quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

O país do futuro? Menos, utopia.

Silêncio de butequinho

Há mais ou menos 48 horas atrás percebi o tempo mudando. Tem um córrego tipo bosteiro no final da rua, até peguei a bicicleta e fui lá checar a temperatura da água. Enfiei o dedo na água, levantei bem alto, o contato com o vento me diria o motivo, mas não havia vento, e isso me prestou o desconforto de sacar de um recurso não muito apropriado para os tempos atuais. Levei o dedo novamente na água, demorei um tempo eficiente, Perfect Day-Transpoiting-Nick Cave, senti o gosto e a água dizia: Não vai chover. O ar vai continuar molhado apenas das lágrimas de quem insiste em lavar somente a própria alma.
Voltei. Havia deixado tudo ligado, nunca desligo nada, meu stand by é mais ativo, quando este tudo se torna mais útil.
O tempo mudou, de ontem a partir das 3 horas da tarde até agora estou vivendo seu top, percebendo bem diria que estou no ponto máximo desta montanha que me coloquei como obstáculo, como um preço módico para jamais seguir pela highway.
A imagem da menina segurando um aquário com a borboleta presa, caindo junto com o aquário e sua consciência serenamente voa junto com a melhor atitude de uma borboleta. Não vou voltar para conferir agora, mas a borboleta é daquelas muito chatas que já devoraram - suas crias zumbis - dois jardins suspensos de maracujás de casa.
Estava olhando meu banquer de alecrins e tem mais uma raminha de maracujá nascendo. Se eu quisesse ser poetas, novas estações, mais das mesmas, em 2010.
Eu acho essa numeração intrigante, se pensar a partir apenas de dezenas vamos encontrar 201. 201, se pensar a partir dos números ímpares, teremos 101 números ímpares, portanto este ano é ímpar; se zero fora. E se retirar dois zeros, continuará ímpar! Os Zés que se cuidem, não façam jamais um pouso tão alegre.
Não é fácil abandonar todos os caracteres, é como se esperar que o cinema brasileiro voltasse para antes até da técnica do cinema mudo para encontrar então sua própria, ou uma linguagem excelente para compor a identidade e se impor para os brasileiros. Uns contra os outros é querer levar as guerras para céu.
Enquanto o Luciano me revelava o Superoutro, procurei a cópia caseira do Besouro, coloquei na agulha e atirei. Quase vomitei. Até tentei ficar neutro como manda a receita.
Aceitar como questão conclusa tanto a morte de Cristo quanto a de Judas. (rss, aposto que ninguém vai entender)
Espero muito não sentir náuseas quando assistir o Superoutro, porque obviamente, aproveitando a inércia da ladeira abaixo oportuna, fui pensar para trás a partir do nome.
(Pensar para frente é uma falácia, para frente se age.)
Óbvio também que poderia ter tudo que eu esperasse deitado na rede, bastaria acessar o que já disseram, entre uma água de coco e outra. Meu São Arbítrio não permite.
Meu sorriso sempre foi estragado, pavor de gastar o que não se tem e horror pelas máquinas corrosivas e penetrantes. Santo meio traíra, mas é o meu.
Meu alento guardado para a parte humana, envolvida na filmagem, está garantida de ante mão. O que remete a minha esperança para o filme reforçar a mudança geral que vem ocorrendo, e também a minha que, agora, numa velocidade muito boa, acontece.
O outro sempre um objeto ora amado ora odiado.
Porque sempre nada podia o outro contra o eu.
A frase "o inferno são os outros", a bandeira do existencialismo, era infeliz e mesmo assim cometeu estragos na humanidade. Irresponsabilidade? Jamais, porque ninguém, exceto aqueles que já se decidiram pelo Mal, vai caçar andorinhas solitárias quando lhe faltar o verão.
Vivemos esta transição, se tudo transcorrer bem, sem nenhum acidente, logo viveremos algo parecido com verdadeira ordem e verdadeiro progresso no Brasil.
Pode até haver também uma bandeira que signifique que O Céu São Os Outros. Menos? Claro!! Ninguém vai querer ser o inferno.
Mas imagine se acontece tal fenômeno plenamente.
O inferno se desliteraturisar e se tornar literalmente o centro da Terra.
Banho de cachoeira natural em termas águas serão os pecados mais atraentes.
Os jovens, então mutantes pela própria natureza, conseguirão nadar de braçadas em rios de lavas. Surfarão nas corredeiras com pranchas de titânio, naquela liga famosa que torna a lei da gravidade daqui tão insignificante quanto na lua.
A rosa vermelha, virtual, libertará o destino dos espinhos, dos galhos, do sol, da água, do inferno literário e será intrasubjetivamente o próprio ar.
A terra mais dura, o chão verdadeiro onde se pisar com dois pés, não vai ser mais rarefeito, quando muito, líquido.

