terça-feira, 21 de julho de 2009

Simulacros e realidades



Aprendo, como bem canta o Paulo Tavares, primo da minha ex-espôsa, "sofrendo" a composição das realidades, das crenças particulares e coletivas, na vida e, portanto também, em uma determinada parcela ou grupo; aqui, de blogueiros.
Para tanto, colho informações aleatórias, contando com o máximo que uma intuição pode ser ordenada.
Invisto na "realidade" dos blogs com 3 portas de acesso, cada uma com seu projeto definido; por exemplo, esta que voce está vivendo, neste instante, pretende(ia) estudar o "sentido" do devir. Assim como um naturalista se recusa ao laboratório artificial, tambem evito quanto posso, recriar os mesmos padrões de convivência vigentes fora do ambiente virtual, tomado até o limite da internet!, onde as palavras não atuam como parte de um Ser, mas tão somente como alegorias; como faz o artista, sua obra, por mais genial que seja, jamais será o tudo que propõe.
As palavras não seriam naturais se proferidas por qualquer outro animal além do humano.

Para que eu jamais precise desculpar-me, se acaso apareça um reclamante, cuja intenção não seja relevante, configurando um argumento de que o faço (ou o fiz) de cobaia, peço o favor que releia novamente o primeiro parágrafo com mais atenção, e quero expor um exemplo:
Na academia de polícia se ensina que a natureza do ser humano é tão quanto ou mais engenhosa quanto a cultura recebida.

Para quem quiser ingressar na polícia, seja qual for o trabalho que contenha tal conceito, o aluno aprende que o ser humano precisa diminuir o máximo possível sua natureza (indomesticável, p. ex.), para melhor praticar o sentido de sociedade humana.
Depois, se o soldado quiser se tornar um delegado, ensina-se que todo ser humano segue vários padrões, que sua natureza não difere de outros animais, jamais almenta ou diminui e (não me recordo um termo específico para algo que se dissolva em outro, sem se alterar em nada, que altera em todo o outro, e, neste, porque deste, ignore completamente qualquer juizo de valor).

Um delegado (ideal, em teoria, pelo menos) precisa saber que não existe, sequer, em qualquer ser humano!, um gesto natural indissociado de sua cultura.
Por exemplo: todo movimento das mãos transporta um sentido além do meramente objetivo, a cada ponto do corpo, principalmente, e mais relevante à polícia, na região da cabeça, o gesto de coçar, tocar ou ajeitar, repousar ou escorar, etc.

São inúmeros exemplos, na área do conhecimento policial e em qualquer que seja o conhecimento. Escolhi determinada área de conhecimento porque se me referisse simplesmente ao conceito de investigação, ao mitigar o efeito da minha, talvez ninguém, o mínimo sequer, terminaria de ler.
Eis uma grande questão da literatura e da vida atual(?)!

Uma pessoa, escritora, com muitos livros que se tornaram campeões de venda, talvez com idéia préconcebida da realidade, via email, perguntou-me se eu sabia exatamente o que quer dizer Devir; assim mesmo, com letra maiúscula.
Eu respondi, claro, com outra pergunta: qual, o meu ou o seu?
E ela retornou, preste atenção; é uma senhora riquíssima em cultura, riquíssima, sem a menor dúvida, em experiências, viajou por quase o mundo inteiro, depois de demonstrar óbvio interesse (em vários emails anteriores) "nos pilares que sustentam tão rica fonte de questões saudosas", travou um relacionamento virtual de (+/-) 10 meses.
Seu último email dizia tudo isso: (...).
Não estou de "sacanagem", isto aí foi todo o conteúdo, literalmente.
Eu arquivei tudo, a pasta tem o título: vidas inacabadas.
"O que é - e, oh, tão perfumadamente! - é a revelação de quão intensamente singular é o cheiro pessoal de alguma criatura humana." William James. (veja frase dele neste post)


POEMA
Amor natural

Voce me chama pelo nome
Eu lhe chamo pelo nome
Somos depois dos nomes

Eu não lhe chamo, voce aparece
Voce não me chama, eu apareço
Somos antes dos nomes

Voce diz uma coisa sobre mim
Eu digo uma coisa sobre voce
Somos sinais dos desejos

Eu lhe desejo. Voce me deseja.
Somos a sensação de vida
Antes das percepções


MÚSICA
Adágio for Strings - de Samuel Barber. Diante de qualquer que seja Vida, principalmente da civilização, em seus últimos instantes. Feche os olhos e não chore.
SÉTIMA ARTE
Cães de Aluguel - Não procure os limites da realidade, tampouco os limites da simulação. Esta, e tantas outras diferenças, que um tal de senso comum, acha fundamental, são apenas diamantes. Quem os tem, sabe o valor. Quem pode tê-los, sem consequências desatrosas, não enxerga e nem pára de procurar ou sofrer a confusão entre imagem e reflexo, até os obter. Quem os quer, mas não pode obtê-los, sabe ou não sabe disso, até morrerá por sua imagem. No quadro, aonde partiu pela primeira vez a idéia, o personagem estranha: "Não conheço nenhum passador de diamantes".


