sexta-feira, 3 de julho de 2009

O retrato da solidão



Um retrato em imagem é menor que o retrato em palavra, porém ambos, possíveis de infidelidade, são menores que o retrato em experiência. Mas muita atenção agora: maior e menor, aqui, não cabem em uma escala de comparações, quando estas serão usadas para viabilizar uma pessoa física ou jurídica; salvo em casos de escolhas para fins profissionais.
Por exemplo: podemos dizer amor, ao amor, à amizade, ao conhecimento, ao estrangeiro, etc., porque fundamentalmente serão apenas palavras, passíveis de erro, mesmo quando esta supõe um valor intrínseco, e no entanto, uma experiência é irrecuperável, ela se entranha na carne histórica de cada pessoa, na pior das hipóteses se transforma em cicatriz e jamais desaparece, mesmo quando esquecida ou trocada por outra ou maquiada.
Convém também um exemplo pessoal: Hoje é sexta feira. Ser hoje é mais importante que ser sexta feira. Ser é mais importante que hoje, ou sexta feira. Voce estar lendo, além de reforçar a minha experiência do ser, pode completá-la de inúmeras formas, sem escala de valores ou tamanhos ou o raio que parta as escalas de comparações, pode simplesmente comentar o post ou me olhar nos olhos e me fazer companhia neste dia.


§


O texto á seguir não é uma aula. Repito: o texto à seguir não é uma aula.
E não é exatamente dirigido a uma única pessoa. Todos estão convidados à 'diversão'.


SEGUNDO PASSO


QUAMODO ADMINISTRANDAE SUNT CIVITATES VEL PRINCIPATUS, QUI ANTEQUAM OCCUPARENTUR, SUIS LEGIBUS VIVEBANT
Quando aqueles Estados que se conquistam, estão habituados a viver com suas próprias leis e em liberdade, existem três modos de conservá-los: o primeiro, arruiná-los; o segundo, ir habitá-los pessoalmente; e o terceiro, deixá-los viver com suas leis, arrecadando um tributo e criando em seu interior um governo de poucos, que se consevam amigos, porque, sendo esse governo criado por aquele príncipe, sabe que não pode permanecer sem sua amizade e seu poder, e há que fazer tudo para conservá-los.


DE PRINCIPATIBUS NOVIS QUI ARMIS PROPRIIS ET VIRTUTE ACQUIRUNTUR
Elevar-se de particular a príncipe pressupõe ou virtude ou boa sorte, parece que uma ou outra dessas razões mitigue em parte muitas dificuldades; não obstante, tem-se observado, aquele que menos se apoiou na sorte reteve o poder mais seguramente. Gera ainda facilidade o fato de, por não possuir outros Estados, ser o príncipe obrigado obrigado a vie habitá-lo pessoalmente.


DE PRINCIPADUS NOVIS QUI ALIENIS ARMIS ET FORTUNA ACQUIRUNTUR
Aqueles que somente por frtuna se tornam privados príncipes, com pouca fadiga assim se transformam, mas só com muito esforço assim se mantém: não encontram nenhuma dificuldade pelo caminho porque atingem o posto a vôo; mas toda sorte de dificuldades nasce depois que aí estão.


DE HIS QUI PER SCELERA AD PRINCIPATUM PERVENERE
Estes são: quando por qualquer meio criminoso ou nefário se ascende ao principado, ou quando um cidadão privado torna-se príncipe de sua pátria pelo favor de seus concidadãos.
Por isso é de notar-se que, ao ocupar um Estado, deve o conquistador exercer todas aquelas ofensas que se lhe tornem necessárias, fazendo-as todas a um tempo só para não precisar renová-las a cada dia e poder, assim, dar segurança aos homens e conquistá-los com benefícios. Quem age diversamente, ou por timidez ou por mau conselho, tem sempre necessidade de conservar a faca na mão, não podendo nunca confiar em seus súditos, pois que estes nele também não podem ter confiança diante das novas e contínuas injúrias.
Portanto, as ofenças dever ser feitas todas de uma só vez, a fim de que, pouco degustadas, ofendam menos, ao passo que os benefícios devem ser feitos aos poucos, para que sejam melhor apreciados.
Acima de tudo, um príncipe deve viver com seus súditos de modo que nenhum acidente, bom ou mau, o faça variar: porque surgindo pelos tempos adversos necessidade, não estarás em tempo de fazer o mal, e o bem que tu fizeres não te será útil eis que, julgado forçado, não trará gratidão.


