domingo, 19 de julho de 2009

Da rotina conceitual



Quando as sombras estão no comando, a gente até se esforça, grita e faz muito barulho, mas ninguem ouve.

POEMA
O Homem e Sua Sombra

Óbvio, na calada... da noite conceitual
Se encerra, o visível se faz, se desfaz...
Ficamos sós, nem mesmo a imaginação
Produz os fantasmas das sombras atuais

Que se sofre a violência do quotidiano
é dizer metade, ou mais do que se devia
e quanto menos se explica, menos se crê
na diferença do banal insignificante ao nada

Enquanto o original significante, a tudo
contempla um firmamento brêu, vida aparente
só se encontra em expressões automáticas ou
em estados sólidos sem esperança nos outros

FRASE DOS OUTROS
"O mundo, abandonado a si mesmo, obedece a leis fatais. Em condições determinadas, a matéria se comporta de maneira determindada, nada do que faz é imprevisível: se nossa ciência fosse completa e nosso poder de calcular infinito, saberíamos antecipadamente tudo o que se passará no universo material inorganizado, em sua massa e em seus elementos, como prevemos um eclipse do sol ou da lua. Em suma, a matéria é inércia, geometria, necessidade. Mas com a vida aparece o movimento imprevisível e livre. O ser vivo escolhe ou tende a escolher. Sua função é criar. Num mundo em que todo o restante é determindado, uma zona de indeterminação rodeia todo o ser vivo. Como para criar o futuro, é preciso que algo dele seja preparado no presente, como a preparação do que será só poderá ser efetuada utilizando o que já foi, a vida se empenha desde o começo em conservar o passado e antecipar o futuro numa duração em que passado, presente e futuro penetram um no outro e formam uma continuidade indivisa: esta memória e esta antecipação são, como vimos, a própria consciência. E esta é a razão, de direito, se não de fato, de que a consciência seja coextensiva à vida.
A matéria é necessidade, a consciência é liberdade; mas, por mais que elas se oponham uma à outra, a vida encontrra meio de reconciá-las. É que a vida consiste precisamente na liberdade inserindo-se na necessidade e utilizando-se em seu benefício. Ela seria impossível se o determinismo ao qual a matéria obedece não pudesse relaxar seu rigor. Mas suponhamos que em certos momentos, sobre certos pontos, a matéria ofereça uma certa elasticidade: aí se instalará a consciência. Ela aí se instalará fazendo-se extramente pequena; depois, uma vez neste lugar, ela se dilatará, ela se expandirá e acabará por obter tudo, porque ela dispõe de tempo e porque a mais ligeira quantidade de indeterminação, acrescentando-se indefinidamente a si mesma, resultará em tanta liberdade quanto se queira."
A consciência e a vida, L'Énergie Spirituelle, 1919, Henry Bergson.
Editora Nova Cultura. Coleção Os Pensadores. Tradução de Franklin Leopoldo e Silva.

SÉTIMA ARTE
Matrix - O parto, visto de fora, é mais uma situação trivial; como assistir este filme para quem não está vivendo sua eterna sensação de nascer. Visto atravéz do feto, e em um segundo plano, indireto e 'quase' no âmbito do fenômeno, atravez da mãe, o real e o virtual não são separados. Oracúlos e agentes não são fantasias.

MÚSICA
King Crimson

I Talk To The Wind

Said the straight man to the late man
Where have you been
I've been here and I've been there
And I've been in between.
I talk to the wind
My words are all carried away
I talk to the wind
The wind does not hear
The wind cannot hear.
I'm on the outside looking inside
What do I see
Much confusion, disillusion
All around me.
You don't possess me
Don't impress me
Just upset my mind
Can't instruct me or conduct me
Just use up my time
I talk to the wind
My words are all carried away
I talk to the wind
The wind does not hear
The wind cannot hear.

SEMPRE É BOM LEMBRAR
Quando deixei de ser criança, transfomei-me em algo quase inominável
- todo nome, logo se torna decisão precipitada, quando o objeto de conhecimento é o ser
- e deixei também de se apaixonar por professoras lindas e gostosas.
Eu precisava de algo mais,
então percebi que as psicólogas lindas e gostosas seria uma boa evolução.
Trai várias, principalmente com filósofas lindas e gostosas.
Muito tempo depois, logo antes, deste algo em que sou
- pássaro em viveiros de aves domésticas que só se agrada se for um pifel (irrecusável!!?)
em pratinho de plástico servido à beira de estrada no meio da sua viagem
- e prefiro, mesmo sem qualquer valor para pagar pela preferência,
as mulheres incaracterisáveis, sublimes e gostosas.
Devido à experiência, este adjetivo se tornou raro e caro.
Se antes não refletia sobre tal qualidade, agora tenho todo o tempo do mundo,
e todas as mulheres
porque não existe nehuma igual à outra,
quanto mais escapam de seu estado natural. Estas,
maldita naturalidade trivial,
deixar-me-iam já no início, portanto, não existe preço,
quando voce dispõe oferecer a própria vida por quem só me deixará no último instante de sua lucidêz.
Só o que fode a minha felicidade é não arrumar alguem que "patrocine"; o que basta
que não me lembre o tempo todo, em silêncio ou em gestos inexpugnáveis,
que posso morrer, solitário, a qualquer momento.
É pelo menos o mínimo que uma mulher gostosa precisa conter na cabeça
para encerrar minha busca renitente.