FRASE DOS OUTROS
"Agora, que espécies de filosofia encontra voce atualmente oferecidas, capazes de atender às suas necessidades?
Encontra-se uma filosofia empírica que não é bastante religiosa, e uma filosofia religiosa que não é bastante empírica para os seus propósitos.
Se olhar para o sítio onde os fatos são mais considerados, encontra o programa todo dos espiritos duros em operação, e o "conflito entre ciência e relegião" em plena efervescência. Ou é aquele bruto roceiro de Haeckel com seu monismo materialista, seu deus etéreo e sua gozação ao seu Deus como um "vertebrado gasoso"; ou é Spencer tratando a história do mundo como uma redistribuição somente de matéria e de movimento, e despedindo a religiâo polidamente para fora pela porta de frente - pode, na verdade, continuar a existir, mas nunca mais deve mostrar sua face dentro do templo.
Por cento e cinquenta anos passados, o progresso da ciência pareceu significar o alargamento do universo material e a diminuição da importância do Homem. O resultado é o que se pode chamar o crescimento do naturalismo ou positivista.
O Homem não é o legislador para a natureza, é um absorvente.
A natureza é que permanece firme; o Homem é que se deve acomodar.
Que registre a verdade, embora seja desumana, e se submeta!
A espontaneidade e a coragem românticas foram-se, a visão é materialista e deprimente.
Os ideais aparecem como subprodutos inertes da fisiologia; o que é mais alto é explicado pelo que é mais baixo, e tratado para sempre como um caso de "nada, a não ser" - nada, a não ser qualquer coisa outra de uma espécie inferior.
Tem-se, em suma, um universo materialista, no qual somente o espirito duro se encontra verdadeiramente em casa."
Primeira conferência, do livro Pragmatismo, de William James.
Tradução de Jorge Caetano da Silva. Editora Nova Cultura.

10 comentários:

Adriana Godoy disse...

DEVIR, às vezes me perco em seus devaneios, mas o pouco que encontro me satisfaz. Bj

Luciano Fraga disse...

Caro amigo Devir, que caracteristica espetacular de um ser humano: a sinceridade.Grandiosa e verdadeira poeta Adriana, parabéns(refiro-me lógico ao coment acima), abraço, volto em seguida.

Luciano Fraga disse...

Amigo Devir,em cada estrela um sotaque, uma ginga de capoeira e berimbau, de samba e maracatu(atômico por sinal) e frevos e ilusões, mas a natureza humana e de todas as coisas tem suas próprias leis(até de inércia) e forçosamente somos assim arrastados na direção deste enquadramento social(padrões).Não seria a velha questão do ser imoral, enquanto fugitivo deste ideal preconizado? Não sei se estou enganado e nem tinha conhecimento destes requisitos para ser um delegado ou coisa e tal,"polícia para quem precisa..".Abração amigo.

Anita Mendes disse...

devir,
passo aqui mais tarde ...
gosto de ler os teus posts calmamente.
beijos.

Devir disse...

Terminei de completar meu próximo post, entrei na rede e
rss, caí
de contentamento
tão factício quanto podemos
e, neste instante
mesmo voces tão etéreos
sinto-os:

Adriana,
A sensação muito forte
de que vai gostar
do próximo post
não é no sorriso, no olhar, na face
não são suas palavras
não é racional
deve ser essas coisas do sentimento
aquelas coisas pejoradas
iniquidades de padrões
rss(plagiando o seu).

Luciano,
Aprecio estas suas sutilezas
outras são de foder, mas crescemos
sua pergunta não é horrível
tampouco sublime
ela é simples, porém perigosa
tão quanto podemos
suportar os padrões de civilidade
e vou copiar
sua imagem e semelhança
não vou responder
pela sinceridade preconizada
morrer do próprio veneno.

Anita,
estou no aguardo
deixarei para abrir o vinho
quando chegar.