Res dura, et regni novitas me talia cogunt
moliri, et late fines custode tueri*


O príncipe, contudo, deve ser lento no crer e no agir, não se alarmar por si mesmo e proceder por forma equilibrada, com prudência e humanidade, buscando evitar que a excessiva confiança o torne incauto e a demasiada desconfiança o faça intolerável.


Nasce daí uma questão: se é melhor ser amado que temido ou ao contrário. A resposta é de que seria necessárioi ser uma coisa e outra; mas, como é difícil reuni-las, em tendo que faltar uma das duas é muito mais seguro ser temido do que amado.
Isso porque dos homens pode-se dizer, geralmente, que são ingratos, volúveis, simuladores, tementes do perigo, ambiciosos de ganho; e, enquanto lhes fizerem bem, são todos teus, oferecem-te o próprio sangue, os bens, a vida, os filhos, desde que, como se disse acima, a necessidade esteja longe de ti; quando esta se avizinha, porém, revoltam-se.


E o príncipe que confiou inteiramente em suas palavras, encontrando-se distituido de outros meios de defesa, está perdido: as amizades que se adquirem por dinheiro, e não pela grandeza e nobreza de alma, são compradas mas com elas não se pode contar e, no momento oportuno, não se pode utilizá-las.


E os homens tem menos escrúpulos em ofender a alguem que se faça amar do que a quem se faça temer, posto que a amizade é mantida por um vínculo de obrigação que, por serem os homens maus, é quebrado em cada oportunidade que a eles convenha; mas o temor é mantido pelo receio de castigo que jamais se abandona.


Deve o príncipe, não obstante, fazer-se temer de forma que, se não conquistar o amor, fuja ao ódio, mesmo porque podem muito bem coexistir o ser temido e o não ser odiado; isso conseguirá sempre que se abstenha de tomar os bens e as mulheres de seus cidadãos e de seus súditos e, em se lhe tornando necessário derramar o sangue de alguem, faça-o quando existir conveniente justificativa e causa manifesta.


* A dura situação e a novidade (no sentido de instalação recente) do reino obrigam-me a fazer tais coisas e guardar amplamente as fronteiras".


Texto extraído do livro "IL PRINCIPE", de Nicolaus Maclavellus. Tradução de Roberto Grassi. Editora Civilização Brasileira.

8 comentários:

Iris Restolho disse...

Acho sinceramente que os príncipes só o são, quando tudo em sua formação, actos e palavras, fazem dele um líder incontestável e discordo que se deva fazer temer, deve, simplesmente, fazer-se respeitar e aí sim, através de actos justificáveis e por nunca cometer para com os seus súbditos, o que não permitiria que um deles cometesse consigo.

Apenas assim um Homem merece ser seguido e merece o lugar de soberano. Qualquer outra forma de obter este estatuto recai numa falácia, que por si só, é desprovida de sentido e isto sem qualquer comparação ou termo de medida de melhor ou pior. Simplesmente, é.

Não percebo porque não pode este espaço/tempo/blog, ser um lugar de trocas de ideias e familiaridade entre bloguistas. O éter é o espaço ideal para sermos ouvidos e esquecidos, com a velocidade de um pensamento.

Gostei do teu espaço e voltarei mais vezes.

Devir disse...

Iris, suas palavras enriquecem almas, porque se engana quem pensa que elas apenas vivem de sutilezas.

É neste engano que príncipes se travestem de cordeiros.

E Maquiavel, talvez quiz demonstrar isso, além de satisfazer as necessidades dos lobos.

Quanto a falta de "familiaridade" entre bloguistas - conversei sobre o assunto, nesta madrugada, com um grande escritor brasileiro - se deve, em parte, ao clima de tensão entre classe alta e baixa, disseminado pelos canais da TV (privada-oficial), tanto quanto na ficção ou nas reportagens de "uma" realidade, que favorece a insensatez e A DELICADEZA PARA FINS OUTROS, repetida desde sempre.

Comparei a luz do monitor com a luz da lua entrando pela janela de meu quarto, nesta noite, notei pouquíssimas diferenças, que não vejo divertimento descrevê-las, porém notei uma igualdade fragante: ela lá distante de mim, eu aqui distante dela, e entre nós o "éter", onde a liberdade se faz sentimentos e não adianta atacá-la ou a travestir de desejos jubilosos. Este é o eterno espaço virtual que muita poucas pessoas ainda não tomaram consciência.

Grande abraço, Iris.

Iris Restolho disse...

Maquiavel era um homem Sui Generis e creio que o que ele realmente pensava morreu com ele.

"ela lá distante de mim, eu aqui distante dela, e entre nós o "éter", onde a liberdade se faz sentimentos e não adianta atacá-la ou a travestir de desejos jubilosos. Este é o eterno espaço virtual que muita poucas pessoas ainda não tomaram consciência."

