segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Paciência, devir, pazciência pessoal



Nostalgia deste ano

"o que é roda?"
e recebendo como resposta
"uma coisa circular que os carros usam para andar"
retruca perguntando
"o que é carro?"
e ouvindo que é
"uma máquina que anda a gasolina"
pergunta
"e gasolina, o que é?"
e assim por diante
de conceito a conceito
até esgotar a pa(z)ciência do interlocutor
por em prática
o processo de semiose ilimitada
ou processo infinito
de formação de significação
um signo leva a outro
um conceito a outro
sem fim previsível

O que é indústria cultural?"

Os primeiros passos
são assim
devir

primeiros passos
editora brasiliense
Teixeira Coelho
1980

"Utopia?
Efeitos desprezíveis
diante da indústria cultural?
Nem tanto."

E lá se vão os tempos...

Se o problema é do Outro
então seu inferno me convém
Se o problema é meu
meu Inferno não lhe convém

À mulher, claro, mas assim
sempre duas, também
jamais separadas
no meu desejo louco

A imortalidade da carne, rss, antes
e depois, da voz, do olhar, do gesto
da expressão mais sincera
amor incondicional

Ódio - Luxúria

Durante muito tempo construí uma história em cima de um castelo destruído
E pra fugir dessa realidade dura eu já encontrei mais de mil motivos
Agora essas palavras de pessoas santas parecem música nos meus ouvidos
Já que ficou quase insuportável ouvir a voz dos meus olhos aflitos
De tanto chorar depois que a festa acabar
Se eu não me matar, talvez eu peça ajuda para voltar
Do lugar da onde despenquei feito um anjo que morreu de raiva
Na queda eu me despedacei mas eu já me permito mudar
Olhei ao meu redor para reconstruir meu castelo caído
Pra viver de bons momentos sem ter que ter os olhos escondidos
Já fiz até um testamento que não tem nada, nada, nada escrito
Já que a minha maior herança é a que eu vou levar comigo
Pra evoluir, depois que o terror passar
Se eu não suportar talvez eu peça ajuda pra voltar
Do lugar da onde despenquei feito um anjo que morreu de raiva
Na queda eu me despedacei mas eu já me permito mudar
Esse meu ódio é...
Meu ódio é...
O veneno que eu tomo querendo que o outro morra...

Comida - Marisa Monte

bebida é água.
comida é pasto.
você tem sede de que?
você tem fome de que?
a gente não quer só comida
a gente quer comida, diversão e arte.
a gente não quer só comida,
a gente quer saída para qualquer parte.
a gente não quer só comida,
a gente quer bebida, diversão, balé.
a gente não quer só comida,
a gente quer a vida como a vida quer.
bebida é água.
comida é pasto.
você tem sede de que?
você tem fome de que?
a gente não quer só comer,
a gente quer comer
e quer fazer amor.
a gente não quer só comer,
a gente quer prazer pra aliviar a dor.
a gente não quer só dinheiro,
a gente quer dinheiro e felicidade.
a gente não quer só dinheiro,
a gente quer inteiro e não pela metade.
bebida é água.
comida é pasto.
você tem sede de que?
você tem fome de que?

2 comentários:

Luciano Fraga disse...

Caro amigo Devir, segue estes versos de Lenine:

Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
A vida não pára...

Enquanto o tempo
Acelera e pede pressa
Eu me recuso faço hora
Vou na valsa
A vida é tão rara...

Enquanto todo mundo
Espera a cura do mal
E a loucura finge
Que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência...

O mundo vai girando
Cada vez mais veloz
A gente espera do mundo
E o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência...

Será que é tempo
Que lhe falta prá perceber?
Será que temos esse tempo
Prá perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara
Tão rara...

Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Mesmo quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não pára
A vida não pára não...

Será que é tempo
Que lhe falta prá perceber?
Será que temos esse tempo
Prá perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara
Tão rara...

Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não pára
A vida não pára não...

A vida não pára!...
A vida é tão rara!...

Paciência, eis uma poderosa arma para continuarmos seguindo em frente sem reagirmos nas horas erradas, sem deixar o veneno do ódio nos contaminar, forte abraço, que não seja o saideiro.

Devir disse...

Deste ano, claro que não!

E se eu pudesse dizer quanto de expectativas tenho sobre este processo, que, óbvio, é para sempre.

Forte abraço.