sábado, 12 de setembro de 2009

Das inversões implacáveis



Tesão responsável

O que era irreal
tornou-se real, e
o que era excitante
é insípido

Os amigos
por quem nos preocupávamos
foram transformados
em sombras

As mulheres
uma vez tão divinas
as estrelas, as florestas, as vertentes
por que agora são tão monótonas e comuns?

As jovens
que levavam uma aura de infinidade
no presente dificilmente possuem
existências distinguíveis

Os quadros tão vazios...

E no que diz respeito aos livros
o que "existia" de tão misteriosamente
significante em Goethe
ou de tanto peso em James Mill?

Ao invés de tudo isso
mais repleto de deleite do que nunca é o trabalho
e mais completa e profunda a importância
dos deveres e bens comuns

&

Tesão irresponsável

Suponhamos três pessoas
nos dizerem sucessivamente:
"Espere!"
"Escute!"
"Olhe!"

Nossa consciência
é atirada em três atitudes
bastante diferentes
expectativa

Apesar de que nenhum objeto
definido
está diante dela
em qualquer dos três casos

Omitindo
diferentes atitudes corporais
reais
e omitindo as imagens
reverberativas das três palavras
que são obviamente diversas
(virtuais)

Provavelmente ninguém
negará a existência
de uma afecção residual
de um sentido de direção
do qual uma impressão está por surgir
embora nenhuma
impressão positiva
ainda se encontre ali

Entrementes
não temos nomes
para as psicoses em questão
além dos nomes
escuta, olha e espera

&

Tesão irrecusável

Cada um de nós
faz uma grande cisão do universo
em duas metades

E cada um tem quase todos
os interesses ligados
em uma das metades
mas todos nós traçamos
a linha divisória entre elas
num lugar diferente

Quando digo que todos nós
chamamos as duas metades
pelo mesmo nome
esses 'dois nomes' são
eu e não-eu respectivamente

Nenhuma mente pode
ter o mesmo interesse
no eu de seu vizinho
como no próprio

O eu do vizinho imerge
junto com todo o resto
das coisas numa massa estranha
contra a qual seu próprio eu
se coloca em realce surpreendente

Mesmo o verme esmagado
contrasta seu próprio 'ego sofredor'
com todo o universo restante
apesar de não ter nenhuma
concepção clara
seja de si mesmo
seja do que o universo possa ser

Ele é para mim uma mera parte
do mundo
para ele sou eu a mesma parte

Cada um de nós dicotomiza
o cosmos
num lugar diferente

(configurações livres)
(Princípios de Psicologia - William James
tradução de Pablo Rubén Mariconda - Abril editora)

§

Tesão recusável

No caleidoscópio
de cada ser
a cada experiência
voce vê o mundo

Não coisas
Não cores
Não palavras
Não números
Não nomes
Não significados
Não desejos

Não tem como saber
como 'sacudir'
para escolher
cada aparição

Se eu gosto assim
infeliz ou feliz
naturalmente
são "meus olhos"

5 comentários:

Anônimo disse...

Devir! De tudo o que li aqui, e não foi tudo, garante minha correria, este post é o mais excitante! rsss Sem intenção de trocadilhos, mas não resisti!

Os quadros vazios, em paredes vazias, das sacrosantas e intocáveis salas, também vazias de quase tudo, exceto a projeção diária. (Tesão momentaneo? Sei não...)

"Cada um de nós dicotomiza o cosmos
num lugar diferente."

Devir disse...

Claro que não!!!!
Mas este post significa
se acaso precisa significar
uma pena bela e leve
que voou no vento...

Como sacudir-se quando os olhos
são como os quadros atuais?
Se eu imitar 'Caravadio'
terei igual final?

A dúvida não me espanta mais
enfim, de tanta dor
aprendi uma coisa imensa
as embalagens só as são
para apreciar, ou vender
mesmo que dentro nada tenha

Isso foi tesão momentâneo, quando
não existe como continua-lo
por motivos óbvios, virtuais, mas
jamais inventados para parecer reais

Sim, até amanhâ de manhã

Devir disse...

E voce reparou na relação
expressão das fotos
com os temas dos posts?
Não???? Que absurdo!!!!
Quem é aprendiz de fotografia?

Só para estragar prazeres, rss;
até isso ouvi em forma de confetes
de línguas de serpentinas

Anônimo disse...

Ops... Desculpe ter nascido! kkkkk

Devir disse...

È muito sol para diversão!!!

A gente quer fugir das tradições
a gente quer entender de futebol
a gente sabe, quer, mas dá um tempo
a saudade da gente é diferente...

como é fácil fazer samba!!!