domingo, 5 de julho de 2009

História Universal da Infâmia




Desta noite, ainda apavorado, ficou a impressão que sempre sonhei um mesmo sonho. Sequer lembro o momento em que acordei, e não quero tampouco lembrar; não sei quais foram as consequências, não sei se estava tão somente dormindo em minha cama, ou se a polícia chegou; qualquer hipótese faz o jogo de uma moeda para cima e o que der, realmente não me interessa nem um pouco. Eu conversava com meu filho sobre a sensação quase etílica de sonhar com as pessoas que desejamos. Ele dizia: Ah, sim, mas depende em qual categoria brota o desejo. Leve e rápido, ele busca, é meu filho, logo busca uma estruturação; talvez porisso sempre vejo olheiras fundas após debates demorados sobre idéias profundas. É comum, jamais espero tanto para saber se uma pessoa já terminou seu raciocínio. Continuei a dizer que, após certa idade, ao atingir certo acúmulo de experiências, pode-se libertar plenamente os desejos em categorias mais obscuras; não há quem entenda por que aparece desejos, conforme havia ocorrido no dia anterior, antes desta noite do sonho, durante o bater do martelo; eu sou juiz da vara criminal.
O leitor vai verificar que estou certo quanto as olheiras do meu filho. Vi olheiras iguais nele antes somente quando dormiu com a minha amiga Sofia, com a Lida Apetitosa, apelido oficial para todas diarista que contrato, e a minha secretária adjunta Marcia, as três juntas. Então ele me perguntou em qual categoria se encaixa o martelo do juiz, obviamente com declarado sarcasmo; imerecido, pois tenho apenas quarenta e nove anos. Não soube responder, fui evasivo, disse que talvez estivesse quebrando castanhas.
Deste momento depois estava na cozinha, fazia meu lanche normal, com todas as proteínas e carbohidratos que encontrava. Quando voltei ao quarto, só foi possível ver os pés dele, por fração de segundo, sumindo dentro do monitor do computador.
Peço desculpas de ante mão, pois o que vou contar, o que aconteceu à seguir...
E agora estou aqui, entrei neste, neste - não espero que alguém concorde comigo, mas este nome significa tudo ou algo mais que qualquer significado - Amarelo Fosco; seja perseverante em visitar blogs, só assim vai encontrar o que importa, independente das formas.
Quando entrei, seguindo o rasto de Borges, para justificar certa infâmia, depois de ler este conto magistral sobre portas e passagens atemporais; por onde mormente, devido à sutilezas extraordinárias, a pessoa é capaz de se perder de si, sem ao menos perceber o motivo, claro, após se achar novamente. (Percebe? Ainda bem que foi rápido.) Quando entrei aqui, depois de ler o post e olhar o espaço para comentar, de repente caracteres apareceram, acompanhei-os atentamente, formou-se uma frase para mim, dizia: "... não se esqueça, então, isto é um sonho." Depois que pensei se tratar tão somente de brincadeira do meu filho, ficar traquilo como sempre feito jacaré insidioso ao sol, a boca enorme porem incapaz de latir, veio a aterradora sensação de terror. E, este instante se passou a tres minutos atrás, meu filho entrou no quarto, disse-me, ao ver minha cara de espanto, que foi no banheiro. Esta é a razão do meu desespero, não há a menor dúvida.
http://amarelofosco.wordpress.com/2008/09/06/o-sonho-de-coleridge/#comment-1163

§

“O sábio sabe que ignora.”(Victor Hugo)
E, diante de uma sociedade de pessoas iguais, eu corto minha orelha tambem para não morrer.


“Deus tinha a flexibilidade do canudo mas mantinha-se rígido e inerte, confirmando assim sua natureza de tubo. Ele conhecia a serenidade absoluta do cilindro. Ele filtrava o universo e nada retinha.”(A metafísica dos tubos - Amélie Nothomb)
E, Deus cresceu, diversificou-se em Abundância. Aos que O esquece, não esquece.


“Alguma enguia em minha testa atesta que o eletrochoque é pra voltar ao normal. Mas será que eu quero o meu normal de volta?” (Rodrigo de Souza Leão )
E, cotidianamente, sem saber, a mentira fora do circo.


“Ainda um bicho de sete cabeças” (Uma voz impertinente)
E, a comunicação, um suvenir. Ressentimento? Claro, por que não? Fiz a primeira comunhão muito antes de ler Nietzsche.

É provável que ao desejo somente o desejo basta. (Frase minha, salvo casos de exaustiva apuração)
Escrevi esta frase no parachoque de uma C14 em 1980. O apelido dela era Hajabiraca. Quando me perguntavam 'por que jabiraca?', eu respondia 'pergunte o que é biraca'. Acho que já não é mais surpresa para ninguém, ninguém perguntava.

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