quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Meus pêsames, Jesus


Então é Natal, momento de compaixão, de proporcionar esperança, filosoficamente, para meu celular, fixo e computador.
Dizer-lhes que, porque nunca foi sempre assim, há de ser melhor, então também lhes desejar um Próspero ano novo.
Graças ao Pai de Cristo, e claro, em respeito à liberdade alheia de ser com tudo e feliz, ao Filho também, aqueles aparelhinhos e este grande aparelho, que não sabem exatamente com liberdade filosofar. Porque talvez filosofia contém um pouco mais que tudo de que precisamos para passar nosso tempo de Vida.
Por isso que acham tal caminho, ou Sentido, como querem os puristas axiólogos, um saco menor (mais pequeno) que o de Papai Noel. Novamente com todo respeito às letras maiúsculas.
Mas o tema é Natal, não posso decepcionar a Vaca sagrada, que pressupõe o iorgute, então, hoje, sem nicotina, álcool, nitro, thc e cocaínicos. Vou jejuar do "diabo", abraçar-me à cruz e, momento de compaixão!, inventar uma esperança, dizer que não tardo morrer pregado em seus braços estáticos.
Será que Deus é omnisciente (and on) mesmo?
Lembro um dedo de prosa com Jung, quando dizia que o espírito só existe na filosofia. Se eu fosse outro, desconfiava, é óbvio. Fiquei na minha, porém sem, com isso, julgá-lo sumariamente e assim perder meu tempo planejando a morte de possíveis inocentes. E ele fazia expressões sutís na face bandeirando sua preocupação.
Jung dizia que o espírito é um nome de um conceito expressivo, tão que não admite outro para o
Ops., ...significado de
Perdão, isso não vai acontecer mais, ..., desculpem-me, é que eu não quero dizer (não adianta) o que o Jung disse.
De certo que, se eu o conhecesse bem, diria e talvez até não seria MONSTRUOSO; tão chato, "um saco!" como dizem elas, somente elas, com catíguria.
Por Jesus, filho de Maria COM José, chega de brincadeira, o tempo urge para escapar de certas cruzes 'bem intencionadas' .
Meu presente para todos:
Cordel Do Fogo Encantado, mais óbvio pertinente, neste Tempo, talvez impossível. E, espero, que seja justo para uma nova (re)volta ao Brasil. E são tantos... que já estão oniscientes desta necessidade pela liberdade.
Feliz Natal para todos.


Stanley - Lirinha
Na madrugada de vento seco
No clarão da grande lua prateada
No recôncavo do sol
Na montanha mais longe do mar
Numa serra talhada espinho fechado coivara caieira vereda
Distancia da rua
Mato cerca pedra fogo faca lenha
Cerca bote bala bote bala bote senha
Tabuleiro tabuleiro em pó
Na pedra dos gaviões
Uma mulher deitada
O nome é Maria
A dor conduzindo o filho terceiro
Nas garras do mundo sem guia
Vai nascer outro homem
Ouviram
Vai nascer outro homem
Outro homem

O seu nome é Stanley
Mais um filho da pedra dos gaviões
Da montanha
Do recôncavo do sol
E eu aqui vou cantar

Sua morte sua vida
Seu retrato sem cor
Seu recado sem voz
Morte e vida Stanley
Morte e vida Stanley
Morte e vida Stanley
Morte e vida

Outro homem
O seu nome é Stanley
Mais um filho da pedra dos gaviões
Mais um homem pra trabalhar
Na cidade sem sol
E eu aqui vou cantar
Sua morte sua vida
Seu retrato sem cor
Seu recado sem voz


Jesus no Xadrez


No tempo em que as estradas/Eram poucas no sertão/Tangerinos e boiadas/Cruzavam a região

Entre volante e cangaço/Quando a lei/Era a do braço/Do jagunço pau-mandado/Do coroné invasô

Dava-se no interiô/Esse caso inusitado


Quando o Palmeira das Antas/Pertencia ao capitão/Justino Bento da Cruz/Nunca faltô diversão