13 comentários:

Iris Restolho disse...

O Matrix é talvez um dos últimos livros cuja simbologia, está muito além do que é comum fazer.

Cristiane Felipe disse...

Tantas ideias lançadas, pra mim fica difícil me apegar a alguma delas. Mas uma coisa é fato: Muito interessante de se ler!

Abraços

Devir disse...

Uhmmmm, que visita agradável
e que comentário tão pertinente
quanto excelente!!!

E que sejam todos
os leitores, bloguers e comentadores
benvindos ao deserto do real!

Isto não é um mundo
de faz de conta.
Eu tomei a pílula vermelha
se eu queria, se eu não queria
nunca realmente me preocupou.
Jamais duvidei.

Iris, estou de armadura
estava
pronto para sair ao combate
ter-me com a coisa viva
o mundo
os seres
como podemos Ser

Que a essa guerra dá prazer
eu sei que concorda

Mas, rss, voce tambem sabe
vou terminar de ouvir o King
Lizard
a depressão contida enfim
dentro de uma certeza

E a calma, quase artificial
quase mística
diante desta janela

Repensando meu próprio post
Iris, em um ambiente de luz total
de todos os lados "reais"
haveria sombras?
Não é o grande engano pensar
que nossa sombra é nossa alma
atualmente alhures
por coincidência, qual Deus
e o ser esta/nesta realidade
a luz?
Não é ao contrário?

"Passar bem, Senhor." Quando
o mensageiro entrega o celular.

E o instante mais humano
"Não... me tira daqui."

O cd tocou, eu nem percebi
e há quem pensa
que isto é o horror
"is the horror the horror horror"
n'outro filme instigante

até mais

Devir disse...

É assim
suspiração profunda
o seu devir

Cristiane
não se apegue
pegue

respiração profunda
o nosso devir
vida

Devir disse...

Olá

O artigo mais interessante que encontrei (aqui) foi neste
http://www.versoereverso.unisinos.br/index.php?e=4&s=9&a=35

Atravez dele, percebi o quanto estou também atrasado

E quanto sempre estaremos atrasados diante do filme
ou, até da vida aos olhos
que nos incluem
de uma responsabilidade
mal interpretada
com a História

Anita Mendes disse...

devir. conseguir digerir tudo e fiquei satisfeita.(rs)

primeiro:a matéria ,em parte,necessita ordenar o caos de experiência e de materializar-se de alguma forma .essa única forma é a palpável. quando não conseguimos materializala(voluntariamente ou simplesmente pq não podemos) ela se tranforma em consciência ,as figuras palpáveis,como chamamos de real , tentam se relacionar com o recptor fazendo-o acreditar que aquilo realmente existe . é apenas uma opção de faze-la acreditar que ela não é o que é. tirando ela do seu foco ela,a consciência,pode ser que ela quizer. A matéria e a consciência são uma só agora .é a enigmática independência de ser parte de um todo.

segundo: sugestão musical; blowing the wind do Bob Dylan mas na voz de Joan Baes.
terceiro:
"as mulheres incaracterisáveis, sublimes e gostosas."

a falta de um nome a indentifica somente pelo fato de separa-se do todo(dos que tem nome).um nome não tem a capacidade de escolha, assim como a exitência desse ser seria impossível. Ela nunca poderia estar fora do foco.ela não tem essa capacidade ,pois já é próprio todo.
beijos pra ti, Anita.

Anita Mendes disse...

errata: aliás , acho que poderia ser essa mulher.(rs)

Devir disse...

Isso dá gosto!!!

Indiferente a nomes e pronomes
o tempero é bom, muito bom

Nunca neguei
jamais omiti
que adoro isso

Aonde vai parar?
Alguem pergunta, para mim?
Vai parar?

"... é a enigmática independência de ser parte de um todo."

Gosto de enigmas
aqueles para além das teorias
ficção ou poesia

Voce me entende

Anônimo disse...

Muita informação!!! fiquei tonta, mas só pra constar, não gosto do Matrix!! Obrgada pela visita!!

Devir disse...

Valeu a sua tambem, Bia!

Luciano Fraga disse...

Caro amigo, estou em débito com todos os blogs que visito, devido aos problemas com a net, preciso ler com calma e volto, vai desculpando, não é caso de abandono, abração.

Luciano Fraga disse...

Caro amigo Devir,para começar, adoro esse tal de K. Crimson e isto teve início muito depois que já havia fixado o meu próprio nome e gravado meu número de CPF e ter percorrido a secretaria de segurança pública para ganhar uma identidade.Agora tento desgarrar-me delas, caminhar sendo, sem lembranças, embora saiba que isto é "caro e raro", de qualquer forma vou contentando-me com a idéia de que minha sombra não tem nome e nem sei se ela sou eu, grande abraço mestre.

Devir disse...

Rara, duvido
Cara, sem dúvidas

Grande Abraço