computaDor
e confio no olhar saiDor

Os comentários!

"respondo prontamente: para que haja sempre um devir!"

E vou dormir no céu
e também sonhar sonhar sonhar
com um mundo mais feliz

Forte abraço

Luciano Fraga disse...

Caro amigo Devir,vamos caminhando e agora este é exatamente o momento para fazer um convite,não desafiante:estamos criando um jornal cultural aqui na cidade,aberto, amplo(teatro, música, filosofia, literatura,cinema artes plásticas,etc.)-A VOZ DA PEDRA, assim peço analisar possibilidades de assinar uma coluna sobre filosofia.Se topar,pode encaminhar o texto para meu email-caminho_1@hotmail.com,inicialmente 1000-tiragens e trimestral(ainda em estudo),o nome da coluna você pode criar, acho que será de grande valia , tanto o jornal e maior ainda sua presença para enriquecer este mundão velho,com nossa colaboração cultural.PS.vários amigos assinarão outras colunas,pretendemos para a primeira semana de janeiro.Forte abraço.

Luciano Fraga disse...

Caro amigo Devir, esqueci o detalhe,circulará em escolas, universidades e nas comunidades de Teixeira de Freitas,Medeiros Neto,Lagedão(extremo sul da Bahia) e Serra, Nanuque(Minas),sem fins lucrativos, abraço.

Devir disse...

Estou na pauta?
Ótimo, agradeço sem palavras
por voce, Luciano Fraga.

ps. Tá pronto.

Devir disse...

Zana

A TVCultura, agora à noite
está fantástica:
Roda Viva: Os Irmãos.
Invenção do Contemporâneo: Roberto DaMatta.

O antropólogo explicando o que os grafiteiros aprenderam nas ruas.

Existe uma dialética invisível aí, ou uma oposição visível de papeis sociais, só depende do ponto de vista.

Podemos dizer, sem redundância, que os grafiteiros explicam o que o antropólogo já sabe.

Muito bom, se voce não viu, veja na internet, no site da TVCultura.

E também, vão reapresentar um documentário, nesta semana, sobre Van Gogh; muito pertinente e explicativo ao que vem ocorrendo aqui, no Devir. Assista se puder!

Forte abraço

Zana Sampaio disse...

só agora vi a dica...
opa! vô da uma olhada...
e boto fé, com uma rubrica ao final!
obrigada!

Devir disse...

Que legal!
Acho que sempre quis fazer assim, de uma maneira ou outra, sempre procuro testar as pessoas antes de conversar o que é importante.
Sobre essa morte ou fim anunciado nas minhas contundências, é óbvio, logo haverá uma reação dos detentores da Verdade.
Porisso que é extremamente necessário não estar sozinho. Quanto ao final, que prevê problemas, eu assumo tudo.

Grande Zana, um abraço