E por isso mesmo, um lugar para sermos todos iguais.

Um beijo para um bom fim de semana.

Devir disse...

O que vale beijos e abraços e
corpos e nomes aqui no "éter"
senão para obter um pouco, claro
sem "termo de medida ou comparação"
de felicidade; esta palavra sublime
que não pede qualquer significado.

Afinal, seria eu um último ingênuo
que não exijo significado de tudo?

Vilipendiado sempre nos momentos
do salto, deveria eu continuar até
o derradeiro rumo aos precipícios
da glória sempretarde porque nunca?

Muito bem beijado, meu findesemana
tem um sol espetácular; fosse eu
marinheiro, brindaria à lua fiel!
E, para variar e liberar de vez um
certo humor ao bom gosto e ao amor
incondicional, infinitos ósculos
para voce, Iris.

Luciano Fraga disse...

Caro amigo, não considere-se abandonado, por motivos de viagem e trabalho, ausentei-me dos blogs(vejo a riqueza do espaço), mas estou incomodado, voltarei, desculpas, abraço grande.

Luciano Fraga disse...

Meu caro amigo(aliás não sei porque considero caro aquilo que não tem preço),gosto daqui por sentir-me resgatado,requisitado,questionado,insultado e lógicamente levado á velha arte de pensar ou "matutar",mesmo que equivocadamente até encontrar não apenas os sintomas mas as raizes de minhas doenças, embora aqui não seja um divã.Então penso que o ser não pode ser derivado de nada possível e não se pode derivá-lo de "nada", nem mesmo de outro ser.Parece que todo ser é "incriado" para todo eterno e não existe açougue que revenda ou abata esta carne.Quanto ao exílio político, há muito foi anistiado universalmente, embora eu também tenha sido batizado antes de conhecer o Sr.FN, grandioso abraço, enquanto a peleja continua.

Devir disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Devir disse...

Os seus ataques nunca partiram de de sua própria pessoa!!!
Releia o post, cuja foto são aquelas sombras expressionista.

Isso desde sempre me incomodou, percebi todos os ataques - seja no seu, como em inúmeros blogs que testemunharam o flerte de 2 homens heterossexuais - facas de pão ou míssil tele-guiado, sutís como virose; mas não costumo reclamar unilateralmente quando mais de um está implicado no MEU dissabor. Tampouco omito as "vítimas" do NOSSO dissabor. Quer queira ou não, ambas são formas de covardia; preste atenção nesta frase, é um exemplo de costatação positiva de uma atitude, jamais de um ataque negativo. As atitudes não podem ser desvinculadas das circunstâncias!!! O que não fecha um diálogo sempre é positivo!!!

Conheço inúmeras formas de Arte, vou citar as principais de conhecimento comum, que já me aventurei ao trabalhar pesado, foi na Plástica, pintura em geral e escultura (abandonada por motivos óbvios, são e não são, simultâneaos objetos literalmente); na Literatura (na poesia tenho 1 livro que abandonou a noiva(editora) no altar porque não podia se chamar: proética; absurdo, já havia propriedade da marca)(tenho mais 13 cismados com as noivas do mercado, de contos, novelas e romance); no Teatro (escutei críticas "pessoais" de inconsci/entes muito queridos que meu trabalho ia além do absurdo); na Dança(com foco na expressão corporal, criei um trabalho que me custou 74 noites insones, em 2 partes, a 1ª compreendia todo o disco The Final Cut, exceto a última música, a 2ª a música Atom Heart Mother, disco homônimo; meu grupo era composto de 10 pessoas, estávamos no 3º colegial, a dançarina principal havia caído do céu, linda, estudou desde a infância com sua imagem e semelhança de, nada mais nada menos que, Sra. Ana Botafogo; todos, menos ela e eu(o criador/diretor), amarelaram diante da "grandiosidade"(adjetivo unânime ao se desculparem) que ficaria o espetáculo; etc.

Exclui o commet anterior, porque havia feito uma lista de situações que me incomodam em voce, e aproveitando este espaço público, fiz outras listas para que, possivelmente, os testemunhas que frequentam seu blog, talvez frequente este, leiam e fique tambem sabendo o que em cada um incomoda-me muito.
Exclui também do WORDPAD e da lixeira, não tenho mais interesse, perdi-o neste final de semana.
Isso não exclui a hipótese de voltar a ter interesse.
A palavra interesse quase sempre fala a língua do estuprador ou do estrupado, por favor, tenha bom senso, nem um, nem outro é meu caso, e aí sim exclamo, categoria, meu caso é muito pelo contrário.