Vaquejada, canturia/Procissão e romaria/sexta-feira da paxão

Na quinta-feira maió/Dona Maria das Dores/No salão paroquial/Reuniu os moradores

Depois de uma preleção/Ao lado do capitão/Escalava a seleção/De atrizes e atores

Todo ano era um Jesus/Um Caifaz e um Pilatos

Só não mudavam a cruz/O verdugo e os maltratos

O Cristo daquele ano/Foi o Quincas Beija-flor/Caifaz foi Cipriano/Pilatos foi Nicanô
Duas cordas paralelas/Separavam a multidão/Pra que pudesse entre elas/Caminhar a procissão
Quincas conduzindo a cruz/Foi num foi adivirtia/O Cinturião perverso/Que com força lhe batia

Era pra bater maneiro/Bastião num intidia/Divido um grande pifão/Que tomou naquele dia

D'um vinho que o capelão/Guardava na sacristia

Cristo dizia:- Ô rapais, vê se bate divagar/Já to todo incalombado/Assim num vô agüentar

Tá cá gota pra duer/Ou tu pára de bater/Ou a gente vai brigar

Jogo já essa cruis fora/Tô ficando aperriado/Vô morrê antes da hora/De ficar crucificado

O pior é que o malvado/Fingia que num ouvia/E além de bater com força/Ainda se divirtia

Espiava pra Jesus/Fazia pôco e dizia:

- Que Cristo frôxo é você?!/Que chora na procissão

Jesus, pelo que se sabe/Num era mole assim não

Eu to batendo com pena/Tu vai vê o que é bom/Na subida da ladeira/Da venda de Fenelom

O côro vai ser dobrado/Até chegar no mercado/A cuíca muda o tom

Naquele momento ouviu-se/Um grito na multidão/Era Quincas/Que com raiva/Sacudiu a cruz no chão/E partiu feito um maluco/Pra cima de Bastião

Se travaram no tabefe/Pontapé e cabeçada

Madalena levou queda/Pilatos levou pancada

Deram um cacete em Caifaz/Que até hoje num faz/Nem sente gosto de nada

Dismancharam a procissão/O cacete foi pesado

São Tumé levou um tranco/Que ficou desacordado

Acertaram um cocorote/Na careca de Timote/Que inté hoje é aluado

Inté mesmo /São José/Que num é de confusão/Na ânsia de defender/Seu filho de criação

Aproveitou a garapa/Pra dar um monte de tapa/Na cara do bom ladrão

A briga só terminou/Quando o dotô delegado/Interviu e separô/Cada santo pro seu lado

Desde que o mundo se fez/Foi essa a primêra vez

Que Jesus foi pro xadrês/Mas num foi crucificado

3 comentários:

Luciano Fraga disse...

Caro amigo Devir, o que deveria(?) ser um estado a ser buscado/alcançado, assim como o próprio estado búdico,tornou-se equivocadamente ou propositadamente/politicamente transformado por Anti Cristos em um nome(apenas) que tem criado discórdias, gerado ódios e mortes, atraso e enfraquecimento do homem, na medida em que caminha na direção do conformismo e na aceitação de uma redenção, vide B. Russel(Por que não sou cristão).Feliz 2010 amigo, muita paz e saúde e muita criação, aquele abraço.

Devir disse...

Ho Ho Ho obrigado
Bertrad Russel é um presentão

A champanhe está sendo postada agora, rss, junto com a boa e velha cachaça existencial

Valeu
e feliz natais
"Feliz 2010 amigo, muita paz e saúde e muita criação, aquele abraço."(palavras minhas, ae)

Devir disse...

“O homem é um animal racional – pelo menos foi o que me ensinaram. No decurso de uma vida longa, procurei diligentemente indícios que apoiassem esta afirmação, mas até agora não tive a sorte de os encontrar, embora tenha percorrido vários países em três continentes. Pelo contrário, vi sempre o mundo afundar-se cada vez mais na loucura. Vi grandes nações, outrora líderes de civilização, transviadas por pregadores do disparate altissonante. Vi a crueldade, a perseguição e a superstição ganharem terreno, gradualmente, até quase chegarmos ao ponto em que, por elogiar a racionalidade, uma pessoa é tida por antiquada, como se, para seu infortúnio, tivesse sobrevivido a uma era obsoleta. Tudo isto é deprimente, mas a tristeza é uma emoção inútil.”
Autor: Bertand Russell

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