Anita Mendes disse...

devir ,
o movimento dos gestos falam mais que a própria fala(rs). uma criança se comunica ,por praticamente 1 ano,somente através de gestos , olhares coisas que a telinha virtual( mesmo com web cam) não permitem pois somos os nossos próprios observadores ... estamos em controle dos nossos atos...
o exemplo dos policias dão uma ideia de que o ser humano em condições em que necessitam superar sua natureza, começam a entender a natureza dos outros sem fazer parte dela.Não é uma coisas simples .é o que a poesia de uma certa forma faz :ela materializa a natureza em forma de poema ou pelo menos tenta.("Ser, mas tão somente como alegorias; como faz o artista, sua obra, por mais genial que seja, jamais será o tudo que propõe.")

segundo: o amor virtual banalizou o amor natural? percebemos isso na forma em que a sociedade fala e age. Como simplificamos as coisas e perdemos o significado dos simbolismos pela tecla...nos deixamos levar pela praticidade,
e assim,acabamos por modificar virtualmente o amor para não pagar o preço da solidão... é apenas uma questão de adaptar-se , de ajustar o homem com a natureza das coisas..

terceiro:sugestão musical: Tom Zé ,o amor é um rock.

quarto:
"O Homem não é o legislador para a natureza, é um absorvente.
A natureza é que permanece firme; o Homem é que se deve acomodar"

um poeminha que fiz tempo atrás...

The Darwin`s project

( diário de um "evolucionista")

primeira folha

admiro o pacifismo
nos que ainda
são humanos
porque eu sou
menos um deles.
tenho na veia
Rosas de Hiroshima,
espinhos de poemas
insensíveis
que penetram na
voracidade corrosiva
da ambição,
a mesma que muta
os DNAs,
tornando -me
em um "ser"
vertebrado conhecido
e irrigado pela
obscenidade do poder.

por Anita Mendes

beijos e beijos para ti,
Anita Mendes.
ps: ufa!

Devir disse...

"O homem universal está em cada caso particular."

Li essa frase agora, agora

Anita, alegoria
foi forçado, percebi na hora
mas, por ser mais que fantasia
e fácil de e(s)ntender
oPTei,

tomo o exemplo do seu bebe,
como ele consegue?

talvez até "um ano"
está (ainda) sempre nascendo
cada experiência não se repete
e a nenhuma coloca nomes
etiqueta
separa para fazer parte aqui alí
tudo e todo instante
o mundo
é apreendido especialmente
pelos olhos
aonde a expressão da face gestos
tornam-se
um, conhecimento original

daí
para a educar os outros sentidos
e depois a "razão"
é só uma questão de tempo

Há tempo, Há tempos
Em tempos e a tempo.

Fora do calendário
e fora do físico
Existe tempo?
Existe apenas para os olhos
e na linguagem do ver

Os outros sentidos
não percebem(vêem)
além do físico

Atravéz do Braile
o tato enxerga
e tambem, tudo
após a "razão" educada
então também original,
os sentidos vêem, o mundo
que, é tudo, portanto, tem nome

Aqui, rss, na blog/os/fera
menos que as fotos e ilustração
temos apenas nomes (palavras...)
o que impede de verdade total
porque
(São Tomé foi achincalhado...)
nosso primeiro conhecimento
do que se chama mundo, universo,
tudo, vida, ser, nós(testemunhos
juntos ao mesmo isolado)
pelos sentidos

(vou jantar, se pá, continuo)

Devir disse...

Comida fria, porque deixei esfriar

estou diante também da televisão
(quase uma ilustração do que disse)
talvez com a interatividade
possa esquentar uns grausinhos

E assistindo
Som e Fúria
quase dispensa interação digital
para interagir comigo

Feito aquele bebe
porém 49 anos vividos
aprendi a aguardar o prazer
antes do fisiológico
a visão dos peitos
o toque farto
o sugar delicioso

e estou aprendendo ainda
a aguardar, a resistir
a ausência da Mulher

cada dia que passa sou melhor
posso aguardar muito mais tempo
quase tudo que dá muito prazer
meus sentidos jamais acomodados

E, Anita, estou aprendendo muito
como ficar bem neste momento
com voce, porque não a inventei
nem tampouco procuro tradução

E além de voce, neste momento
não há mais ninguém nem nada
que eu não inventei melhor

O resto, outras coisas, agora
não me interessa, mas se quiser
posso inventar um barco, um cais
e a hora certa para beber o vinho

E, claro, voce também pode inventar
neste instante, que só é agora, sim
invente as taças, o clima, a luz
invente tudo, menos eu, por favor

Veja bem, não é somente rabuje
é disconfiança proveniente do saber
não é toda alegoria que me cai bem
antes de uma "padrão", prefiro nada

mas continuemos de outras maneiras
...

Muito bom, muito gostosas linhas
Jamais poderia inventá-la, rss
Um grande abraço, Anita

Anita Mendes disse...

devir, eu e tu nos entendemos!(rs)
...but you are very difficult to please...and that`s good!kkkkkkk
beijos enormes!

Devir disse...

Falar comigo assim

Uh uh uh neste momento
a cobra, a Korn, reapareceu
bom sinal, valeu Anita

... assim em ingles
suplanta (?rss) a dificuldade

Is There Anybody Out There?