4 comentários:

Luciano Fraga disse...

Caro amigo Devir,"pra frente é que se age", vejo como a chave,o ponto alto desse texto,da palavra acomodação,deixar apenas a ação.2010 será um ano importantíssimo no sentido de efetivarmos uma situação política,precisamos tomar cuidados com os riscos que poderão vir por aí,desde que chegaram ao triste consenso(até aqui nesse fundão onde moro e trabalho)que eleição se ganha com grana e tv e não com pensamentos, idéias, projetos;por estas bandas montaram escritórios para a compra dos votos,muito triste.Então os riscos que a tucanada representa, multinacionalmente falando, é a doutrina do capital desregulado que eles chamam de popular e o entreguismo que eles batizam de privatizações necessárias.Qual o antídoto para o veneno nosso de cada dia?Será que uma dessas telenovelas nos indicará?Forte abraço.

Devir disse...

Esperar é foda, e pelas telenovelas então, melhor a Morte.
Veja a ideologia daquela que tem na testa o Antonio Fagundes.
Socorro!!!

Está no ponto outro post bem salutar para quem já não mais quer esperar acontecer, tá saindo, abra o vinho e se entorpeça feito Deus.

Salve sua consciência, rss
das privatizações, pelo menos.

Abraço, companheiro.

Devir disse...

Sobre ações arriscada, a 'tribuna das pedras' sai ou não sai?
Ou foi a sobra das 'maçãs' que passaram do ponto, reaproveitadas com muita solidariedade evolutiva?

Devir disse...

Luciano, no verso&perverso desabafei, disse que não queria falar da dor, pertinente à dor que sentem, todos que sentem, pela fatalidade natural no Haiti.
Para mim não existe dor maior ou menor que outra dor, talvez nem sequer fronteira óbvia entre dores diferentes, ou até mesmo dores diferentes; mas isso pode não passar de mera quimera.

Elucubrações à parte, nomear, pesar, medir, colorir dores não faz parte de meu romantismo, rss.

Oportunamente, veja este texto da Marcia Tiburi, que encontrei em seu site:

"O Espetáculo da dor

Há um verdadeiro contentamento com a dor em nossa cultura. Tal gosto pelo sofrimento é, todavia, escandalização da dor e, paradoxalmente, sua banalização. De tanto ser vivida se tornou banal.
A dor é um elemento de uma democracia perversa, parece ser só o que realmente nos esmeramos por compartilhar.
As imagens da morte de indivíduos ou grupos, das catástrofes históricas ou da violência em escala cotidiana alegram os olhos de quem aprendeu a viver no mundo do espetáculo, o grande território que na sociedade atual, mede a vida, os corpos, os desejos, com imagens prévias do que devemos ser.
O que chamamos espetáculo é ele mesmo um olho que nos vê e forja o nosso próprio modo de olhar.
Que futuro há para uma cultura que vive o voyerismo da catástrofe, que goza com o sofrimento alheio pensando estar a salvo dele?

Há solidariedade que possa nos salvar diante do apelo à morte do outro, ao ódio escancarado, a que nos convidam todos os dias as formas de vida – descaso e violência - que vivemos?"

Che