sábado, 5 de setembro de 2009

Da realidade do corpo


Este olho quer voce para lançar, pelo menos, uma frase original(?)
e imortal, uma migalha aos olhos dos outros, voce vem?

COMENTÁRIO:
(do seu último post)
Anita, retire este chapéu...
É tão bom também ouvir músicas
cuja língua não posso compreender
Eu não sei do que está dizendo mas
posso sentir tão bem a síntese
E assim aprecio bem "sua" tese e
para tanto voce aprecia minha antítese
mas será que chegaremos um dia
a compor música tão gostosa quanto

Troubled Waters - Cat Power

SEMPRE É BOM LEMBRAR:

Aonde está a minha ilha virgem?
Vejo sinais mínimos nas gaivotas corajosas
que vivem como pombas em praia tomada pelos humanos.

Aonde está o meu continente sustentável?
Recebo notícias raras dos recônditos de universidades
que descobrem novas energias nas bostas das bactérias.

Aonde está o meu prazer inviolável?
Alcanço sua sutileza terminal nas imagens e letras
estupradas pelo cinismo como gesto tão natural.

Aonde está a minha dor existencial?
Ainda a recordo entre espasmos artificiais
para pagar qualquer tipo de visibilidade ao outro.

Aonde está a minha razão?
Imagino ainda gemendo após apedrejada na praça
para lavar a alma do povo de seus sonhos de luxúria.

ESCLARECENDO:
Tomei este poema como memória porque ele representou um divisor de águas em nossa relação virtual, Anita.
Não exatamente o poema, mas muito exclusivamente os nossos valores que temos "destes relacionamentos".
O ponto da fissão, o momento da bifurcação irreversível, o gênesis da transversal da razão para um suposto amor 'impossível', deu-se no seu comentário, quando voce boiou na palavra 'bactérias', pinçou-a da estrofe, do poema e do contexto 'histórico dos relacionamentos'.
Minha preta, eu jamais disse que nunca vou seguir o "caminhos dos ingleses", preste atenção no meu último post, não tire os olhos do 'olho do furacão', para sua segurança e longevidade, rss, porque se acaso não puder evitar, com toda a certeza, vai poder relaxar e gozar-se(!!!); a melhor forma de voar nas asas do sentimento.

Catástrofe natural?
Vamos temperar muito bem a nossa carne
tem pessoas que as come ainda viva, é emocionante
mas por motivos até notórios não consigo
e sou um miserável neste tempo pós-antropofágico

Já não se mata mais para roubar um beijo, fazem filas
porque a distribuição ficou por conta da alienação
amor virou excesso, obsessão ou permuta pela alma
e as pontes que construo levam ao ar rarefeito

Não corro mais pelo risco do suicídio por covardia
restou-me a morte como doação sublimada para nada
ou talvez a mais infame das liquidações: o amor
desacreditado porque se recusa a toda representação

9 comentários:

Anita Mendes disse...

I`m speechless!
...e nao precisa tirar o nome nao! fiquei envaidecida!
beijos enormes meu caro devir!
Anita.

Anita Mendes disse...

"Este olho quer voce para lançar, pelo menos, uma frase original(?)
e imortal, uma migalha aos olhos dos outros, voce vem?"

meus olhos de ressaca lancariam-se mais que tudo em abismos so para ver o que tem no fundo do mar. me libertariam ou morreriam molhados de sal so pra me irritar?
beijocas...

Luciano Fraga disse...

Caroa amigo Devir,um discurso pode perder toda textura e consistência corporal sob a ação de dois fatores, o da exclusão e o da rarefação ou quando relevamos a loucura,abraço.

Devir disse...

Perdão, Anita, nem havia dormido desde o dia anterior, são 21:07, e só acordei para assistir ao jogo do Brasil e Argentina.
Comigo não há confusão entre real e virtual. Embora o "real" seja minimiJado o tempo todo, reconheço-o categórico somente em duas situações: Trabalho e satisfações fisiológicas.
Atenção!!!: Eu não confundo, embora mínima, a realidade, e jamais me lançaria em sais ou qualquer saída da minha vida.
E perdão novamente, por lhe pedir para tirar ornamento tão justo.

Devir disse...

Perdão também, Luciano, a textura das lágrimas são impossíveis, para mim, de ser excluídas, e não posso fazer nada, apesar de enchente, se não são percebidas a tempo.
E a rarefação é pertinente!!!
Já a loucura, infelizmente é tratada como metáfora; é louco o lobo porque não é melhor amigo...

Cá: entre nós, entre o meu sal e o sal da urina, bem sempre fiz eu, que escolhe chorar, já que tudo é mar; mesmo que seja de rosas.

Ainda prefiro raspas e restos...

Anita Mendes disse...

estou aqui tmb assistindo o jogo do Brasa! ai eu sei Devir... tudo isso e pura poesia! beijos

Devir disse...

E também deve estar assistindo ao filme Um Bom Ano, espero.
Mas antes de recomeçar a "poesia", devo dizer, que talvez todos tenham muita razão, não importa de que tipo, para me considerar realmente louco, quando quero muito e inexpugnávelmente irritar as pessoas. Porque descobri, talvez novamente, não posso dizer se foi na infância precoce, ou em qualquer "fases" antes, descobri quanto são também, talvez todos, inexpugnávelmente distraidos, quanto ao fator irritação dos outros e nem sequer se lembram, se acaso esbarrar, "trombar" ou ir ao fundo a cada imediato de nossos(!) sentidos tão biológicos e necessários quanto a reflexão.
Eu sei que ambas tarefas, necessidade e reflexão, se tornaram extremamente irritantes.

As mãos coçam, e logo lembramos qualquer superstição alheia. O que se ganha quando os gestos possuem nomes e conceitos que não são os mesmos nos momentos de privacidade?

Psicologia é o seu trabalho? Eu não perguntei antes porque sou distraído. Ou talvez não queria colocar o conhecimento a se comparar aos pequenos gestos.

Ah, nasci mesmo com centenas de defeitos, não vou esconder algo que faz parte do corpo. Eu não consigo dar a mão sem execer a Lei; entenda isso no meu poste mais atual 'O pecado de ensinar'.

Por favor, irrite-me, estou aqui tão "maiorabandonado"

Adriana Godoy disse...

Ei, Devir...gostei desse jogo. As bostas das bactérias podem dizer muito. bj

Devir disse...

AGod, não!